#03 – Maio de 2025

Veja nesta edição:

  • Destaques: Gasto público de origem parlamentar no Brasil | Protótipo do Protocolo de Igualdade Racial | Transferência tecnológica em saúde | Brasil e Cepal
  • Ponto Ipea: Programa de Incentivo à Pesquisa Aplicada
  • Zoom: BRICS
  • Em números: Baixa fiscalização explica informalidade mesmo em cenário de baixo desemprego | Criminalidade na região Centro-Oeste
  • De olho: últimas notícias sobre o Ipea
  • Marque na agenda: Atlas da Violência | Lançamento do Boletim Radar

Ipea analisa perfil dos gastos públicos derivados de emendas parlamentares no Brasil

Emendas parlamentares vêm assumindo papel cada vez mais relevante na composição do orçamento federal, mas o tamanho e o impacto desse gasto variam entre setores. Para compreender melhor essas dinâmicas, um estudo está sendo conduzido pelo Ipea a partir de uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic).

Na primeira etapa, foi feito um estudo descritivo do perfil dos gastos públicos derivados de emendas parlamentares em políticas de educação, saúde e emprego, além de uma revisão da literatura sobre gasto público de origem parlamentar no Brasil.

Resultados preliminares. Em 2023, as emendas parlamentares representaram 52,5% dos gastos discricionários em saúde. Em 2014, significavam 18,6%. Com exceção do ano de 2015, ao longo da série houve aumento contínuo da participação das emendas tanto nas despesas totais do Ministério da Saúde (de 2,9% para 11,8%) quanto nas despesas em ações e serviços públicos de saúde – ASPS (de 3,1% para 12,6%).

Nas políticas de educação e emprego, a participação das emendas parlamentares nos gastos discricionários, em 2023, foi de 5% e 14,95%, respectivamente. O aumento foi significativo, se comparado a 2014, quando as emendas parlamentares representavam menos de 1% das despesas discricionárias em ambos os setores.

Próximos passos. Na segunda fase, será feita análise de impacto das emendas nesses setores e uma análise institucional das regras vigentes, para identificar o quanto elas impactam as relações entre os poderes Executivo e Legislativo. Saiba mais.

Com apoio do Ipea, MIR avança na construção do Protocolo de Igualdade Racial

O Ipea sediou a oficina final de um processo iniciado em fevereiro para a construção do Protocolo de Igualdade Racial. Durante a atividade, foi apresentado o protótipo do documento e suas elaborações preliminares.

Desenvolvido em parceria entre o Ministério da Igualdade Racial (MIR), a Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e a Plataforma Inclua, do Ipea, o protocolo visa orientar gestores públicos no enfrentamento ao racismo e na promoção da equidade racial, com metodologias baseadas em evidências e design thinking. O encontro também definiu os próximos passos para a implementação da ferramenta, que integrará o programa Formação e Iniciativas Antirracistas (Fiar).

Ao longo de nove encontros, o grupo de trabalho – que, além do Ipea, inclui instituições como Iphan, CGU, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil – estruturou diretrizes para transversalizar a igualdade racial nas políticas públicas, desde o atendimento inclusivo até o combate a discriminações institucionais. O protótipo reflete esse esforço coletivo, consolidando metodologias e boas práticas que serão testadas e aprimoradas antes da versão final. A iniciativa reforça o compromisso do Ipea com assessoramento técnico para políticas públicas estruturantes.

Foto: Helio Montferre/Ipea

Saúde: Brasil prepara avaliação pioneira de modelo inovador de transferência tecnológica

Um estudo inédito no cenário nacional está em elaboração para avaliar as Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), política inovadora do Ministério da Saúde, que conecta laboratórios privados e públicos em acordos de transferência de tecnologia. Com previsão de lançamento para o segundo semestre de 2025, o livro analisa casos concretos dessas parcerias - incluindo experiências em instituições como Butantan, Bio-Manguinhos/Fiocruz e Instituto Vital Brasil -, examinando desde aspectos de propriedade intelectual até os fatores que determinam o sucesso ou fracasso na capacitação tecnológica.

A iniciativa consolida um trabalho iniciado em 2022, que já resultou no livro "Tecnologias e preços no mercado de medicamentos", lançado ano passado durante as comemorações pelos 60 anos do Ipea. Enquanto a primeira publicação mapeou o ecossistema farmacêutico nacional, esta nova análise se concentra no modelo singular das PDPs – onde laboratórios públicos aprendem a produzir medicamentos já existentes.

Cooperação para agenda antirracista na América Latina

Durante a 8ª reunião do Fórum da América Latina e Caribe sobre Desenvolvimento Sustentável, no Chile, a presidenta Luciana Mendes Santos Servo participou do evento de assinatura de um acordo entre o Ministério da Igualdade Racial (MIR) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) da Organização das Nações Unidas (ONU) para avançar no enfrentamento das desigualdades étnico-raciais na região. Na ocasião, a presidenta destacou a urgência de ações coordenadas contra o racismo, com foco especial nas mulheres negras.

Ponto Ipea

O Ipea acaba de lançar o Programa de Incentivo à Pesquisa Aplicada (Pipa). Ele aprimora e deixa mais claras as regras para o nosso programa de bolsas, além de trazer novidades como chamadas públicas unificadas, limite de permanência no programa e cotas étnico-raciais, de gênero e para pessoas com deficiência.

Gustavo Camilo Baptista, coordenador de apoio à Pesquisa do Ipea, dá mais informações sobre a iniciativa. Para conhecer as chamadas públicas para bolsas de pesquisa no Ipea, acesse o site.


Zoom

O Ipea assume um papel central na presidência brasileira do BRICS em 2025 como representante nacional no Conselho de Think Tanks (BTTC) e na Rede de Think Tanks para Finanças (BTTNF) – os principais mecanismos de produção intelectual do bloco. A dupla representação coloca o Instituto como eixo fundamental na construção da agenda "Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável", lema que orienta a atuação brasileira no grupo.

Recomendações. O BTTC entregou 23 recomendações sobre políticas públicas aos líderes do BRICS. Entre elas, a criação de um Conselho Permanente de Ministros de Saúde, que pode ajudar os países membros a traçarem soluções coordenadas e atuarem de forma alinhada nos fóruns de discussão globais, e o estabelecimento de uma Rede de Instituições de Pesquisa em Engenharia, para facilitar a colaboração, a troca de experiências e transferência de tecnologia entre os países do bloco.

Falando em troca de experiências... Este ano, o Fórum Acadêmico do BRICS, o FABRICS, será palco de debates entre pesquisadores e membros dos BTTC. Saúde, inovação e equidade, inteligência artificial, comércio, investimento e finanças e reformas do sistema de paz e segurança serão os temas prioritários. O encontro acontece nos dias 25 e 26 de junho, em Brasília.

Em números
  • 34,2 mil para 1: essa é a proporção de trabalhadores por auditor fiscal no Brasil – menos da metade do mínimo recomendado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). A consequência é que, enquanto o desemprego atinge o menor nível desde 2012, a informalidade entre assalariados alcança 31,77%, a maior taxa do período. Um estudo do Ipea mostra ainda que a contratação de 1.800 novos auditores geraria R$ 879 milhões em arrecadação anual, superando em 57% os custos com as contratações.
  • 30,3 homicídios por 100 mil habitantes: a taxa recorde coloca o Mato Grosso como o estado mais violento do Centro-Oeste em 2022, segundo o BAPI 38. A região segue como a 3ª mais perigosa do país, com dados alarmantes: 82% das vítimas de homicídio no Distrito Federal são negras e, no Mato Grosso do Sul, indígenas representam 6,6% dos assassinados (16,5 vezes acima da média nacional).
De olho
Marque na agenda
  • Lançamento do Atlas da Violência 2025: referência nacional no diagnóstico da violência, o Atlas será lançado na Biblioteca Parque Estadual, no Rio de Janeiro, no dia 12 de maio, a partir das 10h. Neste ano, a publicação foi selecionada como material de apoio para o Prêmio Fernando Pacheco Jordão do Instituto Vladimir Herzog, que tem como tema "Retrato das Violências no Brasil".
  • Lançamento da Edição nº 78 do Boletim Radar: publicação focada em tecnologia, produção e comércio exterior será lançada no dia 12 de maio, das 14h às 15h30, na sede do Ipea, em Brasília. Com transmissão pelo YouTube.