Radar analisa infraestrutura de transportes no país

Radar analisa infraestrutura de transportes no país

 

Décima oitava edição do boletim levanta questões sobre a infraestrutura de transportes

Foto: Sidney Murrieta 

Técnicos apresentam edição especial do boletim Radar sobre transportes

O Ipea lançou nesta quarta-feira, 14, em Brasília, a 18° edição do Boletim Radar: tecnologia, produção e comércio exterior, um especial sobre a infraestrutura de transportes no país e suas perspectivas. A coletiva pública apresentou cinco dos seis artigos da publicação.

O primeiro foi Investimentos na infraestrutura econômica: avaliação do desempenho recente, apresentado pelo coordenador de Infraestrutura Econômica da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset) do Instituto, Carlos Campos Neto. De acordo com o pesquisador, ao longo dos últimos 25 anos houve forte elevação dos investimentos públicos e privados em transportes - mais de 200% entre 2003 e 2010. Contudo, ele alertou para o fato de que é preciso considerar que, como proporção do PIB, o montante investido no setor de transportes não é significativo. Em 2010, isto representou cerca de um terço do total investido pelo governo federal no mesmo período, correspondendo a apenas 0,38% do PIB, bem inferior ao que foi investido pelas empresas estatais no mesmo período.

Carlos Campos também apresentou dados do estudo Aeroportos no Brasil: investimentos e concessões. Para o estudioso, a capacidade da Infraero em executar seu programa de investimentos permanece limitada. Segundo a análise feita, a taxa de ocupação nos vinte maiores aeroportos nacionais manteve-se elevada: a despeito da nova metodologia de cálculo da taxa de ocupação adotada pela Infraero, dezessete encontram-se em situação preocupante ou crítica.

Com relação ao Plano de Investimentos da Infraero visando à Copa de 2014, o artigo revelou que as etapas das obras previstas para os terminais de passageiros pouco evoluíram nos últimos doze meses. Assim, dos onze aeroportos que estão recebendo investimentos – em terminais de passageiros –, oito apresentam reduzidas condições de conclusão até 2014.

Outras abordagens

Abordando o tema Transporte Regional Sustentável: alavancas para redução das suas emissões de CO2, o técnico em Planejamento e Pesquisa Fabiano Pompermayer disse que, apesar de o setor de transporte não ser responsável por grande parte das emissões de gases do efeito estufa (GEE) no Brasil, é o mais representativo nas emissões a partir da geração de energia.

Para ele, as principais ações para reduzir as emissões de GEE no transporte regional focam-se no reequilíbrio da matriz de transporte de carga, reduzindo o uso do modal rodoviário para aumentar o ferroviário e o aquaviário, mais eficientes energeticamente. Estas ações têm a vantagem de serem, em geral, socioeconomicamente viáveis, ainda que sem considerar as reduções de GEE.

O técnico Jean Marlo Pepino de Paula apresentou o artigo Planejamento da Infraestrutura Brasileira: do planejado ao autorizado para os portos marítimos entre 2007 e 2011. Segundo ele, o atual Plano Nacional de Logística de Transportes (PNLT) atende às necessidades iniciais para a retomada do planejamento federal de transportes - especificamente às intervenções relacionadas à Secretaria Especial de Portos - ao consolidar as diversas intervenções físicas necessárias para os diversos modais em um único documento.

Entretanto, é desejável que seu aprimoramento e amadurecimento tragam ampliação e maior detalhamento das intervenções, contemplando todas as etapas necessárias para sua implantação (estudos, projetos, licitação e construção), e a incorporação das ações relacionadas somente na LOA. Esse aprimoramento permitiria uma melhor mensuração da quantidade de ações e dos investimentos necessários para eliminar os gargalos no setor portuário.

Por fim, apresentando Alternativas para a Infraestrutura Aeroportuária em São Paulo, Erivelton Pires Guedes evidenciou a necessidade do aumento da oferta de infraestrutura na Região Metropolitana de São Paulo em função das expectativas de crescimento da demanda. Segundo ele,esta oferta deve ser capaz de atender a cerca de 30 milhões de passageiros adicionais nos próximos seis anos, com expectativa para 80 milhões de passageiros num horizonte de dez anos. Isto, em sua análise, indica que os atuais sítios não serão capazes de atender a esta demanda.

Ele sugere que Campinas, como o grande pólo concentrador desta demanda, merece ser mais estudada em aspectos como os impactos no trânsito das rodovias, o custo (econômico, ambiental e social) deste trajeto, a possibilidade de se implantar o trem de alta velocidade (TAV) etc. Assim, destaca que é importante ampliar o debate entre estas alternativas, em especial, a de um novo aeroporto na região.

Radar

O boletim Radar: tecnologia, produção e comércio exterior é uma publicação bimestral da Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais, de Inovação, Regulação e Infraestrutura (Diset) do Ipea. O boletim traz artigos curtos, em linguagem clara e direta, sobre temas relacionados à produção, inovação tecnológica, infraestrutura, regulação econômica e ao comércio exterior.

Acesse a íntegra do 18º Boletim Radar: Tecnologia, Produção e Comércio Exterior


Veja os gráficos da apresentação do Radar nº 18