Marco Aurélio Garcia participou de seminário no Ipea

Marco Aurélio Garcia participou de seminário no Ipea
 Assessor da Presidência da República para Assuntos Internacionais falou sobre as Políticas Externas do Brasil no médio prazo

"As instituições hoje estão caducas e o que estamos vendo hoje são instituições provisórias (G8, G20). Por isso, estamos insistindo no fortalecimento, na reconstrução da legitimidade, da representatividade das Nações Unidas". A afirmação é do assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, que debateu o novo papel do Brasil no mundo nesta segunda-feira, 14, em Brasília.

O seminário Prioridades e Desafios da Política Externa Brasileira no Médio Prazo foi promovido pela Diretoria de Estudos, Cooperação Técnica e Políticas Internacionais (Dicod) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e contou com a participação do presidente do Ipea, Marcio Pochmann, de pesquisadores e de técnicos do Instituto.

O assessor explicou que o Brasil, apesar de ter um excelente mecanismo de política externa como o Itamaraty, se revelou despreparado, no passado, para assumir uma postura mais relevante no cenário internacional. Segundo ele, a visibilidade que o País conquistou recentemente no âmbito internacional se deve ao fato de o Brasil ter enfrentado de forma articulada grandes desafios como o crescimento econômico, distribuição de renda, equilíbrio macro-econômico e redução da vulnerabilidade externa, em um marco da democracia. A convergência desses fatores e os acertos da política externa no sentido de definir que lugar o Brasil deve ocupar no mundo permitiram o lugar de destaque que o País ocupa hoje.

Garcia ressaltou que a transformação do modelo de unilateralismo, centrado pelos Estados Unidos, para o multilateralismo exige que o Brasil qualifique melhor sua intervenção internacional e lute por uma mudança das instituições da governança mundial. A estratégia para o Brasil ser um pólo nesse cenário seria sua integração com a América do Sul, a fim de se fortalecer.   

O assessor defendeu o estímulo a projetos de integração física, energética e produtiva, seja no domínio industrial seja no agrícola para resolver as assimetrias na América do Sul. "Não podemos ficar na situação de exportar quase tudo para esses países e importar muito pouco. É preciso diversificar as economias. Isso é importante pela relação comercial que eles possam manter e também do ponto de vista interno, que vai significar uma diversificação social saudável", afirmou.

Ao final, Garcia apontou a parceria com o Ipea como relevante não só para que o governo brasileiro tenha informações mais acuradas sobre o desenvolvimento da economia internacional, mas também para que possa intervir mais diretamente na articulação econômica com outros países. A próxima reunião do assessor com o grupo de trabalho formado pelos técnicos do Instituto está prevista para a primeira quinzena de janeiro.

 

 A iniciativa do seminário faz parte da estratégia do Ipea de ampliar o conhecimento sobre as políticas internacionais, que incluiu a criação de uma área específica para tratar do tema na Dicod e a abertura de vagas no último concurso público, realizado no ano passado. Desde o início de 2009, 15 técnicos da área internacional tomaram posse e têm se encontrado com pessoas-chave de dentro e fora do governo para tratar dos desafios e potencialidades do Brasil na área.