Rússia foi destaque em IDE durante a crise

Rússia foi destaque em IDE durante a crise


Comunicado do Ipea avaliou a internacionalização das empresas transnacionais russas

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou nesta quinta-feira (14) o Comunicado do Ipea n° 99 – Ameaça ou oportunidade? Desdobramentos da crise financeira global para as empresas transnacionais russas. Apresentado em Brasília pelo técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto André Pineli, o estudo mostra que a Rússia, na primeira década deste século, foi o país emergente que mais se destacou no que diz respeito ao investimento direto estrangeiro. “Entre todos os países considerados emergentes, a Rússia ficou atrás somente de Hong Kong. Mas este é um caso a ser visto com cautela, porque boa parte dos seus investimentos é feito na China Continental e, se o considerarmos como a própria China, talvez esse investimento não devesse ser considerado como direto”, explicou o pesquisador.

Pineli fez uma análise da situação enfrentada por várias das principais empresas transnacionais (ETN) russas, a partir da eclosão da crise financeira global no segundo semestre de 2008. Segundo ele, o fluxo da saída de investimento estrangeiro naquele país entre 1999 e 2002 foi relativamente baixo, com uma tímida acelerada em 2003. A partir de 2006, esses investimentos começaram a se destacar, chegando ao seu ápice em 2008, ao atingir US$ 56.091 bilhões, com uma leve queda em 2009 e retomando o crescimento em 2010.

Fazendo um comparativo com os demais países que então compunham a sigla Building Better Global Economic (BRIC) - Brasil, Índia e China, Pinelli destacou que ao se analisar os fluxos acumulados de saída de investimento entre 2000 e 2009, a Rússia fica com a primeira colocação, alcançando US$ 170,7 bi. A China registrou US$ 126, 7 bi, o Brasil US$ 70,8 bi e a Índia US$ 60,6 Bi.

Ameaça ou oportunidade?

O estudo deixa claro que após anos de políticas agressivas de expansão internacional impulsionadas pela elevação dos preços internacionais das commodities, na eclosão da crise global de 2008, algumas das maiores ETN russas estavam bastante endividadas. Muitas empresas concederam parte de seus ativos mais valiosos e, em alguns casos, até mesmo suas próprias ações como garantias em empréstimos contratados no exterior, muitos deles com vencimento em curto prazo. E grau de vulnerabilidade dessas aos efeitos da crise dependeu fundamentalmente de três grupos de fatores, relacionados aos respectivos países de origem e de atuação, ao setor e/ou próprio empreendimento. As empresas menos alavancadas ou com maior grau de liquidez, por exemplo, tiveram nesse período mais oportunidades de expansão.

No que diz respeito a intervenção do Estado, a pesquisa mostra que, ao contrário do esperado por muitos, que viam na crise uma oportunidade de estatização de ativos privatizados a preços ínfimos nos anos de 1990, não ocorreram grandes nacionalizações de empresas privadas. Entre os motivos que teriam feito o Kremlin descartar o caminho da reestatização estão “a pouca disposição dos policy makers em assumir as dívidas das firmas problemáticas e a preocupação com possíveis convulsões sociais decorrentes do fechamento de fábricas nas monocidades”.

Confira a íntegra do Comunicado do Ipea n° 99 - Ameaça ou oportunidade? Desdobramentos da crise financeira global para as empresas transnacionais russas

Assista ao lançamento do Comunicado