Problemas e oportunidades de Brasília em debate no Ipea

Problemas e oportunidades de Brasília em debate no Ipea

Seminário Brasília 50 anos colocou em pauta temas como mobilidade, turismo, trânsito e urbanização na capital federal

Foto: Sidney Murrieta
Aldo Paviani, da UnB, comentou os trabalhos
apresentados durante o seminário no Ipea

Técnicos, coordenadores e a diretora de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur), Liana Carleial, além de especialistas de outras instituições, participaram na terça-feira, dia 20, do seminário Brasília 50 anos. O evento ocorreu logo após a divulgação do Comunicado do Ipea n° 44, Brasília: impactos econômicos da capital no Centro-Oeste e no País, que avalia os 50 anos da capital do ponto de vista econômico-social. Aberto ao público, o seminário discutiu temas como configuração urbana, tempo de viagem em veículos de transporte, incidência de acidentes de trânsito e importância do turismo.

Pesquisador visitante do Ipea, arquiteto urbanista formado pela Universidade de Brasília (UnB) e doutor em desenvolvimento sustentável pela mesma universidade em co-tutela com a Universidade de Valladolid na Espanha, Sérgio Jatobá falou sobre o crescimento urbano na jovem metrópole. “É a terceira metrópole regional do País, após São Paulo e Rio de Janeiro, e a que tem maior potencial de crescimento nos próximos anos, por características morfológicas, econômicas e, no contraponto, ambientais”, explicou o urbanista.

Jatobá apontou especificidades de Brasília, como a descontinuidade do tecido urbano e o fato de ser pouco compacta. A cidade apresenta concentração de empregos no Plano Piloto, e de população na periferia. “Quase 92% da economia local tem relação com os serviços públicos. Há disparidade entre Brasília e a periferia. O PIB do DF é de R$ 43 bilhões, enquanto o do entorno é de R$ 3 bilhões. Isso mostra o quanto é grande a desigualdade entre o município polo e a periferia metropolitana.”

Em seguida, Rafael Pereira, técnico de planejamento e pesquisa da Dirur, falou sobre mobilidade no Distrito Federal. Ele lembrou que a quantidade de carros por habitante pulou para 42/43 em cada 100. E ressaltou as desigualdades entre Plano Piloto e entorno. “Basta lembrar que, em 2000, Brasília era residência de 11,2% da população do DF, enquanto 23% estudavam em Brasília e 45% aqui trabalhavam”, afirmou.

O tema da mobilidade teve sequência com a apresentação de Carlos Henrique Carvalho, também técnico da Dirur, sobre violência no trânsito do DF. O pesquisador disse que Brasília é a única das grandes cidades do País onde o transporte coletivo tem participação menor que o individual. “Nas cidades com mais de 1 milhão de habitantes, em média 36% das viagens são coletivas, e 30% individuais. No DF, são 33% contra 37%”, disse. Carvalho recuperou dados de um estudo do Ipea sobre o custo por acidente de trânsito. Segundo ele, o prejuízo é de R$ 500 mil a cada desastre com fatalidade, com impacto na perda de produtividade, nos custos hospitalares e demais perdas materiais.

Margarida Hatem, que realiza no Ipea pesquisas sobre turismo, disse que o setor avança em ritmo acelerado no DF, puxado principalmente pelos empregos em transportes, alimentação e alojamento. Ao fim do evento, o geógrafo e professor emérito da UnB Aldo Paviani comentou os trabalhos apresentados. “Para tornar a capital mais humana e exequível, é preciso pensar em um modelo diverso, descentralizando, portanto”, declarou. O seminário foi moderado por Carlos Wagner, técnico da Dirur, e teve transmissão on-line pelos sites www.ipea.gov.br e www.ipea.gov.br.