Brasil dá prioridade às cooperações multilaterais

Brasil dá prioridade às cooperações multilaterais

Estudo aponta que 76% dos recursos têm como destino fundos e organizações que trabalham com decisões consensuais

De 2005 a 2009, o Brasil destinou R$ 3,216 bilhões para projetos de cooperação internacional. Desse total, 76,5% ou seja, R$ 2,46 bilhões, foram contribuições feitas a organismos multilaterais. A menor parcela, 23,5% se refere às cooperações técnicas e humanitárias de caráter bilateral. Os dados estão presentes no Comunicado 136 – Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (Cobradi): O Brasil e os Fundos Multilaterais de Desenvolvimento, apresentado hoje na sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília, nesta sexta-feira, 24.

Luciana Acioly, chefe da Assessoria Técnica da Presidência do Ipea, participou da coletiva pública de apresentação, e afirmou que o objetivo do Comunicado é antecipar pesquisas maiores sobre o tema, que estão em andamento. Ela ressaltou ainda que a porcentagem tão diferente quanto ao tipo de cooperação priorizada pelo Brasil é reflexo das diretrizes da política externa adotada pelo governo.

“O Brasil prioriza as cooperações multilaterais, pois é uma forma de exercer uma pressão mais diluída sobre o país beneficiado, com menor ou nenhuma exigência de contrapartida. Isso não acontece nas cooperações bilaterais, mas elas não deixam de ser importantes para o país”, explicou Luciana.

Segundo André Calixtre, assessor Técnico da Presidência do Ipea, que fez a apresentação dos dados, os valores que constam no estudo foram obtidos por meio do uso de questionários, enviados às instituições de cooperação multilateral que recebem contribuições do governo brasileiro. “Os dados dessas pesquisas têm sido muito úteis para a formulação de políticas públicas para as ações internacionais do governo”, disse.

Destinos

Dos R$ 2,46 bilhões destinados à cooperação multilateral, 62,2% desse valor foram destinados a organizações internacionais. O restante, enviado a fundos de desenvolvimento, se agrupam da seguinte forma: 19,2% para o Fundo de Operações Especiais do Banco Interamericano de Desenvolvimento (FOE/BID); 17,7% para a Associação Internacional para o Desenvolvimento (AID) do Grupo Banco Mundial; e 0,9% ao Fundo Africano de Desenvolvimento do Banco Africano de Desenvolvimento (FAD/BAD).

“Destinar a maior parte dos recursos para fundos de cooperação multilateral é uma escolha é acertada porque o mecanismo, do ponto de vista da cooperação em si, é melhor, tem mais eficiência e mais concessionalidade, ou seja, exige menos contrapartida”, avaliou Calixtre.

Leia a íntegra do Comunicado 136 - Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (Cobradi): O Brasil e os Fundos Multilaterais de Desenvolvimento

Veja os slides da apresentação do Comunicado do Ipea nº 136

Confira a íntegra da apresentação do Comunicado do Ipea nº 136