No Brasil, 56 municípios concentram 47% da renda

No Brasil, 56 municípios concentram 47% da renda

Comunicado do Ipea n° 60 divulgado na quinta-feira, 12, analisou evolução da renda no país entre 1920 e 2007

Enquanto 1% dos municípios brasileiros mais ricos concentrava 21% da riqueza do País em 1920, em 2007 a concentração dessa riqueza subiu para 47% nos 56 municípios mais ricos. É o que revela o Comunicado do Ipea nº 60 – Desigualdade da Renda no Território Brasileiro, apresentado pelo presidente do Instituto, Marcio Pochmann, na quinta-feira (12), na sede do Instituto, em Brasília

O estudo analisa a desigualdade e concentração de renda por meio dos Produtos Internos Brutos (PIBs) e PIBs per capita nos municípios e teve como referência os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), considerando um período de quase 90 anos – de 1920 a 2007. O Comunicado aponta que os 40% dos municípios mais pobres respondem por apenas 4,7% do PIB do Brasil. No caso dos municípios entre os 70% mais pobres, a participação caiu de 31,2% em 1920 para apenas 14,7% em 2007. E somente 556 municípios, 10% dos municípios brasileiros, respondem por quase 4/5 da renda do País.

Pochmann alertou que a concentração é muito mais intensa do ponto de vista de alguns municípios do que a distribuição da renda por indivíduos. Segundo ele, as causas estão relacionadas ao fato de o Brasil ter tido projetos de desenvolvimento fortemente concentrados no espaço territorial.

“É fundamental que o Brasil passe a ter uma política nacional de desenvolvimento das regiões e das localidades. Aprofunde investimentos públicos e privados em termos de infraestrutura econômica social com mais municípios possíveis. É necessário levar o desenvolvimento econômico para aqueles municípios mais débeis, que dependem justamente de políticas nacionais e estaduais”, avaliou o presidente do Ipea.

Estados
De 1996 a 2007, o grau de desigualdade dos PIBs dos municípios aumentou somente no Espírito Santo (3,7%) e no Mato Grosso do Sul (1,9%). Nos demais estados, houve queda da concentração de renda. Os estados com maior baixa no índice de Gini, entre esse período, foram Acre (diminuição de 13,5%), Sergipe (queda de 11,3%) e Rondônia (baixa de 9,0%). Goiás (queda de 0,3%) e São Paulo (recuo de 1,3%) apresentaram as menores reduções na desigualdade territorial da renda.

O Comunicado mostra ainda que os estados com maior expansão dos PIBs municipais foram Tocantins, Maranhão e Mato Grosso do Sul. Porém, o presidente do Ipea ressaltou que o crescimento econômico não significa necessariamente melhor distribuição de renda entre a população.“É muito comum no Brasil a concentração da riqueza com a pobreza, especialmente pelo fato de que a renda gerada termina sendo concentrada em poucas pessoas. Essa renda é muito concentrada também em poucos municípios, o que ajuda o Brasil a ser detentor de um dos piores indicadores de desigualdade de renda”, afirmou Pochmann.

A publicação contém, ainda, um anexo com os PIBs dos municípios em valores reais em anos selecionados.

Leia a íntegra do Comunicado do Ipea nº 60

Veja a tabela com o PIB dos municípios em anos selecionados