Por Maria Andréia Parente Lameiras e Tarsylla da Silva de Godoy Oliveira
Os dados mais recentes mostram que nos últimos meses o ambiente inflacionário brasileiro se tornou menos favorável, combinando aceleração dos índices de preços e retomada das medidas de núcleo de inflação. Além de um desempenho mais forte da economia – e seus impactos sobre o aumento da massa salarial –, a desvalorização cambial de aproximadamente 7%, entre agosto e novembro, e a forte alta dos alimentos, sobretudo das proteínas animais, explicam boa parte desta alta de preços. Desta forma, a inflação brasileira, medida pelo IPCA, acumulou alta de 4,9% em doze meses, refletindo os reajustes de 8,4% dos alimentos no domicílio, 5,2% dos bens e serviços administrados e 4,7% dos serviços livres.
Dentro desse contexto, em que pese a estimativa de um desempenho menos robusto do nível de atividade para 2025, conjugada com a expectativa de uma melhora no comportamento do câmbio e com o aumento de aproximadamente 6,0% da safra brasileira de grãos, o atual cenário de inflação mais adverso sinaliza que o processo desinflacionário da economia brasileira será mais lento que o projetado anteriormente. Por certo, embora as projeções de inflação feitas pelo Grupo de Conjuntura do Ipea indiquem uma desaceleração tanto do IPCA quanto do (INPC em 2025 diante do estimado para 2024, estas altas projetadas não apenas se encontram acima das previstas no último trimestre, mas também indicam uma resiliência maior da inflação brasileira.