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Indicadores mensais do mercado de trabalho – setembro de 2024

Por Maria Andreia Parente Lameiras e Marcos Dantas Hecksher

As estimativas próprias mensais apresentadas nesta Nota – feitas com base nos dados por trimestre móvel da PNAD Contínua – sinalizam que o mercado de trabalho brasileiro continua a surpreender favoravelmente, apontando um desempenho ainda mais favorável que o projetado, contabilizando sucessivas expansões da população ocupada (PO), garantindo, desta forma, a manutenção da desocupação em níveis historicamente baixos, além do crescimento da massa salarial.

Em setembro de 2024, a PO no país somava aproximadamente 104 milhões de pessoas, avançando 4,3% na comparação com o mesmo período de 2023. Já em termos dessazonalizados, em setembro, a PO voltou a apontar novo recorde, abraçando 103,5 milhões de trabalhadores, o que representa uma alta de 0,9% em relação ao observado em agosto. Nota-se, ainda, que essa aceleração da ocupação vem sendo acompanhada de um movimento similar, porém menos intenso, da força de trabalho, impedindo, assim, uma queda ainda mais significativa da taxa de desocupação (TD).

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Dados Xls



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Progressividade tributária: diagnóstico para uma proposta de reforma

Por Sérgio Wulff Gobetti

Esta nota técnica oferece uma contribuição importante para o debate em torno da reforma do imposto da renda, ao apresentar evidências adicionais sobre a baixa ou nula progressividade derivada do amplo espectro de rendimentos isentos no topo da distribuição de renda do país. Nossas estimativas mostram que, mesmo quando avaliamos a progressividade da tributação da renda de modo mais amplo, considerando os impostos incidentes sobre o lucro das empresas, a alíquota efetiva média do IR atinge um ponto de máximo em torno de 14% e cai para rendas acima de R$ 1 milhão anuais.

Tal resultado decorre não só da isenção sobre dividendos distribuídos mas também do fato de que a tributação efetiva média sobre o lucro das empresas é significativamente mais baixa do que a suposta a partir das alíquotas nominais de IRPJ/CSLL em todos os regimes de tributação, mas especialmente nas empresas do Simples e do lucro presumido, cujos dividendos distribuídos respondem por aproximadamente 70% da renda desta natureza recebida pelas famílias brasileiras.

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Indicador Ipea mensal de FBCF – resultado de agosto de 2024

Por Leonardo Mello de Carvalho

O Indicador Ipea de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que agrega os investimentos em máquinas e equipamentos, na construção civil e em outros ativos fixos, registrou avanço de 0,1% na comparação entre agosto e julho na série com ajuste sazonal. Com isso, o trimestre móvel encerrado em agosto teve expansão de 4,1% na comparação dessazonalizada. Nas comparações com os mesmos períodos de 2023, o indicador mensal apresentou altas de 5,9%, em agosto, e 7,9%, no trimestre móvel. No acumulado em doze meses, por sua vez, os investimentos totais registraram crescimento de 1,5%.

Na comparação com ajuste sazonal, os investimentos em máquinas e equipamentos – medidos segundo o conceito de consumo aparente, que corresponde à produção nacional destinada ao mercado interno acrescida das importações – apresentaram queda de 1,8% em agosto, encerrando o trimestre móvel com crescimento de 5,4%. Quanto a seus componentes, enquanto a produção nacional recuou 3,1%, as importações registraram alta de 2,5% em agosto. Já na comparação em médias móveis, tanto a produção nacional quanto as importações cresceram, com altas de 2,7% e 8,1%, respectivamente. No acumulado em doze meses, o consumo aparente (ou a demanda interna) de máquinas e equipamentos teve expansão de 3,1%.

Os investimentos em construção civil, por seu turno, registraram alta de 0,9% na passagem entre julho e agosto, na série dessazonalizada. Com esse resultado, terceira variação positiva seguida, o segmento registrou crescimento de 3,8% no trimestre móvel. No acumulado em doze meses, tal componente apresentou alta de 1,8%.

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Dados Xls



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Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços

Por Leonardo Mello de Carvalho

Tendo como pano de fundo a pujança do mercado de trabalho, acompanhada por melhores condições de acesso ao crédito, o desempenho das vendas de bens e serviços manteve a tração ao longo de 2024. Após um ano decepcionante como foi 2023, a demanda por bens de capitais também tem sido um dos destaques positivos, potencializando uma recuperação verificada na indústria de transformação, embora num ritmo ainda modesto. Como consequência, além do bom desempenho da produção interna, as importações seguem registrando expansão, fato também evidenciado pelo crescimento mais acelerado do consumo aparente (CA) de bens industriais, vis-à-vis a produção física.

Os resultados referentes aos primeiros meses do segundo semestre, em parte ainda afetados pela volatilidade observada nos últimos meses, não apontam grandes alterações neste cenário. Todavia, esperamos até o final do ano alguma desaceleração em relação ao ritmo de crescimento verificado na primeira metade de 2024. No âmbito da política econômica, enquanto o Banco Central do Brasil (BCB) iniciou em setembro último um ciclo de aumento da taxa de juros, o impulso fiscal por parte do governo tende a ser menor que o ocorrido anteriormente. Já com relação à situação financeira das famílias, embora a trajetória da massa de rendimentos continue mostrando ganhos reais, a trajetória de alguns índices de preços, notadamente no setor de serviços, tem se tornado menos benigna.

Nesse contexto, o Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV), um dos indicadores que buscam retratar o nível geral da atividade econômica brasileira em base mensal, iniciou o terceiro trimestre exibindo recuo de 0,4% em julho, na comparação livre de efeitos sazonais. Já na comparação interanual, o crescimento foi de 5,4%, maior variação positiva desde março de 2023. Com o resultado de julho, o efeito de carry-over em relação ao terceiro trimestre de 2024 ficou em 1,0%. Já o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou desempenho similar, com queda de 0,1% na margem e crescimento de 5,3% em termos anuais, deixando um carregamento estatístico de 0,6%.

Ainda em termos agregados, o indicador de difusão calculado pelo Ipea também exibiu volatilidade, ficando num nível abaixo de sua média histórica, situada em 51,5%. Em julho, 41,7% dos segmentos analisados registraram variação positiva, em comparação com 74,8% no período anterior. Com base na análise em médias móveis de três meses, o indicador de difusão atingiu 51,6% em julho (gráfico 1).

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Análise e Projeções de Inflação

Por Maria Andréia Parente Lameiras e Tarsylla da Silva de Godoy Oliveira

Os dados mais recentes mostram que, ao conjugar uma aceleração mais intensa dos preços livres com o surgimento de pressões adicionais sobre os preços administrados, o ambiente inflacionário brasileiro vem se tornando menos favorável, gerando, por conseguinte, um aumento das expectativas de inflação. Por certo, diante de um desempenho mais forte do nível de atividade e seus impactos sobre um mercado de trabalho já bastante aquecido, a aceleração dos preços dos serviços livres, aliada aos efeitos da desvalorização cambial sobre os bens comercializáveis e à ocorrência de novos focos de pressão sobre os preços dos alimentos, da energia e dos combustíveis, sinaliza que o processo de desinflação da economia brasileira tende a ser mais lento que o projetado anteriormente.

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A partir desse contexto mais desafiador, mesmo diante de um cenário de menor pressão de preços dos alimentos, a piora na trajetória dos serviços livres, dos bens industriais e dos preços administrados, ante a projetada anteriormente, gerou uma elevação das projeções do Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Dimac/Ipea) para a inflação em 2024. No caso do IPCA, a alta estimada avançou de 4,0% para 4,4%, enquanto para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) a taxa passou de 3,8% para 4,2%.

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Balança comercial, balanço de pagamentos e câmbio

Por Estêvão Kopschitz Xavier Bastos

A análise dos dados recentes da balança comercial mostra redução do saldo, causada tanto por queda nas exportações quanto por aumento nas importações, mas principalmente pelo último. Os termos de troca, relevantes para o nível de atividade, que cresceram em 2023, têm oscilado em 2024, mas a média dos primeiros oito meses deste ano é 5,6% superior à do mesmo período do ano passado.

No balanço de pagamentos, o déficit em transações correntes nos primeiros sete meses deste ano foi maior em US$ 13 bilhões do que no mesmo período do ano passado, aproximadamente dobrando de valor – em percentual do PIB, passou de 1% para 2%. Uma reclassificação dos criptoativos eliminou uma das fontes de diferenças entre a balança comercial do Banco Central e a da Secretaria de Comércio Exterior.

O real passou por significativa desvalorização em junho e em julho, apesar de o dólar não ter se valorizado em relação a outras modas conversíveis e do diferencial de juros ter se alterado em favor do real. O aumento do risco-país medido pelo CDS, este compatível com a perda de valor da moeda, ocorreu ainda em outros países latino-americanos, que também viram suas moedas sofrerem consideráveis desvalorizações.

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Inflação por faixa de renda – agosto/2024

Por Maria Andréia P. Lameiras

Os dados do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda revelam que, em agosto, na comparação com o mês imediatamente anterior, houve uma forte desaceleração da inflação para todas as classes de renda pesquisadas. No caso das famílias de renda muito baixa, a taxa de inflação recuou de 0,09% em julho para -0,19% em agosto, refletindo, sobretudo, a deflação dos alimentos no domicílio e das tarifas de energia elétrica. Já para as famílias de renda alta, embora as quedas dos preços dos alimentos e da energia, juntamente com a deflação das passagens aéreas, também tenham contribuído para um alívio inflacionário em agosto, estas não foram fortes o suficiente para anular os efeitos altistas vindo dos reajustes das mensalidades escolares, dos planos de saúde e dos serviços pessoais.

Dessa forma, mesmo diante de um recuo em relação a julho (0,80%), a taxa de inflação dessa classe ainda registrou variação positiva em agosto (0,13%). Em que pese esse aumento mais forte da inflação em agosto para a faixa de renda alta, no acumulado do ano, a taxa apurada nesse segmento (2,58%), encontra-se em patamar inferior ao registrado pela classe de renda muito baixa (2,76%). No acumulado em 12 meses, no entanto, as famílias de renda muito baixa ainda seguem apresentando a menor taxa de inflação (3,72%), enquanto a faixa de renda alta aponta a taxa mais elevada (4,97%).

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Dados Xls



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Estimativa preliminar do resultado primário do governo central em agosto de 2024

Por Sergio Ferreira e Felipe Martins

De acordo com dados da execução orçamentária, registrados no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) do governo federal, obtidos por meio do Tesouro Gerencial, os quais fornecem boa aproximação com os dados oficiais relativos ao resultado primário que será divulgado posteriormente pela Secretaria do Tesouro Nacional (STN), agosto de 2024 apresentou um déficit primário de R$ 22,8 bilhões nas contas do governo central. Conforme mostra a tabela 1, a receita líquida do governo central atingiu R$ 148,4 bilhões nesse mês, um crescimento de 5,8% em termos reais, comparativamente ao apurado em agosto de 2023, ao passo que a despesa totalizou R$ 171,2 bilhões, um acréscimo de 1,9% na mesma base de comparação. No acumulado no ano, o resultado primário apresenta um déficit de R$ 100,1 bilhões, a preços constantes de agosto, ante o déficit de R$ 109,3 bilhões no mesmo período de 2023.

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Retrato dos rendimentos do trabalho – resultados da PNAD Contínua do segundo trimestre de 2024

Por Sandro Sacchet de Carvalho

Os dados dos rendimentos do trabalho do segundo trimestre de 2024 apresentaram uma nova elevação em relação ao trimestre anterior, consolidando o aumento da renda iniciado no segundo semestre de 2023. O crescimento interanual da renda habitual média foi de 5,8%. Entretanto, estimativas mensais mostram que o rendimento habitual médio real alcançou o pico em abril de 2024 (R$ 3.255,00), tendo recuado até R$ 3.187,00 em julho de 2024, valor 2,1% menor.

Por grupos demográficos, os maiores aumentos na renda, na comparação com o mesmo período de 2023, foram registrados no Nordeste, entre os trabalhadores mais velhos (acima de 60 anos) e com ensino superior. Apenas trabalhadores com ensino fundamental incompleto ou escolaridade inferior apresentaram fraco aumento na renda. O crescimento foi menor para os que habitam no Centro-Oeste, entre os jovens (14 a 24 anos) e em regiões metropolitanas.

Na análise por tipo de vínculo, foram os trabalhadores por conta própria, empregados sem carteira e do setor público apresentaram crescimento interanual da renda acima de 7% (7%, 7,9% e 7,4% respectivamente). Por sua vez, os trabalhadores privados com carteira mostraram crescimento de 4,4%, mantendo taxas de crescimento mais lentas que as demais categorias desde o início de 2023.

Por setor, no segundo trimestre de 2024, os piores desempenhos da renda habitual foram nos setores de construção, agricultura e serviços profissionais, com queda interanual de 1,0%, e aumentos de 0,5% e de 2,1%, respectivamente. Já os trabalhadores da indústria e da administração pública mostraram crescimento superior a 8,0%.

Após o pico de desigualdade causado pela pandemia, o índice de Gini se reduziu continuamente até o primeiro trimestre de 2022. No entanto, o segundo trimestre de 2022 apresentou reversão da queda da desigualdade da renda observada, que continuou no terceiro trimestre, tendo o índice da renda domiciliar se mantido relativamente estável desde então. No segundo trimestre de 2024, o índice de Gini da renda domiciliar se manteve em 0,520. Já o índice de Gini da renda individual subiu de 0,490 para 0,492 entre o primeiro e o segundo trimestres de 2024.​

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Desempenho do PIB no segundo trimestre de 2024

Por Leonardo Mello de Carvalho e Claudio Hamilton Matos dos Santos

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o produto interno bruto (PIB) acelerou no segundo trimestre de 2024, avançando 1,4% na comparação com o período imediatamente anterior, na série já livre de efeitos sazonais. Na comparação interanual, o resultado também foi positivo, com alta de 3,3% sobre o segundo trimestre de 2023. Com isso, o PIB registrou crescimento de 2,5% na comparação acumulada em quatro trimestres. Os resultados nos surpreenderam positivamente, posto que na Nota de Conjuntura no 63, divulgada em junho deste ano, prevíamos crescimento de 1,3% na comparação interanual, com avanço de 0,5% na margem. Já em relação à sua composição, o desempenho do PIB no segundo trimestre não trouxe maiores surpresas perante nosso cenário.

Nosso diagnóstico à época previa que o crescimento da economia em 2024 seria liderado pela demanda interna, com maior participação dos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico, estimulados até então pela trajetória de queda nas taxas de juros e por políticas de sustentação de renda do governo. Tal combinação, prevíamos, resultaria num efeito estimulador tanto sobre o consumo de bens de serviços quanto sobre a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Com efeito, num cenário caracterizado por um mercado de trabalho aquecido, estoques ajustados e por um nível de utilização de capacidade rodando acima da média histórica, uma parcela desta demanda adicional seria atendida via aumento da produção industrial, estimulando também a recuperação dos investimentos. Da mesma maneira, prevíamos que uma parcela significativa desta demanda seria suprida pela aceleração das importações, resultando numa provável contribuição negativa das exportações líquidas sobre o crescimento do PIB.

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