Debate sobre Brasil e a crise global conclui a Code/BA

Debate sobre Brasil e a crise global conclui a Code/BA
Marcio Pochmann, presidente do Ipea, falou sobre a turbulência internacional e seus reflexos na economia brasileira

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o governo baiano encerraram no final da tarde desta quarta-feira, 5, em Salvador, a Conferencia de Desenvolvimento, edição Bahia. No último painel, o presidente do Ipea, Marcio Pochmann, falou da sua satisfação em fazer parte desse movimento de reflexão coletiva sobre o desenvolvimento do país e do potencial dos desafios que envolvem a construção do futuro do estado da Bahia. Também agradeceu todo o apoio que o Instituto recebeu do Executivo baiano e da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e por acreditarem que seria possível fazer uma conferência do mais alto nível, não medindo esforços para que isso acontecesse.

“Nós não temos as características que demarcam o desenvolvimento. Não somos um país que tem uma moeda de curso internacional. Basta lembrar que até 1994 nem acreditávamos na moeda que tínhamos. Com o Plano Real, o Brasil passou a ter uma moeda com credibilidade interna, mas a nossa moeda não é aceita fora do nosso país”, disse Marcio Pochmann ao abordar o tema Crise Internacional e os Reflexos na Economia Brasileira. Ele enfatizou que o fato de o país não possuir um sistema de defesa adequado a proteger suas riquezas, seu potencial econômico ou suas fronteiras, como a maioria dos países desenvolvidos, e, ainda, por não contar um sistema de proteção e fusão de conhecimento digno, fica vulnerável à crise que se instalou no mundo.

Para o presidente do Ipea, a solução da crise significará um mundo completamente diferente do que se tem conhecimento hoje. E o Brasil, segundo ele, pela primeira vez em sua história tem condições de participar desse momento. “No passado, o país atuou de forma muito secundária. Foi um dos que internalizaram receitas prontas, quando, por exemplo, da abolição da escravatura, da construção da República ou da incorporação de industrialização, um projeto nacional da década de 1930. Mas hoje não há receita a ser prescrita”, ressaltou, acrescentando que, atualmente, o Brasil precisa fazer sua própria receita.

A diretora Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea, Vanessa Petrelli, também contribuiu com o debate. Ela falou da complexidade do momento que o mundo atravessa e da natureza da crise do capitalismo, de difícil saída. “Mesmo que se apresente um vale mais profundo - e o Brasil também entra nesse vale -, acredita-se que o país tenha condições e instrumentos, por meio de ações públicas, de combater isso. No entanto, um dos elementos importantes que se coloca aí é que nós estamos em um ponto fundamental para o mundo econômico e que temos de pensar para aonde vai o país”, disse.

A conferência
A Code/BA teve início na manhã de terça-feira, dia 4, com a presença do governador da Bahia, Jaques Wagner, do diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, Francisco de Assis Costa, da reitora da UFBA, Dora Leal, e da secretária da Casa Civil da Bahia, Eva Chiavon. Ao longo de dois dias, foram realizados oito painéis e 34 oficinas em que foram debatidos os mais diversos temas voltados para aos sete eixos temáticos do desenvolvimento definidos pelo Instituto: inserção internacional soberana; macroeconomia para o desenvolvimento; fortalecimento do Estado, das instituições e da democracia; estrutura tecnoprodutiva integrada e regionalmente articulada; infraestrutura econômica, social e urbana; proteção social, garantia de direitos e geração de oportunidades; e sustentabilidade ambiental.

Gratuito e aberto à participação pública, o evento reuniu mais de mil pessoas, entre dirigentes e técnicos do Ipea, acadêmicos e autoridades políticas e governamentais da região e do país, além de representantes do movimentos sindical e outros movimentos sociais.

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