O texto chama atenção para duas características estruturais da economia brasileira, quais sejam, os fatos de o país ter construído ao longo dos anos um Estado de bem-estar social (EBS) muito impressionante, que parece mais forte e maduro do que nunca, e de o real brasileiro aparentemente ter se tornado uma commodity-currency ao longo deste século, o que significa dizer que tende a se valorizar quando os preços mundiais de commodities selecionadas sobem em dólares americanos. Argumenta-se que, embora relativamente negligenciadas na literatura, ambas as características desempenham papéis centrais no funcionamento da economia brasileira tanto no curto quanto no médio prazo. Um modelo formal de curto prazo – compatível com os dados das Contas Nacionais trimestrais – é apresentado para tornar o argumento tão claro quanto possível. Os insights do modelo são então usados para conceber trajetórias dinâmicas de médio prazo plausíveis, nas quais os preços das commodities e as instituições do EBS interagem de maneiras significativas.