Ásia deve crescer 7,3%, mas inflação preocupa

Ásia deve crescer 7,3%, mas inflação preocupa

Relatório da ONU divulgado no Ipea alerta para risco de 42 milhões de pessoas no continente se tornarem pobres

Lançado hoje em Brasília no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o relatório anual da Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para Ásia e Pacífico (ESCAP, Bangcoc) prevê que os países emergentes devem continuar sendo os motores da economia mundial. A previsão de forte crescimento para a região – estimada pela ONU em 7,3% para 2011 – fica abaixo da taxa de 8,8% alcançada em 2010, mas confirma o ritmo de recuperação pós-crise dos países asiáticos. No entanto, a perspectiva de crescimento regional está sujeita a riscos e incertezas – a alta de preços dos combustíveis e dos alimentos, as consequências das catástrofes naturais e a volatilidade dos fluxos de capital se colocam como principais desafios.

Pela primeira vez desde 1957, a principal publicação da ONU para a região da Ásia e Pacífico também foi lançada no Brasil, o que demonstra a crescente relevância do país como ator global e seu engajamento com os países emergentes.  Este evento inédito é resultado de uma parceria do Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) em Brasília e o Ipea, contando com apoio da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal),  o Escritório do Coordenador-Residente da Organização das Nações Unidas no Brasil e o Centro Brasileiro de Relações Internacionais.

Dentre as economias que mais crescem, espera-se da China uma taxa de 9,5% em 2011. Em seguida, 8,7% para a Índia e 6,5% para a Indonésia. As economias da Índia e da Indonésia devem se beneficiar do consumo e investimento fortes, enquanto que o governo chinês deve tomar medidas para reorientar mais a economia para o consumo interno. O desastre natural do Japão em 2011 também terá grande repercussão, embora menor do que inicialmente previsto. O Relatório da ESCAP estima que um recuo de um ponto percentual no crescimento econômico do Japão pode resultar em uma diminuição de 0,1 % no crescimento da região da Ásia e Pacífico como um todo.

"A região Ásia-Pacífico emergiu da crise financeira global como o motor do crescimento e âncora da estabilidade da economia global ", disse a subsecretária-geral e secretária-executiva da ESCAP, Sra. Noeleen Heyzer. "Os países têm agora a oportunidade histórica de reequilibrar a estrutura econômica para sustentar o seu dinamismo e fazer do século XXI um verdadeiro século da Ásia e do Pacífico", acrescentou.

Inflação

Apesar do otimismo deste ano, a maioria das economias tende a sofrer com o aumento da inflação. De certa forma, a alta da inflação reflete a retomada do crescimento, mas é também causada pela recente alta dos preços dos alimentos e combustíveis. Esse fenômeno pode provocar impacto prejudicial para as populações pobres e vulneráveis. Estima-se que a bolha inflacionária possa levar 42 milhões de pessoas à pobreza em 2011, juntando-se aos 19 milhões já afetados em 2010. No pior cenário, a duplicação dos preços dos alimentos em 2011 e elevação do preços médios do petróleo para 130 dólares por barril podem forçar alguns países em desenvolvimento a retardar em até cinco anos o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM).

Com mais de 950 milhões de pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 dólares por dia na Ásia e no Pacífico, o relatório chama atenção dos governos para a necessidade de sistemas de proteção social.  No médio prazo, o relatório recomenda aos governos investirem em políticas que ampliem o consumo por meio da oferta de empregos de qualidade e a promoção da agricultura e do desenvolvimento rural.

Fonte: IPC-IG 

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