Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

Energia

Efeito estufa e o setor energético brasileiro

Mendonça, Mario Jorge Cardoso de; Gutierrez, Maria Bernadete Gomes Pereira Sarmiento; Motta, Ronaldo Seroa da (Comentários e sugestões); Tourinho, Octávio (Contribuição); Neiva, Roberta Mendes (Coleta e processamento de dados);


Energia: Livros.

Publicado em: Abr-2000


Efeito estufa e o setor energético brasileiro

Esta pesquisa teve como objetivo lançar luz em três direções distintas, mas integradas, de modo a avaliar o impacto da produção e do consumo de energia no Brasil na sustentabilidade climática. Como pode ser observado, o bom desempenho dos indicadores climáticos, segundo o critério de Ayres (1996), se deveu preponderantemente à grande participação na matriz energética nacional das fontes renováveis — no caso a energia hidráulica para a produção de eletricidade — e à introdução da cana-de-açúcar como substituto do petróleo. Foi abordada em seguida a questão da integração entre a emissão de CO2, o consumo de energia e algumas variáveis macroeconômicas. A análise comparativa com outras economias mostrou que o Brasil apresenta uma situação confortável. Um fato importante diz respeito a sua taxa de crescimento populacional, que tem mostrado desaceleração. Assim, de acordo com a identidade de Kaya (1989), pode ocorrer que um aumento da intensidade energética seja compensado pela desaceleração da renda per capita e da população, fazendo com que haja diminuição da quantidade emitida de CO2. Por fim, foram identificados os diferentes focos de pressão que estariam induzindo ou não um aumento da intensidade agregada de CO2 no setor industrial brasileiro. Conforme foi mostrado, ao longo do período 1970/90, o fator fundamental foi a contínua elevação da intensidade energética. A pouca atenção dispensada ao gerenciamento dos processos industriais visando à economia de energia talvez tenha sido causada por uma política continuada de preços pouco realista para os insumos energéticos, principalmente a energia elétrica. Não obstante, essa perda de eficiência parece ter sido compensada pela mudança estrutural na indústria e pela substituição das fontes energéticas. A partir de 1990, observa-se uma modificação nesse cenário. As duas forças que foram capazes de compensar o aumento da intensidade energética não estariam atuando nessa direção. Embora o intervalo de tempo ainda seja curto, a abertura comercial parece estar induzindo para a deterioração da sustentabilidade climática na indústria. A perda de competitividade de setores nacionais menos intensivos no uso da energia estaria forçando uma realocação menos favorável. Além disso, existe a indicação de que o processo de substituição das fontes energéticas estaria se esgotando. Contudo, essa estagnação pode ser revertida se houver empenho na criação de incentivos que forcem a procura ou o uso de insumos energéticos mais limpos, ou até mesmo alternativos.

MAIS DETALHES * Abrirá no Repositório do Conhecimento do Ipea, em nova página.

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Temas: Energia -




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