Estudo revela progressos e desafios no PR desde 2001

Estudo revela progressos e desafios no PR desde 2001

O estado estabilizou taxas de analfabetismo e universalizou as de saneamento e acesso a energia

Fotos: João Viana

Em Curitiba, Pochmann falou sobre temas como analfabetismo,
saneamento, insegurança e renda do trabalho


Na última década, o Paraná apresentou certa estabilidade na taxa de analfabetismo, com um leve aumento em 2006. Foi o que mostrou o estudo Situação social nos estados: o caso do Paraná, apresentado pelo presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann, nesta terça-feira, 1º de fevereiro, em Curitiba.

De acordo com o estudo, em 2001 8,7% dos paranaenses eram analfabetos, contra 7,1% dos sulistas e 12,4% dos brasileiros. Em 2009, essa situação sofreu leve alteração. Os analfabetos compunham 6,7% da população do estado, enquanto, no Sul e no Brasil eles representavam 5,5% e 9,7% das pessoas, respectivamente.

Dois aspectos bastante positivos da análise são a universalização do saneamento e o acesso a energia elétrica no campo. A cobertura de água encanada no Brasil aumentou, passando de 81,4%, em 2001, para 87,7%, em 2009. No Paraná, acessos adequados ao abastecimento de água ficaram além das médias nacional e do Sul.

Com relação à energia elétrica, o estado encontra-se em situação semelhante ao Sul, superando a média brasileira. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2009), o serviço está praticamente universalizado, inclusive na zona rural, onde o acesso atingiu 98% da população.

Aumento preocupante
“O Paraná não tem uma taxa que o coloque entre os primeiros do Brasil. Há estados com situação muito mais grave, mas o que preocupa exatamente é essa trajetória de elevação nesta primeira década do século”, disse Pochmann, no que diz respeito aos números que revelam um quadro de acirramento da insegurança do ponto de vista da taxa de homicídios entre jovens de 15 a 29 anos.

De acordo com os dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde, de 2001 a 2007 o estado apresentou um aumento de 62,2% nesse indicador, contra o crescimento de 41,8% ocorrido na região Sul como um todo. No caso do Brasil, a taxa caiu de 101,4 em 2001 para 94,3 em 2007, uma queda de 7%.

De acordo com Pochmann, de uma maneira geral, esse é um ponto delicado no Brasil, porque leva a crer que há um problema de insegurança pública. Mas quando se abrem os dados relativos ao tema, é possível ver que o que tem aumentado, na realidade, são homicídios de natureza diversa. “Na maior parte das vezes esses números refletem situações de conflito que ocorrem, por exemplo, no trânsito ou em conflitos familiares, que não necessariamente se expressam pela ausência de repressão policial”, explicou.

Vulnerabilidade à crise
Outro ponto destacado pelo presidente do Ipea tem relação com a vulnerabilidade do Paraná ante a crise internacional. Segundo ele, quando se compara as informações de 2008 e 2009, percebe-se que algumas unidades da federação apresentam maior vulnerabilidade à crise, particularmente no comportamento do mercado de trabalho. E, nesse aspecto, a exemplo de São Paulo, o estado teve um aumento mais substancial no desemprego.

“Isso possivelmente diz respeito à estrutura econômica, à relação que cada um destes estados tem com o comércio internacional e ao mesmo tempo com própria dinâmica econômica”, afirmou. Ele destacou que essas são informações que precisam estar ao alcance dos governantes, porque em um ano de agravamento da crise internacional, como é o caso de 2012, possivelmente ocorrerão impactos diferenciados no país.

Quanto à remuneração do trabalho, medida pelo rendimento médio do trabalho, o Paraná encontra-se em situação favorável à média nacional e próximo à da região Sul. O rendimento médio do trabalho foi de R$ 1.086,9 em 2001, enquanto que no Brasil essa média foi de R$ 1.039,41 e, no Sul, de R$ 1.091,2. Já em 2009, o estudo registrou R$ 1.239,5 no estado, R$ 1.116,39 no país e R$ 1.261,3 na região Sul. O aumento apresentado pelo estado foi de 14%, quando a média nacional teve um aumento de 7,4% e a regional de 15,6%.

Leia a íntegra do estudo A situação social nos estados - Paraná