As estratégias para a erradicação da pobreza constituem o ponto de partida para a agenda de desenvolvimento socioeconômico. A razão para isso reside na importância da pobreza como um indicador de bem-estar contemporâneo de uma sociedade e de seu efeito propagador de choques adversos ao longo dos anos e entre as gerações. De uma forma mais específica, a conexão entre a pobreza atual e a futura pode se dar a partir de uma série de mecanismos. A literatura especializada reconhece que os choques adversos in utero e na primeira infância afetam os resultados econômicos (desempenho escolar, renda e saúde, por exemplo) destes mesmos indivíduos na sua vida adulta. Ademais, as condições de vida dos pais podem ser decisivas para a saúde e o desenvolvimento humano dos filhos, unindo de forma perversa as gerações. No caso brasileiro, estima-se que a pobreza dos pais constitui o principal fator de propagação de choques negativos, contribuindo para a deterioração da saúde das crianças e para o aumento na incidência do trabalho infantil, entre outros.