O Brasil está participando das negociações de diversos acordos de livre-comércio, sendo a Alca e o Mercosul-UE os mais importantes. O objetivo deste trabalho é estimar o impacto desses acordos sobre o emprego, segundo o grau de qualificação dos trabalhadores. Para isso, calcula-se o conteúdo de trabalho das exportações e importações e aplicam-se, em seguida, cenários de crescimento do comércio. Os cálculos mostram que o Brasil é um exportador líquido de trabalho, sendo significativamente maior o saldo total de empregos de menor qualificação. Em virtude da diferença na composição do comércio com os principais parceiros comerciais, para a União Européia (UE) o Brasil é um exportador líquido de trabalho menos qualificado e importador líquido de trabalho mais qualificado. Já com os Estados Unidos, as disparidades entre os saldos por categoria de qualificação são menores. As simulações mostram que nos três cenários — acordo Mercosul-UE, Alca e realização simultânea dos dois acordos — haveria uma geração de 3,1 milhões de empregos. A Alca geraria 15 mil empregos a mais que o acordo com a UE e 11 mil além do emprego gerado no terceiro cenário. A categoria mais beneficiada em todos os casos seria a de menor qualificação, sendo a Alca, para as categorias mais qualificadas, a opção mais interessante.