Comunicado analisa efeitos da política monetária

Comunicado analisa efeitos da política monetária

Segundo estudo, é possível reduzir a taxa Selic sem comprometer o controle inflacionário

Nesta quinta-feira foi apresentado na sede do Ipea, em Brasília, o Comunicado 148 – Efeitos assimétricos da política monetária sobre inflação e crescimento no Brasil: diferenças conforme a fase do ciclo econômico e a direção e magnitude de choques de juros. O estudo é baseado no Texto para Discussão (TD) 1639, e faz uma investigação sobre a assimetria nos efeitos da política monetária sobre a produção industrial e a inflação. O modelo econométrico utilizado levou em consideração dados de 2003 a 2010.

Thiago Martinez, coordenador de Economia Monetária e Câmbio da Dimac/Ipea, fez a apresentação da coletiva pública, ao lado do técnico de Planejamento e Pesquisa Vinicius Cerqueira e do assessor técnico da Presidência do Instituto Murilo Pires.

Os efeitos foram analisados conforme a direção, ou seja, choques positivos ou negativos nos juros; a magnitude, choques pequenos ou grandes na taxa de juros; e conforme a fase do ciclo econômico: se no ritmo de crescimento baixo da economia (até 2,87% ao ano) ou no ritmo considerado no estudo como normal, isto é, acima de 2,87% ao ano.

Martinez explicou que não é todo aumento de juros que é considerado como choque monetário contracionista, nem toda redução é considerada um choque expansionista. Nas simulações feitas para a pesquisa, em regime normal de crescimento, se há choque contracionista, a reposta da produção é quase zero. No regime de baixo crescimento, se há choque contracionista, aumenta-se a produção, e há baixa na inflação.

Já um choque expansionista ocorrido durante um regime normal de crescimento econômico faz com que esse crescimento seja ainda maior, porém a inflação também aumenta. No cenário de baixo crescimento, um choque expansionista não gera muito efeito, pois não proporciona crescimento da economia, mas não provoca mais inflação.

Implicações para a política monetária
Em regimes de crescimento normal, a estratégia de reduzir inflação por elevação dos juros acima do esperado acarreta aumento substancial dos juros. Tentativas de acelerar o crescimento por redução dos juros além do esperado conseguem gerar maior crescimento, mas aceleram a inflação. Em baixo crescimento, como acontece agora, reduções não antecipadas, além do esperado, não têm custos inflacionários consideráveis. Ou seja, pode-se inferir que é possível utilizar a fase de baixo crescimento induzida pela atual crise internacional para reduzir o nível da taxa Selic sem comprometer o controle inflacionário.

Leia a íntegra do Comunicado 148 - Efeitos assimétricos da política monetária sobre inflação e crescimento no Brasil: diferenças conforme a fase do ciclo econômico e a direção e magnitude de choques nos juros

Leia a íntegra do Texto para Discussão 1639, “Propagação Assimétrica de Choques Monetários na Economia Brasileira: Evidências com Base em um Modelo Vetorial não Linear de Transição Suave”