Este artigo analisa o papel das petrolíferas estatais latino-americanas na transição energética. A América Latina apresenta um grande potencial para a substituição das fontes fósseis por energias renováveis e possui importantes reservas de minerais críticos, como o lítio. Há, no entanto, diversos obstáculos a serem superados. Entre eles, destacam-se a falta de recursos financeiros para investimentos em descarbonização, o baixo crescimento econômico e as políticas de austeridade fiscal diante do custo da transição. Nesse contexto de transformação da indústria energética, as empresas estatais de petróleo desempenham um papel crucial, pois possuem capacidade produtiva e financeira. Essas empresas enfrentam o desafio de conciliar a produção de petróleo e gás (P&G) para garantir o abastecimento interno e o potencial exportador com as decisões de investimento em energias limpas para substituir gradualmente os combustíveis fósseis. A maioria dos países da região não possui estratégias de médio e longo prazo para lidar com esses desafios. Enquanto as empresas petrolíferas transnacionais do Norte global, em particular as europeias, têm buscado se reconfigurar como “empresas de energia” e investir em fontes renováveis, as principais empresas estatais latino-americanas – entre as quais, Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), Petróleos Mexicanos (Pemex), Yacimientos Petrolíferos Fiscales (YPF) e Empresa Colombiana de Petróleos S.A. (Ecopetrol), analisadas neste artigo – têm seguido múltiplos caminhos na transição para uma economia de baixo carbono. A estratégia de cada empresa tem sido influenciada por fatores como a existência de reservas, o histórico de uso de energia e políticas governamentais diferenciadas. Neste cenário, conclui-se que as empresas de petróleo são peças-chave para a transição energética na América Latina, pois são capazes de utilizar seu peso econômico para impulsionar as transformações econômicas necessárias neste processo e potencializar a utilização dos abundantes recursos renováveis da região