Autoridades avaliam modelos de desenvolvimento na Code

Autoridades avaliam modelos de desenvolvimento na Code

Painel sobre fortalecimento do Estado teve participação do secretário Luiz Azevedo, Bresser, e do ministro Dulci


Luiz Carlos Bresser Pereira, membro do Conselho de Orientação do Ipea, abriu o painel IV no segundo dia da 1° Conferencia do Desenvolvimento, sobre Fortalecimento do Estado, das instituições e da democracia. Ele afirmou que o desafio da democracia e da justiça social que começou nos anos 70 e foi enfrentado por meio do gasto social do Estado foi feito às custas do desenvolvimento. “Entre 1930 e 1980, o Brasil cresceu muito. A partir da década de 80, quase pára e agora retoma, mas sem estabilidade. Ao enfrentarmos esse desafio, sacrificamos o objetivo da nação e do desenvolvimento”, disse.

Bresser defendeu um novo desenvolvimentismo, baseado na modernização do nacional desenvolvimentismo de Vargas e uma alternativa ao consenso de Washington e à ortodoxia convencional. “Não é simplesmente uma atualização do desenvolvimentismo, mas um Estado que atue estrategicamente, com política industrial e macroeconômica”, afirmou.

Destacou ainda que o crescimento insuficiente dos salários é um grande obstáculo para o desenvolvimento, além da má administração da taxa de câmbio. Para o Brasil crescer, deve ter poupança interna e limitar a entrada de capitais estrangeiros_ “só quando as multinacionais trazem tecnologia vale à pena.”

Investimento produtivo e gasto social

O ministro Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência da República, ressaltou que as políticas adotadas no governo Lula não foram apenas uma continuidade da gestão anterior, pois obtiveram resultados diferentes. “Lula se afastou do neoliberalismo, mas foi uma construção gradativa, uma nova estratégia. Nunca propôs ruptura. Esse modelo surpreendeu não só os porta vozes do neolibelismo, pois não materializou os estereótipos de uma esquerda brasileira.”

De acordo com Dulci, o ex-presidente Lula realizou varias sínteses, superando contradições falsas como a polarização entre estabilidade e crescimento, provando que não é possível crescer a uma taxa de 5% ao ano com inflação baixa. “A melhor maneira de assegurar a estabilidade é promovendo o crescimento.”

O ministro enumerou outras dicotomias falsas que o governo evidenciou não ser incompatíveis como dinamizar as exportações e o mercado interno, mercado e a atuação do Estado, democracia direta e participativa, investimento produtivo e gasto social. “O salário mínimo é um poderoso fator de desenvolvimento. O gasto social brasileiro já seria justificado pela sobrevivência das pessoas; mas, além disso, tem também uma função macroeconômica importante, pois ativa o mercado interno”, explicou.

Criticou ainda a polarização entre integração subalterna do Brasil do mundo ou seu isolamento mundial. Defendeu a ousadia na política externa e ao questionar a ordem global, o Brasil aumenta seu prestigio e articulação com outros países.  Encerrou enfatizando que a crise financeira internacional prestou ao Brasil pelo menos para enterrar de vez o consenso de Washington e o dogmatismo neoliberal. “O modelo que temos não é prefeito, mas abre perspectivas de justiça e desenvolvimento”, afirmou.  

Luiz Antônio Alves de Azevedo, secretário executivo da Secretaria de Relações Institucionais, alertou que a política e o Parlamento passa pelo seu mais profundo descrédito. E para superá-lo, é urgente que aconteça a reforma política, que será possível “somente com cidadania ativa e mobilização social”. Apontou também o não avanço da reforma tributária no Congresso Nacional como um obstáculo para a efetividade do Estado.