Mercado de trabalho de EUA e Europa tem leve melhora

Mercado de trabalho de EUA e Europa tem leve melhora

Estudo mostrou conjuntura americana, do norte, sul e leste europeus. Realidade do sul do continente é crítica

Mesmo exercendo influências em outros países, o momento da crise financeira internacional está restrito à Europa, principalmente aos países ao sul do continente e à Irlanda, que pertence à região Norte. “Há um quadro de permanência e estabilidade da crise, da deteriorização das contas públicas na Irlanda, Portugal, Grécia, Espanha e Itália, e aparentemente, o mercado de crédito fora do continente não sofreu os efeitos da contração observada na Zona do Euro”, afirmou André Viana, técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea, nesta quinta-feira, 21, durante a coletiva de lançamento do Comunicado do Ipea 140 – Evolução do mercado de trabalho nos Estados Unidos e Europa em decorrência da crise econômica, na sede do Instituto, em Brasília.

Em âmbito geral, a manutenção da demanda chinesa por commodities agro-minerais garante a perspectiva de preços altos e estáveis, sinal de afastamento do Brasil e outras economias emergentes do cenário turbulento. Mas, segundo Viana, os fluxos financeiros em carteira sofrerão diante de um possível agravamento da crise, pois eles buscam justamente nas economias emergentes e em desenvolvimento oportunidades de boa remuneração.

Mercado de trabalho americano

A saída da crise nos Estados Unidos se deu na virada para o segundo semestre de 2009. Em 2011 já se observa um maior crescimento, porém “calcado em bases muito desiguais”, como afirmou André Gambier, técnico que também apresentou o estudo. O nível do emprego não agrícola chegou a 132,4 milhões em janeiro de 2012, número bastante menor do que o de antes da crise, 138 milhões. Nos últimos meses de 2011 houve leve declinação na curva da taxa de desemprego aberto no país, e taxa ficou em 8,3% no inicio desde ano, ou seja, 12,8 milhões de pessoas.

A remuneração por hora trabalhada também cresceu muito pouco: apenas 1,9% nos últimos 12 meses. Da população desempregada, cerca de 42% estão procurando emprego há mais de seis meses

Situação na Europa

Gambier destacou que a região Norte da Europa tem uma realidade mais consolidada que os países do Sul e Leste. A crise internacional teve impactos importantes sobre esses países especialmente no ano de 2009, quando as taxas de expansão do PIB foram negativas nesses três grupos.

Os países do Norte registraram contração de 4,4%, percentual só superado pelos 6% dos países do Leste. Os do sul, embora tenham observado contração menos grave em 2009, demonstraram capacidade de recuperação claramente inferior nos períodos seguintes. Em 2010 e 2011, suas economias continuaram se contraindo, enquanto as dos demais grupos já voltaram a registrar expansão, ainda que em patamar abaixo do verificado antes da eclosão da crise, em 2008.

“O grande crivo da taxa de desemprego na Europa é o de gerações, não de gênero, como observamos no Brasil, por exemplo. As taxas são puxadas para patamares mais altos pelo desemprego juvenil”, alertou Gambier. Em 2010, a tava no Norte era de 7,1 pontos percentuais no total e 16,1 para os jovens. Respectivamente no Sul e no Leste essas taxam foram registradas em 13% e 31,2%; e 11,1% e 24,4%. A situação de destaque é a da Espanha. Em 2010, 41,6% das pessoas entre 15 e 24 anos estavam desempregadas.

O desemprego de longa duração é um fenômeno relevante hoje no continente europeu, alcançando até 47,7% dos desocupados. No caso dos países do Norte, a realidade pode ser reflexo não só da crise, mas também da proteção estatal assegurada à população sem emprego, em mecanismos como transferências monetárias e serviços de qualificação.

Nos países do sul, esse desemprego se configura como indicador das dificuldades adicionais a serem enfrentadas nos próximos anos, dado que países como Espanha, Portugal, Itália e Grécia iniciam atualmente um processo de desconstrução dessa proteção estatal – como parte da resposta à crise fiscal posterior a 2008.