O artigo problematiza os encontros e desencontros da população em situação de rua em Brasília com as instituições provedoras de serviços públicos em áreas diversas, como assistência social, saúde, segurança e documentação. Os autores argumentam que a eventual experiência de acesso aos serviços públicos por parte das pessoas em situação de rua resulta do envolvimento, do trabalho e da interferência de uma multiplicidade de outros agentes operando em processos de intermediação. Esses processos, além de reforçarem a percepção de que as relações com as instituições podem ser mediadas ou indiretas, chamam atenção para o caráter constituinte dos esforços aportados por outros na construção e reconstrução contínua e coletiva do acesso a serviços públicos. Além de apresentar o contexto de desenvolvimento da pesquisa, o artigo sistematiza contribuições teóricas importantes da antropologia da intermediação e analisa empiricamente os percursos e as experiências de pessoas em situação de rua no acesso a serviços públicos na região central de Brasília. Como conclusão, delineia-se uma agenda de pesquisa voltada para o aprofundamento da discussão sobre a intermediação no acesso a serviços públicos.