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Inflação de alimentos: como se comportaram os preços em 2022

Por Diego Ferreira, Ana Cecília Kreter, Fabio Servo, Antonio Carlos Simões Florido, José Ronaldo de Castro Souza Junior e Guilherme Soria Bastos Filho

A inflação de alimentos no Brasil voltou a ser foco em 2022. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fechou o ano com alta de 5,8%, sendo o grupo alimentação e bebidas responsável por quase metade este resultado. Sua elevada contribuição para a inflação, que também foi observada em anos anteriores, reflete a volatilidade e o grau de importância do grupo na cesta de consumo da população do país.

Diversos fatores podem explicar o comportamento desses preços. Altas de custos de produção, por exemplo, devido à elevação dos preços internacionais dos fertilizantes, somadas às adversidades climáticas decorrentes do fenômeno La Niña, que reduziu a produção de importantes culturas, afetaram significativamente os preços no varejo. Ao analisar a trajetória dos preços ao longo do ano, verifica-se que, além de as altas observadas na entressafra terem sido consideravelmente maiores do que as quedas nos períodos de colheita, algumas culturas ainda apresentaram comportamento atípico em 2022.

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Esta Nota analisa o comportamento do grupo alimentação e bebidas do IPCA, mais especificamente do subgrupo alimentação no domicílio. O entendimento da contribuição desse subgrupo se dá a partir da compreensão da importância dos pesos dos produtos na composição do índice geral e da variação de seus preços ao longo do ano. De todos os itens, o único que apresentou peso alto nesse grupo de preços (12,4%) e alta variação em 2022 (22,1%) foi o item leites e derivados. A queda da rentabilidade da produção de leite – devido à elevação dos custos de produção e à baixa qualidade nas pastagens – foi a razão principal para a queda na oferta e a consequente alta dos preços. Este trabalho analisa ainda as variações e os pesos moderados dos demais itens, sinalizando a rigidez de preços no caso das carnes, e o efeito substituição na mesa do consumidor entre as diferentes categorias de proteínas animais. Panificados, que foram impactados fortemente pela alta dos preços do trigo com o conflito entre a Rússia e a Ucrânia no primeiro semestre, tiveram desaceleração nos preços no segundo semestre.

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Mercados e preços agropecuários

Editada por Dimac/Ipea, Cepea/Esalq/USP e Conab

Esta Nota de Conjuntura traz as primeiras perspectivas de produção e preços – domésticos e internacionais – para 2022 dos principais produtos agropecuários brasileiros, além de uma análise do último trimestre de 2021 e do balanço de oferta e demanda.

No terceiro trimestre do ano, entre os grãos, houve certa estabilidade em patamares elevados dos preços domésticos frente ao trimestre anterior. Os preços da soja foram sustentados pelos baixos estoques no período e pela demanda aquecida tanto externa quanto doméstica. No caso do milho, os preços subiram em julho e agosto devido às preocupações com o desenvolvimento da safra, mas caíram de setembro em diante com o avanço da colheita. Para o trigo, a sustentação dos preços veio das preocupações com o clima, da boa demanda doméstica e da elevada paridade de importação. Já os preços internacionais – contrato com vencimento mais próximo – seguiram acima dos patamares observados no trimestre anterior, e apresentam tendência de crescimento. Dois fatores vêm contribuindo para este resultado são o movimento de recomposição dos estoques por parte de diversos países e o aquecimento da demanda por grãos, principalmente aqueles destinados para ração animal.

Entre as proteínas animais, no mercado doméstico os preços apresentaram comportamentos distintos no terceiro trimestre. A carne de frango teve alta, refletindo sobretudo a busca por proteínas mais baratas, e ovo e leite seguiram a mesma trajetória. Já a arroba bovina teve média estável frente ao trimestre anterior, mas com comportamentos bem distintos ao longo do período analisado. A baixa oferta de animais e as exportações aquecidas mantiveram os preços elevados até agosto e, em setembro, houve forte redução, diante da suspensão dos envios da carne à China. Os preços domésticos da carne suína tiveram queda diante do recuo leve das exportações e da dificuldade de escoamento do produto para o mercado doméstico. No mercado internacional, o frango seguiu estável, mas em um patamar de alta no terceiro trimestre, devido ao efeito renda nos países da Ásia e Oriente Médio, e por problemas sanitários na África do Sul e México.

Para 2022, a perspectiva é de safra recorde para a soja (3,4%), recuperação da produção de milho (34,1%), que foi prejudicada este ano principalmente pelas geadas, leve queda na produção de arroz (1,8%) e alta na produção de algodão (12,6%). Para o café, apesar da bienalidade positiva, ainda há incerteza em relação à produção. A mensuração de uma possível queda, no entanto, ainda não foi divulgada pela Conab, assim como a estimativa de produção para o trigo para 2022, já que, sendo uma cultura de inverno, ainda está sendo colhida.

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Mercados e preços agropecuários

Por Ana Cecília Kreter e José Ronaldo de C. Souza Jr.

Esta Nota de Conjuntura (feita em parceria com o Cepea/USP e a Conab) traz o acompanhamento dos preços domésticos e internacionais até julho de 2021 e o balanço de oferta e demanda dos principais produtos agropecuários brasileiros referente à safra 2020-2021.

As commodities mais representativas na pauta de exportação brasileira – grãos, carnes, café – continuaram com a demanda internacional aquecida no primeiro se- mestre, e com preços mais elevados frente ao mesmo período do ano anterior. No caso dos grãos, essa alta dos preços internacionais é reflexo do balanço apertado entre produção e consumo na safra corrente, somado a estoques que vinham decrescendo nas últimas safras. Para as carnes, o que se observa é um movimento de substituição entre as proteínas animais, seja por questões sanitárias ou pela busca de proteínas mais baratas. Em relação aos preços internacionais (em dólares) dos produtos analisados nesta Nota, apenas o arroz apresentou patamares inferiores em 2021 na comparação com 2020, com uma queda de 11%. A alta observada entre o primeiro semestre desse ano frente ao ano anterior foi de 65,9% para a soja, 72,3% para o milho, 24,4% para o trigo, 38,1% para o algodão, 18,3% para o boi gordo, 65,3% para o porco magro, e 24,2% para a carne de frango.

Para os preços domésticos (em reais), na comparação entre os valores médios do primeiro semestre de 2021 frente ao primeiro semestre de 2020, os preços de todos os produtos acompanhados aumentaram, exceto da batata. Os grãos mantiveram o destaque, com elevações de 40% ou mais para todos os produtos acompanhados: soja (78%), milho (77%), trigo (40%), algodão (75%) e arroz (55%). Deve-se destacar o importante impacto negativo desse aumento sobre os custos de produção na pecuária, o que pode influenciar negativamente a oferta de proteínas no país.

Em termos de perspectivas, para a maior parte dos produtos acompanhados, espera-se aumento ou estabilidade em alto patamar dos preços no curto e médio prazos. Os problemas climáticos, como as geadas recentes e o clima seco no Centro-Sul, tiveram e devem continuar a ter um papel decisivo nessa perspectiva. A intensidade desse possível aumento de preços também depende estreitamente do comportamento da taxa de câmbio nos próximos meses e dos preços internacionais.

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Projeções de inflação para 2020

Por Maria Andréia Parente Lameiras e Marcelo Lima de Moraes

No último bimestre, a inflação brasileira, medida pelo IPCA, intensificou a sua trajetória de alta, impulsionada não apenas pela aceleração dos preços dos alimentos, mas também pela recuperação dos preços dos demais bens de consumo e dos serviços livres. O relaxamento das medidas de isolamento social e, por conseguinte, a retomada mais forte da atividade econômica e a melhora, ainda que modesta, da ocupação vêm gerando uma expansão do consumo das famílias, abrindo espaço para uma recomposição mais rápida dos preços livres. A retomada do consumo de bens combinada com a desvalorização do câmbio e com a alta recente dos preços internacionais de commodities aumentou a inflação prevista pela Dimac para 2020, que passou de 2,3% – na Visão Geral da Conjuntura de setembro – para 3,5% nesta Nota de Conjuntura. Apesar dessa alta, o cenário inflacionário segue benigno: a taxa projetada ainda se encontra compatível com a meta de inflação estipulada para 2020 (4,0%).

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O que está acontecendo com os preços do arroz no Brasil?

Por Marcelo Nonnenberg, Michelle Martins e Alícia Cechin

Com o início da pandemia e o aumento da alimentação no domicílio, a demanda por produtos estocáveis e, consequentemente, por arroz voltou a crescer e a pressionar os preços. De acordo com os dados da Conab, o preço no varejo do saco de 5 kg do arroz longo fino tipo 1 cotado em São Paulo passou de R$ 17,46 em janeiro para R$ 21,19 em agosto de 2020, uma elevação de 21,3%, com crescimento contínuo esperado ao longo de setembro. Isso levou o governo a anunciar, no início do mês, uma redução a zero do imposto de importação, com o objetivo de conter o aumento.

Como o arroz consumido no país é basicamente produzido internamente, é interessante responder a duas perguntas. Primeiro, o que causou o aumento tão forte, em um período de recessão acentuada? Segundo, será que a redução de tarifa poderá ter o efeito desejado de conter/reduzir os preços? Obviamente, a resposta a essas duas questões é apenas aproximativa.

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Inflação

Por Maria Andreia P. Lameiras e Marcelo L. de Moraes

A inflação mantém-se baixa neste ano, mas, no terceiro trimestre, o cenário do IPCA vem sendo marcado por uma significativa aceleração dos preços dos alimentos. Nos últimos doze meses, encerrados em agosto, os preços dos alimentos no domicílio, medidos pelo IPCA, apresentaram variação de 11,4%, respondendo por 70% de toda a variação registrada por esse índice no período (2,4%).

Para os próximos meses, a expectativa é que, este cenário de inflação, que conjuga alta de preços de alimentos e descompressão de preços monitorados e de serviços, se mantenha. As projeções de inflação realizadas pelo Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea para 2020 foram revistas, passando de 1,8% para 2,3%. A principal mudança veio da estimativa da inflação de alimentos cuja taxa de variação, projetada na Carta de Conjuntura nº 47, avançou de 3,0% para 11,0%. Em relação aos demais bens livres, manteve-se a projeção de alta de 1,0% para o ano. Já para os serviços as expectativas foram ajustadas para baixo, sobretudo por conta das quedas das mensalidades escolares nos últimos meses, fazendo com que a inflação de serviços educacionais projetada para o ano recuasse de 5,0% para 1,2%. No caso dos demais serviços livres, embora a expectativa seja de alguma leve aceleração na margem – principalmente nos segmentos de serviços pessoais, recreação e alimentação fora do domicílio –, a constatação de que as medidas de isolamento social se estenderam por um período maior que o previsto no trimestre anterior gerou uma queda da taxa projetada de 2,0% para 0,7%. Por fim, a revisão para baixo dos preços monitorados, cuja variação esperada recuou de 1,2% para 1,0%, é decorrente de uma trajetória mais benevolente dos combustíveis, com retração de 6,0% nos primeiros oito meses do ano, e é balizada pelo pressuposto de estabilidade nos preços do barril de petróleo em níveis baixos.

Para 2021, a taxa de inflação estimada pelo Grupo de Conjuntura da Dimac/Ipea é de 3,3%, considerando que, mesmo diante da expectativa de um comportamento mais favorável dos alimentos, haverá uma pressão maior vinda tanto dos demais preços livres quanto dos administrados, compatível com um cenário de atividade econômica mais dinâmico em 2021.

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