Lima, Sandra Kitakawa; Galiza, Marcelo; Valadares, Alexandre Arbex; Alves, Fábio;
Agricultura, Pecuária e Pesca: Livros.
Publicado em: Fev-2020
Este estudo objetiva delinear o panorama atual da produção e do consumo de produtos orgânicos no mundo. A partir desse cenário, procura-se descrever e analisar as particularidades e os desafios para a produção e o consumo de orgânicos no Brasil, visando não somente ampliar a participação do país no mercado internacional, mas também garantir o acesso desses produtos à população brasileira, reconhecendo a diversidade da produção agrícola e a capilaridade das diferentes formas de agricultura existentes nas regiões como fatores potenciais para a produção de alimentos com menores impactos sociais e ambientais. Para tanto, analisam-se as informações do banco de dados sistematizado pela Federação Internacional de Movimentos de Agricultura Orgânica (Ifoam) e pelo Instituto de Pesquisa de Agricultura Orgânica (FiBL). Tal banco é atualizado anualmente e sua última edição, referente ao ano de 2017, consolida informações de 181 países. No caso brasileiro, outras bases e pesquisas realizadas por órgãos oficiais e representantes do setor foram consultadas, tais como: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (), Conselho Brasileiro da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), além de reportagens veiculadas pelos meios de comunicação sobre o tema. Tal diversidade se fez necessária para circundar melhor as informações sobre o setor de orgânicos brasileiro, visto que não existe um banco de dados sistematizado abrangendo diversos indicadores sobre o assunto. Os resultados mostram que a produção e o consumo de produtos orgânicos no mundo têm crescido significativamente, impulsionados pela expansão da demanda por alimentos e bebidas orgânicas nos países da Europa e da América do Norte, além da China. Desde 2000, o crescimento médio anual das vendas no varejo de produtos orgânicos no mundo foi superior a 11%, indicador que expressa o dinamismo desse setor, principalmente quando se compara tal resultado aos dados sobre vendas de produtos agrícolas básicos não orgânicos. A demanda internacional por produtos orgânicos tende a ascender continuamente ao longo dos próximos anos, uma vez que esses produtos têm sido progressivamente associados com maiores níveis de segurança e saúde aos consumidores e menores impactos sociais e ambientais. Esse crescimento dependerá, entretanto, do enfrentamento de alguns desafios, como o aumento progressivo de áreas cultiváveis convertidas em orgânicas e a grande concentração da demanda mundial. Ao olhar para o comércio mundial de orgânicos, destaca-se também que a padronização dos critérios de certificação é outro desafio importante colocado para o setor. No Brasil, a produção e o consumo de produtos orgânicos também aumentaram, mas em um ritmo mais lento. Além dos desafios mencionados, a concentração de terras e a predominância de monocultivos – que caracterizam o espaço agrário brasileiro – limitam o aumento da conversão e da diversificação produtiva, a conservação de sementes crioulas, o investimento e a difusão de pesquisas, experiências e inovações tecnológicas baseadas nos princípios da produção orgânica, entre outros. A própria ausência de dados oficiais sistemáticos sobre o setor é um entrave ao crescimento mais robusto da produção orgânica, uma vez que dificulta a elaboração de planos estratégicos e o dimensionamento da demanda a fim de organizar e priorizar os investimentos dos produtores e das empresas. Portanto, a ampliação da participação do país no promissor mercado internacional de produtos orgânicos e do acesso desses produtos à população brasileira depende de esforços adequados à dimensão e complexidade dos desafios.
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Temas: Agricultura, Pecuária e Pesca -