Amapá discute seu futuro em momento especial

Amapá discute seu futuro em momento especial

 

Governador do estado discursou na mesa de abertura da conferência, que teve também representante da sociedade civil

Foto: Fabrício
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Murilo Pires, assessor técnico da Presidência do Ipea, discursa na abertura do evento em Macapá

O estado do Amapá realizou sua Conferência de Desenvolvimento Regional entre os dias 20 e 22 de setembro. A abertura do evento ocorreu quinta-feira, na capital, Macapá, no auditório do Museu Sacaca, que reúne árvores típicas da flora amazônica e retrata os costumes da população daquela região. A cerimônia contou com a presença do governador do Amapá, Camilo Capiberibe. Em seu discurso, ele ressaltou “a importância de ter um órgão como o Ipea, que faz pesquisas e busca entender o desenvolvimento do nosso país, numa conferência como esta”.

Capiberibe disse que discutir o desenvolvimento regional neste momento é relevante porque o Amapá passa por transformações peculiares nos últimos anos. “Temos recebido investimentos importantes, voltados para o sistema interligado nacional de energia, como a hidrelétrica de Tucuruí e outras como a Ferreira Gomes, que vai gerar energia equivalente a toda capacidade de produção que possuímos hoje no estado”, declarou.

O governador demonstrou preocupação com os possíveis impactos sociais e sobre o meio ambiente provocados por tais obras, e apontou caminhos para o progresso doAmapá. “O Brasil é a sexta economia do mundo, e como nós, do estado, nos inserimos nessa situação? Não é só exportar minério ou energia elétrica, mas aproveitar nossa riquíssima biodiversidade para gerar empregos concretos. Temos de avançar na regularização fundiária e promover investimentos em ciência e tecnologia, no desenvolvimento de cadeias produtivas”, concluiu.

Antes de Capiberibe, o assessor técnico da Presidência do Ipea Murilo de Souza Pires, representando o presidente Marcelo Neri, lembrou que a última ocasião de debate sobre o desenvolvimento do Brasil a longo prazo ocorreu na década de 1970. “Começamos a olhar as variáveis de longo prazo. Temos hoje um  modelo diferenciado, maior participação do mercado interno e do salário como elementos que dinamizam a economia do país, temos melhor distribuição de renda e redução do desemprego”, afirmou o técnico de Planejamento e Pesquisa do Ipea. Diante desse cenário, acrescentou Pires, “o Ipea uniu-se ao Ministério da Integração Nacional para pensar as questões regionais, apresentar problemas e soluções”.

Representando o ministro Fernando Bezerra, o assessor especial do Ministério da Integração Nacional José Machado afirmou que a conferência busca não apenas construir uma nova Política Nacional de Desenvolvimento Regional, mas dar legitimidade a ela. “Um dos nossos grandes desafios é que ainda não temos um pacto federativo digno desse nome. Precisamos compactar mais as esferas de governo, valorizar as instâncias regionais, legitimá-las, dar poder real de decisão”, disse Machado, que, em palestra, fez um relato das desigualdades regionais no Brasil, abordando variáveis como a concentração industrial, a pobreza extrema e a quantidade de cursos presenciais de ensino superior.

O assessor especial do ministério explicou a necessidade de avançar em relação à fase 1 da PNDR, que ocorreu entre 2003 e 2011. Segundo ele, dois pontos da política falharam. “O FNDR, fundo nacional, nunca foi aprovado pelo Congresso Nacional. A outra coisa é que não fomos capazes de consolidar a câmara de políticas de integração nacional de desenvolvimento regional, para possibilitar a coordenação das políticas setoriais no território”, declarou.

A mesa de abertura da conferência contou com uma representante da sociedade civil, Zara Guedes Ferreira. “Estão aqui, hoje, moradores de vários municípios. Viemos na esperança de que esse desenvolvimento aconteça não só na Serra do Navio ou no Oiapoque, mas em todos os municípios do estado”, afirmou. Também discursaram na solenidade Eliezir Viterbino, da Fecomércio, Carlos Henrique Schimidt, representante da Agência de Desenvolvimento do Amapá (ADAP), e Juliana Gomes Miranda, secretária-adjunta de Articulação Social da Secretaria Geral da Presidência da República.