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Visão Geral da Conjuntura

Por Marco A. F. H. Cavalcanti,  Francisco E. de Luna A. Santos, Estêvão Kopschitz X. Bastos, Maria Andréia P. Lameiras e Leonardo Mello de Carvalho

O quadro mundial continua piorando, com inflação alta, juros em elevação e desaquecimento do nível de atividade. No Brasil, sob o impacto da política monetária apertada, o ritmo de expansão da atividade econômica em outubro e novembro dá sinais de arrefecimento na indústria e nos serviços. O mercado de trabalho, por sua vez, segue em trajetória positiva, marcado pela queda da taxa de desocupação e, mais recentemente, pela recuperação dos rendimentos; o crescimento da massa salarial real também corrobora o quadro positivo do mercado de trabalho. Quanto à inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), após encerrar o primeiro semestre do ano com taxa de variação acumulada em doze meses de 11,9%, veio se reduzindo continuamente, até 5,9% em novembro. No mercado de crédito, enquanto a inadimplência e o comprometimento de renda preocupam, o volume de concessões apresenta acomodação, após a elevação do início do ano. A taxa média de juros de operações de crédito é outro fator que limita o mercado de crédito, encontrando-se em sua máxima dos últimos anos, embora, no último trimestre, tenha havido desaceleração no seu crescimento. As contas do setor externo continuam apresentando comportamento positivo, apesar das incertezas e turbulências externas e internas. As contas públicas do governo central se encaminham para fechar 2022 com resultados muito positivos, relativamente a 2021. Para 2023, a discussão recente tem se concentrado nas mudanças a serem realizadas no orçamento federal e no arcabouço de regras fiscais, visando acomodar os aumentos de despesas desejados pelo governo eleito. No front subnacional, as finanças públicas estaduais mantiveram, em termos agregados, resultados primários positivos nos primeiros dez meses de 2022.

O resultado do produto interno bruto (PIB) do terceiro trimestre veio em linha com nossas projeções, com a taxa sobre o trimestre anterior (+0,4%) um pouco abaixo do previsto (+0,6%), assim como a variação sobre o mesmo trimestre de 2021 (dado observado de +3,6% e projeção de 3,8%). Em relação à nova previsão de crescimento para 2022, com base na análise de um conjunto amplo de variáveis, a Dimac/Ipea aumenta a previsão para o PIB, passando-a de 2,8% para 3,1%, o que embute ligeira queda de 0,2% do PIB no quarto trimestre de 2022, na comparação com ajuste sazonal. Nossa previsão para a expansão do PIB em 2023 foi revisada de 1,6% para 1,4% e continua acima das expectativas de mercado, que giram em torno de 0,7%. Tal divergência se explica fundamentalmente por nossa previsão mais alta de crescimento do setor agropecuário.

As projeções do Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea para o IPCA e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 2022 foram mantidas em 5,7% e 6,0%, respectivamente. Para 2023, a taxa prevista tanto para o IPCA quanto para o INPC é de 4,9%.
Tabela 3_dez22 (3)

Tabela 7
Tabela 5 (1)

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Visão Geral da Conjuntura

Por Marco A. F. H. Cavalcanti, Francisco E. de Luna A. Santos, Estêvão Kopschitz X. Bastos, Maria Andréia P. Lameiras e Leonardo Mello de Carvalho

O cenário mundial tem piorado, tanto em termos dos dados recentes, quanto em termos das expectativas. A inflação alta e persistente provocou o início de ciclos de aperto monetário nos Estados Unidos e na Europa, com discursos cada vez mais duros dos dirigentes dos bancos centrais e taxas de juros esperadas maiores. Adicionalmente, destacam-se o prolongamento do conflito na Ucrânia e de suas consequências econômicas; na China, os lockdowns para levar a cabo a política de “covid zero” e a grave crise no mercado imobiliário; e a reversão das políticas fiscais expansionistas face ao recuo da pandemia e à necessidade de combater a inflação. Em consequência, as projeções de crescimento no mundo têm se reduzido de forma substancial.

A desaceleração externa deverá afetar negativamente o Brasil, mas a situação do país é diferente da observada na maioria dos países desenvolvidos e em muitos emergentes. O ciclo de aperto monetário, iniciado há um ano e meio pelo Banco Central do Brasil (BCB), parece já ter chegado ao fim e a discussão passa a se concentrar em quando o BCB poderá iniciar a redução da Selic. A inflação está em queda, bem como suas previsões; o nível de atividade vem surpreendendo positivamente e as projeções de crescimento para 2022 vêm sendo revistas para cima.

As projeções do Ipea para o produto interno bruto (PIB) no primeiro semestre de 2022, embora estivessem acima da mediana do mercado, também se revelaram aquém do observado, ensejando a necessidade de revisão das previsões para o ano. Assim, nossa previsão de crescimento do PIB em 2022 está sendo elevada de 1,8% para 2,8%.

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Pela ótica da produção, o crescimento no ano deve ser liderado pelos serviços (3,9%) e pela indústria (1,7%), ao passo que a agropecuária deve apresentar recuo (-1,7%) por conta de dados aquém do esperado e revisões de safras. Pela ótica da despesa, o consumo das famílias deve se expandir em 3,7%, as exportações, em 2,5% e o consumo do governo, em 1%, enquanto o investimento e as importações devem registrar relativa estabilidade (variações de 0,1% e 0,2%).

Cabe ressaltar que, após as surpresas positivas do crescimento nos primeiros trimestres do ano, dados mais recentes de atividade mostram alguma desaceleração na margem. Contudo, o terceiro trimestre ainda deve ser de crescimento. Para o final de 2022 e início de 2023, espera-se alguma desaceleração em função do aperto monetário doméstico e da piora do cenário externo, mas indicadores robustos de mercado de trabalho, as medidas governamentais de apoio à renda e redução de impostos, e o investimento já observado ou contratado, além de um possível efeito continuado das reformas implementadas nos últimos anos, devem evitar uma queda muito expressiva do crescimento. A gradual retomada de alguns setores dos serviços com atividade ainda abaixo dos níveis pré-pandemia, a melhora no comportamento dos preços de bens ou serviços administrados, e o aumento da confiança dos consumidores também representam contribuições positivas para o crescimento.

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O aperto monetário interno e a manutenção de um arcabouço de regras fiscais compatível com o compromisso com a disciplina fiscal – que mantenha, portanto, sob controle o risco associado à evolução das contas públicas – devem permitir a gradual redução da inflação ao longo de 2023 e propiciar as condições para a recuperação do crescimento ao longo do próximo ano.

Para 2023, projeta-se crescimento do PIB de 1,6%. Esse crescimento deverá ser puxado pelo setor agropecuário, que, após cair em 2022, deve crescer 10,9% em 2023. Para a indústria e os serviços, projetam-se taxas de crescimento de 0,8% e 0,7%.

Quanto à inflação, ao contrário do que vem ocorrendo em grande parte dos países, nos últimos três meses, a inflação brasileira surpreendeu favoravelmente, beneficiada, sobretudo, pela melhora no comportamento dos preços administrados. E, nas últimas semanas, o cenário prospectivo para a inflação vem se tornando melhor. As novas projeções do Grupo de Conjuntura do Ipea indicam variação menor do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), em 2022, de 5,7%, comparativamente à estimada na edição anterior da Visão Geral da Carta de Conjuntura de 6,6%, há três meses. No caso do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a projeção também foi revista para baixo, e a taxa estimada recuou de 6,3% para 6,0%. Para 2023, as projeções de inflação foram mantidas em 4,7%, tanto para o IPCA, quanto para o INPC.

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Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços: julho e agosto de 2022

Por Leonardo Mello de Carvalho

Após o avanço de 1,2% registrado pelo produto interno bruto (PIB) na passagem entre o primeiro e o segundo trimestre de 2022, o ritmo de crescimento da atividade econômica nos dois meses seguintes se manteve relativamente aquecido, embora o desempenho entre os setores tenha se tornado mais heterogêneo. Se, por um lado, a melhora observada nos indicadores de mercado de trabalho tem ajudado a sustentar o ritmo de crescimento do setor de serviços, por outro, a demanda por bens apresentou alguma acomodação nos últimos meses. Por sua vez, refletindo a melhora observada nos níveis de confiança dos empresários, o setor industrial iniciou o terceiro trimestre mantendo a tendência de crescimento observada ao longo dos primeiros seis meses do ano. Corroborando este cenário, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) e o Monitor do PIB, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), indicadores que buscam retratar o nível geral da atividade econômica brasileira em base mensal, voltaram a crescer no mês de julho. Enquanto o IBC-Br cresceu 1,2% na margem e 3,9% em relação a julho de 2021, o Monitor do PIB apresentou altas de 0,6% na margem e de 3,1% na base interanual. Em relação a agosto, influenciada pelos resultados esperados para a indústria, comércio e serviços, a previsão da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Dimac/Ipea) é que o Monitor do PIB apresente relativa estabilidade na margem, com alta de 0,1%. Com este resultado, as perspectivas para o desempenho do PIB no terceiro trimestre mantêm-se positivas, ao deixar inalterado o efeito de carry-over auferido no período anterior.

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Visão Geral da Conjuntura

Por Marco A. F. H. Cavalcanti, Francisco E. de Luna A. Santos, Estêvão Kopschitz X. Bastos, Maria Andréia P. Lameiras e Leonardo Mello de Carvalho

Após o avanço de 1% registrado pelo produto interno bruto (PIB) no primeiro trimestre de 2022 em relação ao período imediatamente anterior, a maioria dos setores produtivos apresentou desempenho positivo também em abril e maio. O avanço dos indicadores de atividade está em linha com a evolução positiva do mercado de trabalho, cujos dados mais recentes mostram que o ritmo de recuperação se intensificou ao longo dos últimos três meses. Esse conjunto de indicadores sugere boas perspectivas para o PIB no segundo trimestre: nossa projeção é de crescimento de 0,6%, em termos dessazonalizados, em relação ao trimestre anterior.

Para o segundo semestre do ano, espera-se alguma desaceleração da atividade econômica, em função de fatores externos e internos. Diante disso, a economia deve fechar 2022 com crescimento de 1,8% do PIB.

Em termos desagregados, esperamos que o crescimento do PIB em 2022 seja liderado pelo setor de serviços, cuja previsão de crescimento é de 2,8%, ao passo que os setores da agropecuária e indústria devem mostrar relativa estabilidade. Pelo lado da demanda, mantemos a avaliação de que a absorção doméstica será determinante neste ano, com crescimento do consumo das famílias de 1,6%. Em relação aos investimentos, após a queda de 3,5% observada no primeiro trimestre, prevemos recuperação parcial no segundo trimestre e relativa estabilidade no resto do ano, de modo que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) deve fechar o ano de 2022 com queda de 2,8%.

Para 2023, nosso cenário é de crescimento de 1,3% no ano, baseado em duas hipóteses principais: i) com o fim da guerra na Ucrânia, a atenuação dos problemas pelo lado da oferta reduzirá grande parte da pressão inflacionária no exterior, possibilitando que a política monetária possa cumprir seu papel de reduzir gradualmente a inflação sem a necessidade de uma queda mais profunda dos níveis de atividade; e ii) ao iniciar-se 2023, parcela importante do impacto adverso do aperto monetário doméstico sobre a atividade econômica já terá ocorrido.

No que se refere à inflação, apesar da atual taxa ainda elevada e da perspectiva de que pontos de pressão inflacionária, como petróleo, bens industriais e serviços, ainda se mostrem resilientes à queda, o cenário inflacionário projetado para os próximos meses vem se tornando mais favorável. Além da expectativa de uma acomodação no preço das commodities agrícolas e da estimativa de melhora na projeção da safra brasileira em 2022, a implementação da Lei Complementar no 194/2022 deve contribuir para uma alta menos acentuada dos preços administrados este ano. Neste contexto, que combina uma alta maior para os preços livres e uma significativa desaceleração dos preços administrados, nossa estimativa da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2022 foi levemente revista para cima, passando de 6,5%, conforme divulgado na edição anterior da visão geral da Carta de Conjuntura, para 6,6%. Para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), a previsão foi mantida em 6,3%. Para 2023, a alta de ambos os índices é projetada em 4,7%.

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Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços: janeiro e fevereiro de 2022

Por Leonardo M. de Carvalho e José Ronaldo de C. Souza Jr.

O desempenho recente dos indicadores setoriais de atividade econômica indica que, após encerrar 2021 com crescimento, todos os três setores produtivos apresentaram acomodação no mês de janeiro. Em relação aos resultados referentes ao mês de fevereiro, a Dimac/Ipea projeta uma melhora generalizada no desempenho da atividade econômica, com altas para os três principais setores da atividade (indústria, comércio e serviços) na comparação dessazonalizada. Entre eles, o destaque ficaria por conta do setor de serviços, que retomaria sua trajetória de recuperação, após ter ficado praticamente estável no mês de janeiro, quando foi afetado negativamente pela queda temporária nos níveis de mobilidade urbana. Com isso, nossa estimativa de crescimento de 1% na margem para o Monitor do PIB em fevereiro melhora o carregamento estatístico para o primeiro trimestre de 2022.

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Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços

Por Leonardo M. de Carvalho e José Ronaldo de C. Souza Jr.

Os indicadores setoriais mensais de atividade econômica sinalizam a continuidade da recuperação da economia brasileira no início do terceiro trimestre. De modo geral, o significativo avanço de vacinação contra a Covid-19 tem permitido que os níveis de mobilidade urbana se aproximem da normalidade. Com isso, as atividades cuja interação presencial é mais necessária, notadamente alguns segmentos do setor de serviços, seguem apresentando um ritmo de crescimento mais acelerado. O aumento de 1,1% em julho dos serviços na comparação com ajuste sazonal, segundo a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), foi a décima terceira variação positiva em quatorze meses. Em relação ao mês de agosto, a Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea projeta uma desaceleração na margem, com avanço de 0,1% na comparação com julho (com ajuste sazonal). O destaque positivo é o crescimento previsto de 5,9% para os serviços prestados às famílias – segmento mais atingido pelos efeitos negativos da pandemia. Por sua vez, na comparação interanual, esperamos uma alta de 15,7% sobre agosto de 2020.

Esta nota de conjuntura apresenta também previsões desagregadas para os setores da indústria e o comércio.



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Atividade econômica: dados recentes e previsões para 2021 e 2022

Por Leonardo M. de Carvalho e José Ronaldo de C. Souza Jr.

A análise recente dos indicadores de atividade econômica corrobora, em grande medida, as expectativas da Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea em relação aos cenários de curto e médio prazo para a economia brasileira – discutidos em junho deste ano na visão geral da Carta de Conjuntura no 51. Conforme prevíamos, apesar da melhora no ambiente macroeconômico, refletida no aumento generalizado dos indicadores de confiança nos últimos meses, o produto interno bruto (PIB) deverá apresentar um resultado próximo à estabilidade no segundo trimestre, quando comparado aos primeiros três meses do ano. Enquanto os resultados do Monitor do PIB, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), indicam uma contração de 0,3% na margem do PIB no segundo trimestre, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) estima crescimento de 0,1% da atividade econômica no mesmo período. De um lado, os efeitos do recrudescimento da pandemia de Covid-19 sobre o nível de atividade no início de 2021 se mostraram menos intensos do que no início da crise sanitária – como discutido na Carta de Conjuntura no 51. De outro lado, a indústria de transformação continuou enfrentando escassez de matéria-prima, o que restringiu a oferta em alguns segmentos. Além disso, o ritmo de recuperação ainda modesto observado nos indicadores de mercado de trabalho, juntamente com a aceleração da inflação, constituiu dificuldades para um crescimento mais robusto da demanda interna.

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Esta nota analisa indicadores desagregados de indústria, comércio e serviços e mostra que os indicadores dos dois primeiros setores vieram, até agora, em linha com o nosso cenário detalhado na visão geral (de junho), ao passo que os serviços têm apresentado desempenho um pouco melhor que o previsto anteriormente. Essa melhora dos serviços tende a ser compensada pela menor expectativa de crescimento do valor adicionado do setor da agropecuária, conforme ressaltado na Nota de Conjuntura no 18. Diante desse cenário, nossas previsões de crescimento para 2021 (4,8%) e 2022 (2%) permanecem inalteradas. Cabe destacar, contudo, vários fatores de risco para esse cenário; em particular, a atual crise hídrica e a recente piora no quadro de contágio da Covid-19 em função da variante delta, no país e no mundo.

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Indicadores mensais de indústria, comércio e serviços

Por Leonardo M. de Carvalho e José Ronaldo de C. Souza Jr.

Os efeitos da segunda onda da Covid-19 sobre o nível de atividade se mostraram menos intensos e com menor duração em comparação com o período inicial da pandemia, no primeiro semestre do ano passado. Parte disso pode ser atribuída a uma melhor adaptação da economia para lidar com as restrições impostas pela redução de mobilidade. Essa adaptação tem sido importante particularmente para o setor de serviços, em que alguns segmentos, cujas atividades são mais dependentes de interação presencial, ainda se encontram em níveis bastante inferiores aos observados no período pré-pandemia. Sua recuperação ao longo do ano deverá ser um importante driver para o crescimento da demanda doméstica. Para maio, a Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea estima que a receita de serviços tenha crescido 1,3% na série sem efeitos sazonais. Com isso, o carry-over para o segundo trimestre ficaria em 0,8%.

Apesar deste cenário mais benigno, a lenta recuperação do mercado de trabalho, principalmente em relação aos trabalhadores de baixa qualificação,1 tem afetado negativamente o consumo de bens e serviços pelas famílias, especialmente nas faixas de renda mais baixas, em que o impacto da aceleração inflacionária tem sido mais severo. Nesse contexto, também caracterizado pelo início de um ciclo de normalização das taxas de juros, o governo decidiu retomar alguns programas que haviam sido encerrados, como o auxílio emergencial e o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, ambos com início em abril. Um dos possíveis impactos de curto prazo dessa política de transferência de renda é o aumento das vendas do comércio, que, de acordo com a nossa projeção, deve ter uma alta de 3,9% na margem em maio, com crescimento interanual de 25,8%.

O setor manufatureiro segue num processo de ajustamento dos níveis de estoque, que encerraram o ano passado em patamar bastante inferior ao considerado ideal pelos empresários. Esse fator tem sido importante para compensar a falta de estímulos mais significativos da demanda interna, tendo contribuído positivamente para o resultado do PIB no primeiro trimestre. Alguns segmentos com peso relevante na cadeira produtiva, no entanto, ainda apresentam níveis abaixo do planejado. Na esteira desse processo de recomposição dos estoques e mesmo da demanda, a Dimac estima que a produção industrial de maio tenha avançado 1,4% na série sem efeitos sazonais. Ainda assim, o carry-over para o segundo trimestre ficaria em -2,4%.

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Atividade econômica: indicadores mensais

Por Leonardo M. de Carvalho

O desempenho recente dos indicadores de atividade aponta para uma acomodação no ritmo de crescimento da economia no primeiro trimestre de 2021. Embora os efeitos do recrudescimento da pandemia afetem a economia de maneira ampla, as pesquisas setoriais do IBGE sugerem algumas particularidades em relação ao seu desempenho. A produção industrial, medida na PIM-PF, registrou alta de 0,4% em janeiro, na série com ajuste sazonal, atingindo um patamar 3,7% superior ao observado em fevereiro de 2020, período imediatamente anterior ao início da crise sanitária. O resultado de janeiro representou a nona variação positiva seguida na margem, embora a tendência seja de desaceleração. A Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas (Dimac) do Ipea estima que a produção industrial de fevereiro tenha ficado estável, com crescimento nulo na série sem efeitos sazonais. Com isso, o carry-over para o primeiro trimestre ficaria em 1,3%.

A análise setorial revela que a grande maioria dos segmentos que compõem a indústria manufatureira registra atualmente níveis de estoques abaixo do planejado. Embora essa situação, a princípio, represente um fator positivo para o aumento da produção nos próximos meses, a escassez de matérias-primas, juntamente com o aumento dos seus custos, tem se tornado mais disseminada, o que pode vir a retardar essa normalização. De acordo com o IPA, da FGV, a indústria manufatureira registra uma alta de 26,9% no acumulado em doze meses até fevereiro. Além disso, certos setores convivem com algumas limitações associadas à utilização dos fatores de produção, uma vez que já operam em níveis acima de sua média histórica.

Nesta nota, há ainda análises e projeções para as vendas do comércio varejista e as receitas dos serviços.



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