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Visão Geral da Conjuntura

Por Claudio Roberto Amitrano, Mônica Mora Y Araujo e Claudio Hamilton Matos dos Santos

Na última Visão Geral da Conjuntura (publicada na Nota no 27 da Carta de Conjuntura no 62), divulgada em março deste ano, prevíamos que a economia deveria continuar crescendo ao longo de 2024 e que esse crescimento seria liderado pela demanda interna. À época, nosso cenário subjacente presumia uma economia caracterizada por um mercado de trabalho aquecido, o que, somado às políticas de sustentação de renda do governo, tenderia a estimular o consumo de bens de serviços. Além disso, os indicadores apontavam para uma recuperação dos investimentos e da indústria de transformação, ambos favorecidos pelo processo de ajustamento de estoques e por um nível de utilização de capacidade rodando acima da média histórica. Por fim, o cenário também previa um crescimento mais robusto das importações, de modo que as exportações líquidas dificilmente puxariam a economia tanto quanto em 2023, ano marcado por desempenho excepcional das exportações.

As informações já disponíveis sobre o segundo trimestre quando da redação deste texto (concluída no fim de junho de 2024) – a maioria das quais relativas ainda a abril – não são suficientes para mudarmos nosso cenário-base de crescimento do PIB de 2,2% em 2024. É fato que houve choques negativos importantes nos últimos meses – notadamente a tragédia climática no Sul, registrada entre o fim de abril e o início de maio, e a interrupção do ciclo de cortes na taxa Selic decidida na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em 19 de junho. Por sua vez, os últimos dados sugerem que o PIB do setor agropecuário em 2024 será maior do que esperávamos anteriormente e que tanto a massa salarial quanto a FBCF continuavam em expansão em abril do ano corrente.

Permanecem – até onde podemos observar – incertezas decisivas a respeito do impacto dos eventos ocorridos no Sul sobre a economia nacional. De um lado, restam poucas dúvidas de que a destruição do estoque de capital e a disrupção da atividade econômica no estado foram muito acentuadas. De outro, mesmo com as enchentes, o desempenho do PIB agropecuário do Rio Grande do Sul em 2024 deverá ser bem superior ao verificado no ano passado – posto que grande parte da safra de 2024 já tinha sido colhida antes das enchentes e que a produção do estado foi prejudicada por dificuldades climáticas em 2023 –, e o pacote de ajuda governamental, cujos contornos precisos ainda estão sendo discutidos no Congresso Nacional, deverá ser muito significativo.

Há menos dúvidas, naturalmente, sobre o efeito negativo do impacto da interrupção do ciclo de cortes na taxa Selic sobre a economia. Mas, como aponta o próprio comunicado do Copom do dia 19 de junho, tal pausa é em grande medida reflexo do “maior dinamismo do que o esperado”1 apresentado pelos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho em tempos recentes – ou seja, em 2024 a economia provavelmente cresceria mais do que o previamente projetado caso os juros continuassem em queda. Diante disto, por ora mantemos nossa projeção de crescimento de 2,2% do PIB em 2024. É justo notar, entretanto, que em prazo mais longo os juros elevados deverão contribuir para um desempenho menos vigoroso da economia, de modo que nossa projeção de crescimento do PIB em 2025 foi reduzida de 2,5% para 2,3%.

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Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços

Por Leonardo Mello de Carvalho

O crescimento do PIB na passagem entre o quarto trimestre de 2023 e o primeiro de 2024 confirmou a aceleração no ritmo de expansão da atividade econômica no período, conforme já antecipado pelos indicadores setoriais com periodicidade mensal. Em linhas gerais, o cenário se manteve nos primeiros meses do segundo trimestre, com alguma incerteza devido aos efeitos do desastre climático no Sul. Todos os principais indicadores analisados registraram crescimento na comparação interanual em abril, resultado que também ocorreu no acumulado do primeiro quadrimestre. A análise em médias móveis trimestrais, todavia, aponta alguma heterogeneidade no ritmo de crescimento dessazonalizado ao longo do ano. A produção industrial, segundo a PIM-PF, após avançar a uma taxa média de 1,1% no primeiro bimestre, registrou acentuada desaceleração nos dois meses seguintes (0,2%). O resultado até o mês de abril deixa um carry-over também de 0,2% para o segundo trimestre.

Já o comércio varejista (conceito ampliado), de acordo com a PMC, apresentou forte aceleração nas taxas de crescimento em média móvel ao longo do primeiro trimestre, e pequena perda de fôlego em abril. Com isso, o carry-over para o segundo trimestre ficou negativo em 0,8%. O varejo restrito, mais influenciado pela renda, registrou trajetória de aceleração em todo o quadrimestre, acumulando uma alta de 4,3% na margem no ano. Por fim, segundo a PMS, a receita real de serviços apresentou um ritmo regular de crescimento ao longo dos primeiros quatro meses de 2024, com alguma desaceleração na média móvel de abril. Com isso, o setor inicia o segundo trimestre com um carry-over de 0,7%.

O comportamento dos indicadores que buscam sumariar a atividade econômica brasileira apresentou resultado similar no primeiro quadrimestre. Tanto o Monitor do PIB, da FGV, quanto o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registraram um ritmo de crescimento bastante regular no primeiro quadrimestre, com pequena desaceleração no mês de abril. Ainda em termos agregados, o indicador de difusão calculado pelo Ipea se manteve em um nível acima de sua média histórica, situada em 51,5%. Em abril, 58,3% dos segmentos utilizados registraram variação positiva, em comparação com 59,1% no período anterior. Com base na análise em médias móveis de três meses, o indicador de difusão atingiu 57,4% em abril, resultado que representou o segundo aumento consecutivo na margem (gráfico 1).

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Desempenho do PIB no primeiro trimestre de 2024

Por Leonardo Mello de Carvalho e Claudio Hamilton Matos dos Santos

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o produto interno bruto (PIB) avançou 0,8% no primeiro trimestre de 2024, na comparação com o período imediatamente anterior, já livre de efeitos sazonais, sucedendo dois trimestres de crescimento virtualmente nulo. Na comparação interanual, o resultado também foi positivo, com alta de 2,5% sobre o primeiro trimestre de 2023. Com isso, o PIB registrou a mesma taxa de crescimento na comparação acumulada em quatro trimestres. Os resultados vieram de acordo com a previsão divulgada na Nota de Conjuntura no 62 em março deste ano, quando prevíamos 2,3% na comparação interanual, com avanço de 0,6% na margem. Na ocasião, nosso cenário subjacente presumia uma economia caracterizada por um mercado de trabalho ainda apertado, o que, somado às políticas de sustentação de renda do governo, teria como consequência um efeito estimulador sobre o consumo de bens de serviços. Além disso, os indicadores à época apontavam para uma recuperação dos investimentos e da indústria de transformação, ambos favorecidos pelo processo de ajustamento de estoques e por um nível de utilização de capacidade rodando acima da média histórica. Por fim, este cenário também previa um crescimento mais robusto das importações, de modo que as exportações líquidas dificilmente puxariam a economia tanto quanto no ano passado, marcado por desempenho excepcional das exportações.

Entre os setores produtivos, o resultado do primeiro trimestre traz como destaques o bom desempenho do setor de serviços e da indústria de transformação. Vale menção também para o PIB da agropecuária que, embora tenha recuado na comparação interanual, apresentou forte aceleração sobre o último trimestre do ano passado. Pelo lado da demanda, o consumo das famílias voltou a acelerar, se recuperando da queda na margem observada no período anterior. O resultado reflete um mercado de trabalho ainda aquecido, com dinamismo tanto na criação de vagas quanto nos rendimentos. O PIB do primeiro trimestre também apresentou uma melhora na sua composição, caracterizada por uma forte recuperação da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF). Este resultado veio acompanhado de uma redução das exportações líquidas, explicada em grande medida pelo crescimento das importações. Com isso, o carry-over para 2024 ficou em 1,2% –, ou seja, caso permaneça estagnado ao longo dos próximos três trimestres, o PIB fechará o ano crescendo a essa taxa.

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Visão Geral da Conjuntura

Por Claudio Roberto Amitrano e Mônica Mora Y Araujo

O desempenho da economia brasileira surpreendeu positivamente em 2023. O produto interno bruto (PIB) acumulou alta de 2,9% em 2023, mantendo o ritmo observado em 2022. Concomitantemente, observou-se uma desaceleração da inflação (4,62%). Esse resultado contrariou as expectativas de mercado de dezembro de 2022, que estimavam crescimento do PIB de 0,8% e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,31% para 2023. A realidade, assim, suplantou os melhores prognósticos.

Em termos macroeconômicos, o crescimento da economia ocorreu em um cenário de expansão do gasto fiscal, com um déficit primário da ordem de 2,3% do PIB e uma carga tributária em queda (de 33,07%, em 2022, para 32,44%, em 2023), e um tardio processo de flexibilização monetária (iniciado somente em agosto).

O PIB cresceu no primeiro semestre, com altas trimestrais na margem, feitos os devidos ajustes sazonais, de 1,3% e 0,8%. No segundo semestre, a gradual redução da taxa de juros, em um contexto de impulso da demanda agregada por meio de uma política fiscal ativa, e o desempenho positivo das exportações e do consumo das famílias, no terceiro trimestre, tanto na margem quanto em termos de variação interanual, não foram suficientes para impulsionar a economia, que se manteve virtualmente estável após o crescimento observado nos dois primeiros trimestres de 2023. Sob a ótica da oferta, a economia foi impulsionada pela agropecuária, pelos serviços e pela indústria, que cresceram no acumulado do ano 15,1%, 2,4% e 1,6%, respectivamente, perfazendo um aumento do PIB da ordem de 2,9% (tabela 1 ). Posto isso, o carry over, medida utilizada para mensurar o crescimento em caso de estagnação da economia (ou seja, carregamento estatístico), é de 0,2% ponto percentual (p.p.) para 2024.

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Indicadores de indústria, comércio e serviços

Por Leonardo Mello de Carvalho

A maioria dos indicadores setoriais de atividade econômica registrou crescimento na passagem entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, na comparação dessazonalizada. O bom resultado no começo deste ano contrasta com um desempenho mais modesto ao longo dos últimos três meses do ano passado, como pode ser visto na trajetória das taxas de crescimento em médias móveis trimestrais. Entre os principais setores, o destaque negativo continua sendo a produção industrial, que, segundo a PIM-PF, registrou queda de 1,6% em janeiro, na série ajustada. Com isso, o carry-over ficou ligeiramente negativo para o primeiro trimestre do ano (-0,4%).

Já o comércio varejista (conceito ampliado), de acordo com a PMC, registrou um desempenho mais positivo, com alta de 2,4% na margem. Com isso, o carry-over para o primeiro trimestre ficou em 1,9%. Por fim, segundo a PMS, a receita real de serviços apresentou crescimento de 0,7% na comparação entre janeiro e dezembro, já livre de efeitos sazonais. Assim como os demais setores produtivos, sua trajetória em médias móveis na margem aponta para uma aceleração no começo do ano. Com a alta na margem registrada em janeiro, a terceira consecutiva nessa base de comparação, o setor inicia o primeiro trimestre com um carry-over de 1,3%.

Enquanto o Monitor do PIB da FGV registrou alta de 0,1% em janeiro na série dessazonalizada, o IBC-Br avançou 0,6% na mesma comparação. Já na série em médias móveis, ambos os indicadores apresentaram aceleração no primeiro mês do ano. Ainda em termos agregados, o indicador de difusão calculado pelo Ipea se manteve em um nível acima de sua média histórica, situada em 51,4%. Em janeiro, 53,0% dos segmentos utilizados registraram variação positiva, em comparação com 54,8% no período anterior. Com base na análise em médias móveis de três meses, o indicador de difusão atingiu 56,2% em janeiro, resultado que representou o terceiro aumento consecutivo na margem.

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Desempenho do PIB no quarto trimestre de 2023

Por Leonardo Mello de Carvalho e Monica Mora Y Araujo

O PIB, conforme divulgado pelo IBGE, cresceu 2,9% em 2023, com um aumento de 2,1% no quarto trimestre em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior e estabilidade quando cortejado ao terceiro trimestre de 2023, na série livre de efeitos sazonais. O desempenho do PIB no quarto trimestre do ano passado deixa um carregamento estatístico (carry-over) de 0,2% para 2024, ou seja, caso os próximos quatro trimestres apresentem crescimento nulo, o resultado acumulado ao final do ano seria de 0,2%.

No âmbito da produção, o setor agropecuário cresceu 15,1% no acumulado do ano, consubstanciando uma contribuição da ordem de 0,9 ponto percentual (p.p) para o crescimento do PIB em 2023. O quarto trimestre, todavia, revelou um fraco desempenho, com queda de 5,3% na série dessazonalizada e estabilidade na comparação interanual. Já o PIB de serviços manteve o ritmo de crescimento verificado no terceiro trimestre de 2023 e avançou 0,3% na margem no último trimestre de 2023, levando a um crescimento de 2,4% no acumulado do ano e a uma contribuição da ordem de 1,4 p.p. para o resultado do PIB. Em relação ao setor industrial, seu desempenho mostrou aceleração na margem, com avanço de 1,3%, resultado que sucedeu a alta de 0,6% no período anterior. Encerrando 2023 com alta de 1,6%, a atividade da indústria contribuiu com 0,4 p.p. no PIB. É relevante ressaltar, todavia, o caráter heterogêneo entre os seus subsetores. Enquanto as indústrias extrativas, o setor de eletricidade e gás e saneamento contribuíram de forma bastante positiva para o resultado agregado em 2023, o PIB da indústria de transformação colaborou negativamente.

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Indicadores de indústria, comércio e serviços

Por Leonardo Mello de Carvalho

A maioria dos indicadores de atividade setoriais registrou crescimento no acumulado do ano até o mês de outubro. Todavia, o desempenho ao longo dos últimos meses, na comparação em médias móveis trimestrais, indica uma desaceleração nas taxas de crescimento na margem. Entre os principais setores, o destaque negativo continua sendo a produção industrial, que, segundo a PIM-PF, encerrou o mês de outubro com crescimento nulo no acumulado no ano. Ao longo desse período, sua produção manteve um ritmo anêmico de crescimento, evidenciado por uma trajetória próxima à estagnação. O resultado em outubro deixa um carry-over ligeiramente positivo para o quarto trimestre (0,2%). Já o comércio varejista (conceito ampliado), de acordo com a PMC, registrou um desempenho mais positivo, acumulando, em termos anuais, um crescimento de 2,4% nos primeiros dez meses de 2023. Porém, na comparação dessazonalizada, sua trajetória em médias móveis exibiu comportamento negativo ao longo do terceiro trimestre, com alguma recuperação em outubro. Com isso, o carry-over para o quarto trimestre ficou em -0,2%. Vale destacar o bom desempenho do varejo no conceito restrito no mesmo período. Composto por segmentos menos dependentes de crédito, a trajetória ao longo do terceiro trimestre mostrou aceleração na margem, resultado mais próximo do crescimento exibido pelo consumo das famílias no PIB. Por fim, segundo a PMS, a receita real de serviços apresentou um crescimento de 3,1% no acumulado do ano, quando comparado ao mesmo período de 2022. Assim como os demais setores produtivos, sua trajetória em médias móveis na margem aponta para uma desaceleração. Com a queda de 1,3% na margem registrada em outubro, a terceira consecutiva nessa base de comparação, o setor inicia o quarto trimestre com um carry-over de -1,3%.

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Visão Geral da Conjuntura

Por Julia de Medeiros Braga, Mônica Mora Y Araujo e Claudio Roberto Amitrano

Esta Visão Geral da Conjuntura traz uma avaliação sobre o padrão de crescimento da economia brasileira em 2023 e o cenário esperado para 2024. Ainda que resultado do PIB no terceiro trimestre de 2023 tenha revelado um processo de desaceleração, o atual cenário permite delinear um crescimento próxima a 3%.

O ano em geral, e o terceiro trimestre de 2023, em particular, foi marcado pela expansão do mercado interno acompanhada por uma contínua elevação da massa de rendimentos do trabalho ampliada por benefícios sociais, e na elevada contribuição do consumo das famílias ao PIB. O crescimento do consumo interno foi canalizado para serviços,  levando a que o setor contribuísse significativamente para o resultado do PIB.

Notórios também foram o desempenho do setor agropecuário (materializada na supersafra agrícola) e a expansão acima do esperado da produção do petróleo, que criaram as condições necessárias para o Brasil conquistar novos mercados no exterior.

Por outro lado, a indústria de transformação de forma geral apresentou quadro de contínua estagnação. A queda na produção mesmo num cenário de crescimento da demanda pode ser atribuída em parte ao vazamento ao exterior, vislumbrado no aumento da importação de bens duráveis e semi-duráveis.  Esse quadro de deterioração se reflete na dificuldade de retomada dos investimentos

Para 2024, mantivemos nosso cenário de crescimento de 2%. Essa desaceleração em relação à 2023 é justificada principalmente pela queda esperada do valor adicionado da agropecuária (-3,2%), penalizada pela adversidade climática. Porém, outras commodities como petróleo podem ainda mostrar desempenho positivo, dada a competitividade das áreas do pré-sal.

Também importante para manutenção da nossa projeção é nossa expectativa que haverá um contexto de melhora da fragilidade financeira das famílias, com medidas como a continuidade da política de valorização do salário mínimo, o programa de renegociação das dívidas das famílias de baixa renda (o Desenrola Brasil) e a queda da taxa Selic, reverberando sobre o mercado de crédito.

Avaliamos ainda um cenário de reação dos investimentos e do setor industrial. A atuação por parte do BNDES, com elevada aprovação de financiamentos em infraestrutura, os programas do governo federal e locais de obras públicas e de facilitação do crédito, com sistema de garantias, além da trajetória de queda prevista para a taxa de juros Selic e na ponta do crédito, tornam o cenário para o crescimento dos investimentos mais favorável em 2024.

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Desempenho do PIB no terceiro trimestre de 2023

Por Leonardo Mello de Carvalho e Julia de Medeiros Braga

Segundo o IBGE, o PIB avançou 0,1% no terceiro trimestre de 2023, na comparação com o trimestre imediatamente anterior, já livre de efeitos sazonais. O resultado representou uma desaceleração em relação ao crescimento observado nos dois períodos anteriores, quando o PIB avançou 1,4% e 1%, respectivamente. Este arrefecimento também pode ser visto na comparação interanual, onde a alta de 2% sobre o terceiro trimestre de 2022 sucedeu avanços de 4,2% e 3,5%. Com isso, o PIB acumula um crescimento de 3,1% em quatro trimestres. Com o crescimento do PIB no terceiro trimestre, o carry-over para 2023 ficou em 3% – ou seja, caso permaneça estagnado ao longo do quarto trimestre, o PIB fechará o ano com alta de 3%.

De modo geral, o desempenho no terceiro trimestre voltou a apresentar um grau de difusão elevado entre os componentes do PIB, e sua composição confirmou nossas expectativas. Pelo lado da demanda, as exportações voltaram a se destacar, contribuindo positivamente pelo quinto trimestre consecutivo ao crescimento interanual do PIB. Além da demanda internacional por commodities brasileiras em geral, o bom desempenho das exportações de petróleo e minério de ferro, em particular, ajudam a explicar este bom desempenho. O consumo das famílias, por sua vez, exerceu a maior contribuição, pelo lado da demanda, para o resultado do terceiro trimestre. O crescimento de 3,3% em termos interanuais ficou acima do previsto (2,3%). Ainda estimulado pelo dinamismo do mercado de trabalho e pelas medidas do governo visando sustentar a renda das famílias, seu desempenho ajuda a explicar o crescimento registrado pelo PIB de serviços, cuja alta de 1,8% ficou bastante próxima à previsão, que era de 1,9%.

Por outro lado, os investimentos produtivos contribuíram negativamente ao crescimento interanual do PIB pelo segundo trimestre consecutivo. Enquanto a demanda por máquinas e equipamentos continua enfrentando o pior cenário, o desempenho da construção civil também registrou alguma deterioração no terceiro trimestre. Como reflexo disso, embora o PIB industrial tenha avançado 0,6% na margem e 1% em termos anuais, resultados em linha com as previsões, este desempenho foi pouco disseminado, impulsionado pelas indústrias extrativas e pelo setor de eletricidade e gás, e saneamento.

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Visão Geral da Conjuntura

Por Julia de Medeiros Braga, Mônica Mora Y Araujo e Claudio Roberto Amitrano

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta sexta-feira (29), a Visão Geral da Conjuntura, uma análise detalhada sobre o desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre de 2023. O Grupo de Conjuntura da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea reavaliou a projeção do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil, com uma revisão da alta de 2,3%, da última publicação, para 3,3% em 2023. Para 2024, a previsão de 2,0% foi mantida, conforme a tabela abaixo:

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Internamente, as políticas adotadas pelo governo de transferência de renda, valorização do salário mínimo e demais programas sociais, de renegociação de dívidas das famílias de baixa renda, aliadas a certo alívio proveniente da descompressão das taxas de inflação, permitem a elevação do poder de compra da renda das famílias. O maior consumo de bens e aquisição de serviços promove a expansão da atividade de serviço, um setor altamente empregador, dinamizando o mercado de trabalho. O segundo fator de dinamismo é o desempenho das exportações do petróleo e dos produtos da super safra da agropecuária. O ganho de novos mercados faz com que a taxa de crescimento das exportações brasileiras seja superior à taxa de crescimento do comércio internacional.

Na contramão está a estagnação dos investimentos em máquinas e equipamentos e da indústria da transformação. A estagnação dos investimentos produtivos, por outro lado, tende a ser superada caso as medidas anunciadas pelo governo federal, do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), entrem em vigor.

O documento faz ainda uma avaliação da queda da arrecadação tributária do governo central, a despeito do crescimento do PIB, explicada em grande parte pela dinâmica dos preços internacionais das commodities.

O Grupo de Conjuntura da Dimac alerta também que tais projeções são condicionadas pela trajetória da política fiscal e monetária e podem ser frustradas por conta de incertezas quanto ao rumo da política monetária dos países centrais, especialmente nos Estados Unidos, a fatores climáticos, a instabilidades geopolíticas e ao quadro interno desafiador de estagnação dos investimentos em máquinas e equipamentos e da indústria da transformação doméstica.

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