Silvestre, Célia Maria Foster;
Desenvolvimento Social: Artigos.
Publicado em: Abr-2025
As reflexões apresentadas neste artigo se debruçam sobre um dos episódios de violência envolvendo as forças de segurança pública do estado de Mato Grosso do Sul, proprietários rurais e coletivos indígenas kaiowá e guarani, em Amambai/Mato Grosso do Sul, que ficou conhecido como o Massacre de Guapo’y. Os coletivos kaiowá e guarani viveram e continuam vivendo um processo intenso de expropriação de suas terras, reforçado pelas políticas de estado para a colonização da região de fronteira após a Guerra da Tríplice Aliança. Transcorridos cerca de cem anos, a constituição de reservas indígenas no então estado de Mato Grosso, no primeiro quarto do século XX, continua a produzir repercussão, de muitas e variadas formas, sobre corpos e modos de existência indígenas contemporâneos. No município de Amambai, sobreposto aos territórios kaiowá e guarani, foram estabelecidas duas reservas indígenas: Amambai/Guapo’y e Limão Verde. A região como um todo foi/é território ancestral kaiowá e guarani, compondo um grande território – tekoha guasu – no qual os Kaiowá praticavam o ava reko – modo de vida indígena, modo de vida verdadeiro. Em 2022, um grupo familiar decidiu ocupar uma área contígua à reserva e foi violentamente atacado, em uma ação das forças militares, forjada em conivência com o então capitão da aldeia e autorizada pela Secretaria de Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, episódio que resultou na morte de uma pessoa e em ferimentos gravíssimos em crianças e adultos. O episódio é representativo da condição histórica de violação dos direitos humanos dos coletivos indígenas e do favorecimento do agronegócio no estado de Mato Grosso do Sul. Nesse sentido, o objetivo deste texto é analisar os conflitos atuais em Mato Grosso do Sul à luz do processo histórico de usurpação das terras indígenas, evidenciando o Massacre de Guapo’y como emblemático do descaso do Estado com as vidas indígenas.
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