A proporção de mulheres e homens que participam do mercado de trabalho, ou seja, que está ocupado/empregado ou procurando ocupação/emprego, é um dos indicadores que mais revela a desigualdade de acesso às atividades que são economicamente reconhecidas e, portanto, remuneradas.  É um indicador que revela as profundas desigualdades de gênero, raça e classe que persistem em nossa sociedade.

Em 2022, enquanto 74,3% dos homens participavam do mercado de trabalho e apenas 54,1% das mulheres participava.  A desigualdade entre os sexos se mantém relativamente inabalada entre 2016 e 2022: em torno de 20 pontos percentuais de diferença.

Durante a pandemia, a participação das mulheres no mercado de trabalho, em especial das mulheres negras, foi a que mais caiu devido à necessidade de apoiar e cuidar da família, na ausência de serviços de educação, saúde, comida fora do domicílio, dentre outros. 

Mesmo participando do mercado de trabalho, o trabalho em tempo parcial acaba sendo uma saída recorrente para as mulheres, devido à falta de tempo para conciliar as necessidades de cuidado e afazeres domésticos, em meio à precariedade da oferta estatal de cuidado.  Em 2022 o trabalho em tempo parcial ocupava 31,8% das mulheres negras, 26,3% das mulheres brancas, 16,0% dos homens negros e apenas 13,4% dos homens brancos.  Isso tem impacto decisivo em seus rendimentos.

Entre as mulheres, destacamos que o trabalho doméstico remunerado representa 16,2% das ocupações das mulheres negras, e apenas 8,7% das mulheres brancas.  O trabalho doméstico remunerado é, em média, 2 vezes mais relevante para as mulheres negras do que para as brancas. Essa desigualdade racial é mais pronunciada entre as mulheres da região sudeste 

O auge da relevância do emprego com carteira de trabalho assinada se localiza, tipicamente, na faixa etária entre 19 e 29 anos de idade, em que 46,9% dos ocupados se encontrava nessa posição em 2022, e sua importância decresce com a idade. Nesta faixa, entre pessoas brancas o emprego com carteira assinada representava 50,8% e entre as pessoas negras, 44,0%. Há uma desigualdade racial substancial na idade entre 16 e 18 anos de idade, em que a entrada no mercado de trabalho de pessoas negras é substancialmente mais marcada pelo vínculo de emprego sem carteira assinada (43,0%), do que entre os brancos (35,5%).

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TítuloAutoriaAno
Tendências nas horas dedicadas ao trabalho e lazer : uma análise da alocação do tempo no Brasil Ana Luiza Neves de Holanda Barbosa 2018
Uso do tempo e gênero Natália de Oliveira Fontoura e Clara Araújo (Organizadoras) 2016
Desigualdades de gênero em tempo de trabalho pago e não pago no Brasil, 2013 Luana Simões Pinheiro e Marcelo Medeiros 2016
American way of life e jeitinho brasileiro : como afetam a oferta de trabalho das mulheres? Regina Madalozzo e Priscylla Segantini 2017