DESIGUAL E COMBINADO
A EXPANSÃO E QUEDA DO DESENVOLVIMENTO DE UMA POTÊNCIA EMERGENTE SOB A ÓTICA DA EMBRAER
Palavras-chave:
Brasil, ciclos de desenvolvimento, potência emergente, economia global, EmbraerResumo
Este artigo explora o ciclo de expansão e queda continuado do processo de desenvolvimento brasileiro sob a ótica da indústria aeronátutica, com especial atenção ao caso da Embraer. Países em desenvolvimento enfrentam tais ciclos econômicos pela forma particular com que se inserem na economia global. Períodos de expansão requerem apoio estatal possibilitado por alianças multiclassistas, mas estas tendem a ser repetidamente desfeitas pela ascensão de setores econômicos subservientes ao capital internacional desinteressados em tais arranjos sociopolíticos amplos. A fim de explorar tal padrão histórico, o artigo foca no setor aeronáutico brasileiro, um dos poucos que foi capaz de desenvolver uma tecnologia de ponta que permitiu competitividade internacional ao país, com implicações claras para seu desenvolvimento, assim como para a área de segurança interna. A expansão do setor se deu ao longo de uma trajetória de cinquenta anos de investimentos na capacitação técnica estatal e de áreas-chave do capital nacional, durante um processo que requereu investimentos redobrados em momentos cruciais. A crise do setor nos anos 1980 obrigou a entrega de partes centrais da indústria a setores financeiros do capital nacional. Ainda que essa experiência tenha salvaguardado a companhia de uma crise maior, e assim permitido a sua expansão ao longo dos anos 1990, ela se tornou mais vulnerável ao seguinte momento de queda do setor: quando o setor financeiro nacional concordou em ceder controle da empresa ao capital internacional, experiência, por fim, consolidada na venda da Embraer a Boeing no decorrer do último ano. Assim, fica claro que ainda que o Brasil tenha navegado de forma bem-sucedida os ciclos econômicos de expansão e a queda das últimas cinco décadas, ao fim e ao cabo desse processo, a lógica das forças dos arranjos interclasse terminaria por entregar as conquistas nacionais dessa importante indústria ao capital internacional.
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