Se fossemos eleger apenas um Retrato para mostrar a cara da população de nosso país, este retrato seria o de uma mulher negra.  Isto porque a maioria da população é negra e constituída por mulheres.  O grupo mais expressivo da população é o de mulheres negras. 

Em 2022, 28,3% da população brasileira era composta por mulheres negras.  O estado com maior participação de mulheres negras em sua população era a Bahia (41,5%) e o de menor participação, Santa Catarina (10,2%).

O levantamento da composição racial da população brasileira passou por diversos avanços ao longo do século XX.  Hoje, a forma de apurar e consolidar essas informações está madura e nos traduz com precisão as desigualdades que se fundam nas diferenças raciais. 

Também é importante destacar a questão do envelhecimento populacional, que é majoritariamente feminino.  As mulheres predominam nas faixas etárias a partir dos 10 anos de idade.  Isso porque morrem menos que eles desde o feto e, ao longo da juventude, essa diferença se alarga.

As mulheres são socializadas para cuidar mais de si e para acessar mais os serviços de saúde, especialmente por meio da saúde reprodutiva.  Já os homens, em particular os homens negros, estão mais expostos aos riscos do mercado de trabalho e da circulação em nossas cidades, bem como da violência letal.  São processos correlacionados ao racismo, interseccionado à imposição de uma masculinidade provedora sobre os homens.  Isto, em meio a parcas oportunidades de acesso ao conhecimento de qualidade e de rendimentos dignos para os homens e mulheres negras. Consequentemente, mais mulheres atingem as idades mais avançadas comparativamente aos homens.  Ambos os fenômenos são profundamente influenciados pelas desigualdades de gênero e raça.

Em 2022, 61,2% dos homens tinha até 40 anos de idade, enquanto a proporção comparável para as mulheres foi de 57,4%.  A partir dessa idade a situação se inverte.  Apenas 38,8% dos homens tinham idade acima de 40 anos, e 42,6% das mulheres atingiu 40 anos ou mais.

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