Cavalcante, Luiz Ricardo; Araújo, Bruno César Pino Oliveira de; Nelson, Richard (Comentários); Malerba, Franco (Comentários); Mani, Sunil (Comentários); Bisi, Ruben Antonio (Fornecimento de informações); Toledo, Demetrio (Comentários); Gomes, Leonardo (Comentários);
Indústria: Livros.
Publicado em: Dez-2013
O objetivo deste artigo é analisar os fatores que explicam a posição de liderança de mercado ocupada pela Marcopolo, que é o principal fabricante brasileiro de carrocerias de ônibus. Do ponto de vista metodológico, o trabalho é um estudo de caso baseado em uma revisão bibliográfica e em entrevistas. A hipótese subjacente é que alguns fatores idiossincráticos relativos ao mercado brasileiro levaram as multinacionais fabricantes de veículos de grande porte a renunciar à competição com os produtores brasileiros no segmento de carrocerias de ônibus. Em relação ao conjunto do setor automobilístico, a fabricação de carrocerias de ônibus é um segmento relativamente intensivo em mão de obra, com menores níveis de faturamento e menos intensivo em pesquisa e desenvolvimento (P&D), uma vez que as inovações tendem a ser incrementais. Essas características permitiram que as empresas brasileiras do setor conseguissem crescer em paralelo ao crescimento do mercado local e ditassem os padrões de relacionamento entre fornecedores e compradores. Para se tornar uma exportadora de veículos completamente desmontados (CKD), a Marcopolo precisou desenvolver capacidades tecnológicas relacionadas à produção enxuta, especialmente modularidade e plataformas de produtos ou famílias. Para desenvolver suas capacidades tecnológicas, a Marcopolo privilegiou as atividades internas de P&D e a integração vertical da cadeia de produção. Por outro lado, a cooperação da Marcopolo com universidades, centros de pesquisa e outras empresas do segmento de fabricação de carrocerias de ônibus não parece ser um elemento central para o acúmulo de capacitações tecnológicas e para a posição de liderança ocupada. Recentemente, a Marcopolo passou a enfatizar a internacionalização através da aquisição de plantas existentes, de joint-ventures e do envolvimento de fornecedores locais especialmente em países em desenvolvimento. Esses movimentos, no entanto, não se destinaram a ser uma fonte de novas tecnologias. Em suma, as estratégias e decisões adotadas pela Marcopolo estiveram à frente da retórica das políticas públicas adotadas e das tendências do mercado no Brasil. Essas estratégias foram claramente mais arriscadas, mas, uma vez bem sucedidas, ajudam a entender a posição de liderança da Marcopolo.
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