O Produto Interno Bruto (PIB) serve como uma representação final do desempenho econômico de um país, enquanto os resultados da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad) oferecem um retrato abrangente das condições de vida da população brasileira. Iniciada em 1967 e realizada anualmente a partir de 1971, a Pnad se expandiu gradualmente, incluindo informações da área rural de algumas regiões em 2004. A edição de 2004 revelou uma notável redução da desigualdade no Brasil, com uma queda de 8% na proporção de pessoas vivendo em condições de miséria de 2003 para 2004. Especialistas, como Sergei Soares do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), atribuem essa mudança a uma variedade de fatores, incluindo a diminuição da diferença salarial entre trabalhadores qualificados e não qualificados, a redução do desemprego, a expansão do programa Bolsa Família e a diminuição da disparidade de renda entre áreas urbanas e rurais. O economista Ricardo Paes de Barros destaca a queda acentuada da desigualdade, a menor desde o início da pesquisa, em 1970, e aponta para a combinação da valorização do salário mínimo com o Bolsa Família como possível explicação. No entanto, ele ressalta a complexidade do fenômeno e a necessidade de considerar iniciativas passadas que podem ter contribuído para os resultados de 2004. Apesar das comemorações pela redução da desigualdade, os especialistas reconhecem que os desafios futuros para o país também se tornam evidentes a partir desse novo patamar alcançado.