Maria Andreia Parente Lameiras
Os dados do Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostram que, em janeiro, houve uma forte desaceleração inflacionária em todas as classes de renda pesquisadas, especialmente para a faixa de renda mais baixa, cuja taxa de inflação, na margem, recuou de 1,58% para 0,21%. A análise desagregada entre os componentes da inflação mostra que, embora em janeiro ainda tenha se verificado uma pressão dos alimentos no domicílio – grupo de grande peso na cesta de consumo das famílias mais pobres –, esse impacto não só foi menor que o observado no mês anterior como também foi, em parte, compensado pela queda nos preços da energia elétrica (-5,6%) e dos itens de vestuário. Já no caso do segmento de renda mais alta, nota-se que a queda da inflação, na margem, foi relativamente menor que a apontada nas demais classes. Por certo, este segmento não só se beneficiou menos da deflação da energia elétrica como também foi mais impactada pela alta no preço da gasolina (2,17%), cuja pressão sobre o grupo transportes só não foi maior devido às deflações das passagens aéreas (-19,9%) e dos transportes por aplicativo (-12,1%). Além dos combustíveis, os reajustes de 0,66% dos planos de saúde e de uma série de serviços pessoais, como costureira (1,32%), depilação (1,28%) e cartório (7,82%), ajudam a compor esse quadro de desaceleração inflacionária menos intensa para as famílias mais ricas.