A mudança do clima ameaça populações e ecossistemas. É na escala local que o impacto se manifesta e a adaptação é executada. Riscos e capacidades se distribuem de forma desigual no território e entre segmentos sociais. Reconhecer essa desigualdade é importante para uma governança adaptativa efetiva. O Distrito Federal é um caso emblemático. O crescimento de Brasília foi caracterizado por um intenso processo de marginalização urbana e criação de imensos contrastes socioeconômicos no território. A elevada concentração de renda nas regiões administrativas mais centrais distorce os indicadores socioeconômicos, o que pode dar a impressão de que a vulnerabilidade social é baixa. Entretanto, um olhar territorial mais detalhado revela grandes contrastes. Este texto reflete a desigualdade da vulnerabilidade social na interface com quatro seguranças: hídrica, energética, alimentar e econômica, discutindo dentro do campo da justiça climática. Para tal, utilizam-se indicadores elaborados a partir de bancos de dados oficiais. Os resultados explicitam a desigualdade territorial do Distrito Federal e apontam para a necessidade de avançar em análises subdistritais para orientar a política pública adaptativa.