Painel analisou a indústria baiana e políticas de CT&I

Painel analisou a indústria baiana e políticas de CT&I

Técnicos destacaram aumento da produção baiana, mas também ressaltaram desafios, como a desigualdade regional

O diretor de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura do Ipea, Carlos Eduardo Silveira, coordenou o painel IV da Conferência do Desenvolvimento, edição Bahia, intitulado Estrutura Tecnoprodutiva Integrada e Regionalmente Articulada.

A mesa de debate nesta quarta-feira, 5, reuniu os técnicos do Instituto Lucas Vasconcelos e Luiz Ricardo Cavalcante, além do presidente do DesenBahia (Agência de Fomento do estado), Luis Petitinga, para discutir a indústria baiana e as políticas de CT&I.

Em sua apresentação, Lucas ressaltou que a Bahia é o maior estado do Nordeste em vários sentidos. Tem a maior área, maior população (14,5 milhões de habitantes em 2008, o que corresponde a 26,4% da população do Nordeste e a 7,3% da população do Brasil) e o maior PIB (R$ 121,5 bilhões em 2008), sendo o 7° estado mais rico do país.

Apontou também que o crescimento real do PIB baiano foi superior à média nacional desde 1995. Com isso, sua participação na produção brasileira tem aumentado. Mas o técnico alertou para os desafios que o estado enfrenta, como o maior número absoluto de pessoas em extrema pobreza do país: 2,4 milhões. Outro dado que preocupa é que apenas 25% da população economicamente ativa do estado estão formalmente empregados.

Lucas indicou que, no Brasil, em geral, e também na Bahia, as políticas públicas tiveram sucesso em fomentar uma sociedade de consumo de massa. “A criação de mecanismos que integrem a demanda agregada e a produção regionalmente é vital para a manutenção e aprofundamento desse processo”, defendeu.

Disparidades
O técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea Luiz Ricardo Cavalcante abordou as desigualdades regionais em ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Destacou que, apesar de as atividades de CT&I serem cada vez mais incorporadas à agenda de política industrial, elas ainda encontram-se negligenciadas na pauta do desenvolvimento regional.

Ricardo explicou que houve um lento processo de convergência da base científica ao longo da década de 2000, mas que esse processo não pode ser creditado à distribuição regional dos recursos do CNPq e da Capes, que foi proporcional à base científica instalada nas unidades da federação. No mesmo período, acentuaram-se as desigualdades regionais em esforços tecnológicos pelas empresas industriais.

Os resultados de seus estudos sobre o tema apontam que o processo de convergência da base científica ainda não tem sido capaz de motivar um processo de convergência da base tecnológica. Assim, as regiões menos desenvolvidas não somente têm uma menor base científica como contam com mecanismos de transmissão mais precários entre a ciência e a tecnologia. “Considerando a crescente relevância das políticas de CT&I em escala nacional, esse aspecto não pode ser negligenciado ao se formularem políticas de desenvolvimento regional para o Brasil”, defendeu o técnico.