Censo 2010 aperfeiçoará as políticas públicas

Censo 2010 aperfeiçoará as políticas públicas


Desigualdade e demografia brasileira foram alguns dos temas abordados em evento com jornalistas estrangeiros 

O diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Jorge Abrahão de Castro, mostrou a diversos jornalistas da imprensa internacional, no Rio de Janeiro, como o Instituto utiliza as informações dos censos brasileiros para a formulação de políticas públicas.

“O Censo Demográfico 2010 possibilitará verificar sucessos e insucessos das políticas sociais e se o Brasil atingiu as metas”, informou o diretor nesta segunda-feira, dia 16. O encontro Importância do Censo para a elaboração de políticas públicas, reforço da cidadania e os elementos de pesquisa adicionais que o Censo 2010 trará fez parte do Projeto Imagem da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal (Secom), que tem por objetivo construir e reforçar a imagem do Brasil no exterior.

“O Censo nos fará checar dois fatos importantes para as políticas públicas: a queda da pobreza e da desigualdade. E confirmar se estamos em um período virtuoso”, disse Abrahão. Ele contou que, no Brasil, 8 milhões de pessoas (4,8%) estão na linha de pobreza da Organização das Nações Unidas (ONU). Além disso, a pobreza extrema decresce desde 1999, enquanto a população brasileira cresce.

Transição
O diretor chamou a atenção para a questão demográfica. O Censo deste ano, segundo ele, pode comprovar a grande velocidade da transição demográfica para o futuro. “A população está envelhecendo, e a base da pirâmide está achatando. Em 2040, a População Economicamente Ativa (PEA) deve permanecer estável, mas a população mais velha vai aumentar. Isso tem muito a ver com a queda da fecundidade, afinal, a taxa média brasileira é de 1,8 filho, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2008”, afirmou.

No Brasil, apenas 5% dos idosos acima de 60 anos são pobres. Abrahão acredita que, se fizer o levantamento sem as políticas sociais, esse número salta para 50%. Só no estado do Rio de Janeiro, que concentra 12% da população idosa do Brasil, um quarto da renda provém das transferências monetárias do Governo (pensões, aposentadorias etc.). “O Censo ajudará a saber quanto é isso hoje”, afirmou. Aos jornalistas, explicou que, em 1978, os programas sociais representavam 8,1% da renda das famílias. Hoje, são quase 20%. Em alguns estados brasileiros chegam a 30%.

Com as informações do Censo, o Ipea poderá fazer uma análise das regiões, estados e municípios brasileiros. A pobreza, a demografia, a distribuição de renda e o envelhecimento da população são alguns dos pontos que poderão ser mais bem estudados. “Com o Censo, poderemos localizar melhor cada ponto, e a partir daí orientar nossas políticas públicas”, acrescentou.

Abrahão comentou ainda os números muito desiguais das regiões brasileiras. “Daí a importância do Censo, porque as outras pesquisas amostrais não dão a dimensão do que é o Brasil, com uma população é muito heterogênea”, diz.

O Censo Demográfico é feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e começou em 1° de agosto, com previsão de término para 31 de outubro.