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Retrato dos rendimentos e horas trabalhadas durante a pandemia – resultados da PNAD Contínua do segundo trimestre de 2021

Por Sandro S. de Carvalho

Os impactos imediatos da pandemia sobre os rendimentos, bem como a importância do Auxílio Emergencial, foram analisados com os dados da PNAD Covid-19, que mostraram um descolamento da renda efetiva do trabalho da renda habitual. Tal descolamento também foi observado na PNAD Contínua, levando à consideração mais atenta da renda efetiva para se avaliar a conjuntura dos rendimentos ao longo dos anos de 2020 e 2021. Os rendimentos habituais reais médios apresentaram uma queda de 6,6% no segundo trimestre de 2021 em comparação com o mesmo trimestre de 2020, intensificando uma retração que se iniciou no trimestre terminado em abril. Contudo, tal movi- mento é apenas o inverso (um ano depois) do observado no início da pandemia quando os rendimentos habituais apresentaram um crescimento acelerado, atingindo um crescimento interanual de 8,6% no trimestre móvel entre maio e julho de 2020, tendo desacelerado após o terceiro trimestre. Ainda assim, apresenta um crescimento de 2,8% no quarto trimestre de 2020. Na comparação com o segundo trimestre de 2019, portanto, antes da pandemia, os rendimentos habituais caíram 0,2% no segundo trimestre de 2021.

Em contraste, a renda efetiva apresentou consecutivas quedas a partir do trimestre móvel iniciado em abril do ano passado, apenas se recuperando após setembro. Entretanto, entre o fim de 2020 e o primeiro trimestre de 2021, a renda efetiva voltou a apresentar quedas, tendo recuado 2,2% no primeiro trimestre de 2021 na comparação interanual. Após uma pequena recuperação em maio, o crescimento interanual da renda efetiva foi de 0,9% ao fim do segundo trimestre de 2021.

O impacto da pandemia no mercado de trabalho não ocorreu apenas sobre o nível de ocupação e os rendimentos. Também foram detectadas significativas alterações no comportamento das horas trabalhadas e no afastamento do trabalho. A pandemia não afetou as horas habitualmente trabalhadas que, durante 2020, manteve-se em torno de 39,5 horas semanais. Contudo, já no primeiro trimestre de 2020, e sobretudo no segundo trimestre, observou-se uma forte queda nas horas efetivamente trabalhadas, que alcançaram apenas 78% das horas habituais, o que representa uma jornada semanal média efetiva de 30,7 horas. O impacto foi maior entre os trabalhadores por conta própria (73%) e trabalhadores do setor público informais (72%). A comparação do quarto trimestre de 2020 com o mesmo trimestre do ano anterior já não mostrava diferenças significativas, o que se manteve no segundo trimestre de 2021, mostrando que a segunda onda da pandemia não causou novos impactos sobre as horas trabalhadas.

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Mercado de Trabalho

Carta de Conjuntura nº 33

 Por Sandro Sacchet de Carvalho e José Ronaldo de C. Souza Jr.

As condições do mercado de trabalho permaneceram em uma trajetória de deterioração no terceiro trimestre de 2016. A taxa de desemprego alcançou 11,8%, 2,9 pontos percentuais acima do observado no mesmo período do ano anterior. O setor populacional mais atingido pelo desemprego são os jovens entre 14 e 24 anos, cuja taxa de desemprego atingiu 27,7%, e os trabalhadores com ensino médio incompleto (21,4%). Entre o 3º trimestre de 2016 e o mesmo período de 2016, o desemprego subiu 6,8 p.p. entre os jovens, enquanto entre os adultos até 59 anos a queda foi de 2,9 p.p.. Subiu 5,2 p.p. entre aqueles com ensino médio incompleto e 1,6 p.p. para trabalhadores com ensino superior.

Até meados de 2016, o aumento do desemprego, apesar de ter sido substancial, foi atenuado devido ao fato de muitas pessoas que perderam emprego terem se tornado trabalhadores por conta-própria. A análise de transições no mercado de trabalho feita nesta seção revela, contudo, que essa tendência se reverteu no terceiro trimestre de 2016, quando se observou uma queda dos ocupados por conta-própria. Esse movimento foi acompanhado de uma queda na taxa de atividade, reforçando que, desde o último trimestre de 2015, o aumento do desemprego foi causado majoritariamente pela queda da população ocupada (PO), tendo sido reduzida a contribuição do aumento da população economicamente ativa (PEA). Cabe notar que se a taxa de participação tivesse se mantido no mesmo nível de um ano antes, a taxa de desemprego seria de 12,4% no terceiro trimestre deste ano.

Já o rendimento real médio, não apresentou um desempenho tão ruim quanto a ocupação, registrou um ligeiro aumento de 0,9%, comparando com o trimestre anterior. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, entretanto, o rendimento real apresentou queda de 2,1% neste terceiro trimestre. A PNADC mostra que a redução nos salários reais foi pior em setores como Alojamento e Alimentação (-7,7%) e Outros Serviços (-4,3%). Subdividindo os trabalhadores em 10 faixas (decis) de renda, observa-se que o rendimento médio do grupo que se encontra na faixa mais baixa de renda apresentou uma expressiva recuperação, tanto na comparação interanual (crescimento de 17,6%), como na comparação do terceiro trimestre com o segundo (crescimento de 19,8%).

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