#04 – Junho de 2025
Veja nesta edição:
- Destaques: judicialização da saúde; governança ambiental no Brasil
- Ponto Ipea: parceria entre Ipea e MEC para pesquisas sobre programas de Educação Básica
- Zoom: planejamento habitacional
- Em números: queda no número de homicídios, expectativa de vida e morte de pessoas idosas no Brasil
- De olho: planejamento por cenários; combate ao racismo ambiental; Política Nacional de Desenvolvimento Regional; parceria com Enap; fundos constitucionais de financiamento regional
- Marque na agenda: seminários sobre mudança climática e sobre trabalhadores da área de cultura; inscrições para Mestrado Profissional em Políticas Públicas e Desenvolvimento
Judicialização consome 33% do orçamento de medicamentos dos estados
A judicialização da saúde consome parte significativa do orçamento de estados e municípios no SUS, revela pesquisa do Ipea. Em 2023, os gastos com medicamentos judicializados representaram 32,9% do total despendido por estados em assistência farmacêutica e 8,4% pelos municípios. Todos os estados e 58,7% dos municípios (1.094) registraram despesas com ações judiciais, com maior concentração no Centro-Oeste (80,5%) e Sudeste (73,3%).
O estudo também aponta mudanças no financiamento: entre 2019 e 2023, municípios aumentaram em 40% seus gastos com medicamentos, enquanto repasses federais caíram 21% e estaduais, 22%. Em 2023, 85% desses custos foram bancados por recursos próprios municipais. Nos estados, os recursos próprios também predominaram, com alta de 25,1% nos gastos. Os dados reforçam a urgência de revisão do financiamento e da gestão da assistência farmacêutica no SUS, visando garantir acesso eficiente e sustentável a medicamentos.
Ipea e Ministério do Meio Ambiente lançam pesquisa para fortalecer a governança ambiental no Brasil
Para identificar dificuldades e propor melhorias na gestão ambiental, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), promove a pesquisa Plano de Governança Ambiental para o fortalecimento do Sistema Nacional do Meio Ambiente (Sisnama).
O questionário está disponível até 20 de junho e aborda temas como estrutura da gestão, problemas ambientais locais, orçamento, participação social e integração entre políticas.
Quem pode participar? O público é amplo, queremos ouvir a opinião de servidores, membros de colegiados, acadêmicos e representantes da sociedade civil. Pesquisadores que atuam com entidades como Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), MMA, Ibama, ICMBio e órgãos estaduais e municipais de Meio Ambiente têm muito a contribuir.
Crédito: Diego Campos/CNI
Fórum Acadêmico do BRICS reúne delegação de nove países em Brasília
Nos dias 25 e 26 de junho acontecerá, em Brasília, o Fórum Acadêmico do BRICS (Fabrics). Coordenado pelo Ipea, o evento reunirá especialistas internacionais, para discutir temas como inteligência artificial, saúde global, mudanças climáticas, comércio, investimentos e finanças. O evento será transmitido pelo canal do Ipea no YouTube.

Educação básica
O Ipea e o Ministério da Educação (MEC) firmaram uma grande parceria para realização de pesquisas sobre financiamento e programas da Educação Básica no Brasil. Pé-de-Meia, Escola em Tempo Integral, Compromisso Criança Alfabetizada são alguns dos programas que serão estudados
O coordenador de Educação do Ipea, Paulo Meyer Nascimento, e o diretor de Monitoramento, Avaliação e Manutenção do MEC, Valdor Wathier, conversaram com a Pilar sobre o projeto e explicaram como pesquisas estratégicas podem apoiar a formulação e a avaliação de políticas educacionais. Assista aqui.

Política habitacional no Brasil
O Plano Nacional de Habitação é uma estratégia de longo prazo para garantir moradia digna para todos. O Ipea tem uma parceria com o Ministério da Cidades (MCid) para ajudar na elaboração da nova versão do plano, o PlanHab 2040.
Desafios. Habitações precárias, coabitação familiar, gasto excessivo com aluguel, grandes disparidades regionais, incertezas quanto a fonte de recursos, mudanças climáticas e demográficas. Essas são questões que devem ser enfrentadas por um planejamento habitacional que vá além do enfrentamento ao já conhecido déficit de moradias.
Favelização. O crescimento das favelas, por exemplo, é um grande desafio dos centros urbanos. Hoje, 16,4 milhões de pessoas vivem em favelas no Brasil, o que representa 8,1% da população. Em Manaus (AM), quase 54% da população está morando em periferias e comunidades urbanas, um reflexo, segundo especialistas, da pressão por aluguéis inacessíveis e da pandemia.
Os dados foram apresentados na primeira oficina realizada sobre o PlanHab 2040. “A proposta é rever e atualizar os eixos estratégicos e os programas que estão dentro do plano. Também há um esforço grande de organizar bancos de dados sobre programas habitacionais, para que os dados sejam acessíveis para gestores e pesquisadores, de atualizar projeções e cenários e de criar indicadores para acompanhamento”, explicou a coordenadora do projeto, Rute Imanishi.
Indo mais fundo. Na temática das melhorias habitacionais, o Ipea está avançando no mapeamento das Organizações da Sociedade Civil (OSC) que trabalham com Assistência Técnica para Habitações de Interesse Social (ATHIS), um direito assegurado para todas as famílias com renda de até três salários-mínimos, de forma pública e gratuita, para construção ou reforma de suas casas (Lei nº 11.888/2008). Mapear como essa economia se desenvolve e fomentá-la é uma política fundamental, se considerarmos que mais de 13 milhões de famílias brasileiras moram em domicílios com pelo menos uma inadequação, como falta de banheiro, problemas estruturais, questões relacionadas a iluminação e ventilação. Até agora, 387 OSC que desenvolvem trabalhos nesse escopo já foram identificadas – antes do início do projeto, apenas oito estavam mapeadas pelo Estado brasileiro.
Audiência pública. A instituição de uma política de ATHIS foi tema de uma audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados no dia 10 de junho. O evento contou com a participação do técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, Renato Balbim. Assista na íntegra (COLOCAR LINK).

O ‘Em Números’ desta edição traz informações do Atlas da Violência 2025, lançado em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O documento traz um retrato sobre a dinâmica dos homicídios e apresenta temas importantes a serem discutidos no país.
Nesta edição, o destaque foi para a redução de homicídios, com um total 45.747 de mortes violentas em 2023, garantindo a menor taxa em 11 anos. O país teve 21,2 registros em cada 100 mil habitantes, uma redução de 2,3% na comparação com 2022.
Outro recorte deste ano foi o de expectativa de vida e morte de pessoas idosas:
- 3,2 anos. Essa é a redução na expectativa de vida masculina devido a mortes por causas externas (homicídio, queda e acidente de transporte): aumentaria de 72,1 anos para 75,3 em 2023, se não fossem essas causas.
- 5,7%. Essa foi a queda na probabilidade de um homem alcançar a velhice (60 anos) em 2023, por conta desses óbitos por causas externas. A chance cai de 85,5% para 79,8%. A diferença é ainda maior se a variável raça/cor for considerada.
- 14,2 vs 8,8 – Essas foram as taxas de mortalidade de homicídio de idosos por 100 mil habitantes em 2023 para homens negros e não negros, respectivamente. Ou seja, ela foi 61,3% mais alta para o primeiro grupo.
- 1,6 – Manteve-se estável em 1,6 por 100 mil habitantes a taxa de homicídios de mulheres idosas negras em 2023, enquanto para não negras ela subiu de 1,4 para 1,5 por 100 mil.

- Ipea assessora 36 dos 38 ministérios do governo federal com pesquisas, propostas e avaliação de políticas públicas
- Brasil e União Europeia discutem cenários futuros para moldar políticas públicas com visão estratégica
- Ipea apoia MIDR no monitoramento da Política Nacional de Desenvolvimento Regional
- Ipea assina acordo de cooperação com Escola Nacional de Administração Pública
- Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste tem aplicação mais equilibrada entre os estados que fundos do Norte e do Nordeste
- Mestrado Profissional em Políticas Púbicas e Desenvolvimento: inscrições estão abertas até o dia 26 de junho. O curso é gratuito, presencial em Brasília e voltado a empregados e servidores públicos. Parte das 25 vagas são para pessoas negras e indígenas e pessoas com deficiência. Os projetos de pesquisa deverão estar alinhados à Agenda Estratégica 2024-2026. Mais informações aqui.
- O Fórum Acadêmico do BRICS, o FABRICS, será palco de debates entre pesquisadores e membros dos BTTC. O encontro, que acontece nos dias 25 e 26 de junho, em Brasília, vai debater saúde, inovação e equidade, inteligência artificial, comércio, investimento e finanças e reformas do sistema de paz e segurança serão os temas prioritários. Acompanhe a transmissão no Youtube.



