Neri destaca a importância de políticas para a primeira infância

Neri destaca a importância de políticas para a primeira infância


Ministro-chefe interino da SAE e presidente do Ipea participou de seminário sobre o tema na Câmara dos Deputados

Fotos: Saulo Cruz/SAE
O presidente do Ipea e ministro interino da SAE ressaltou o
impacto do combate à pobreza entre as crianças 


“A primeira infância é uma área estratégica para o Brasil. Estudos nos mostraram que a taxa de pobreza é muito maior entre as crianças e que quanto mais nova a criança, maior a taxa de retorno do investimento, combinando necessidade com oportunidade”, disse o ministro-chefe interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e presidente do Ipea, Marcelo Neri, nesta terça-feira, 16 de abril, durante o Primeiro Seminário Internacional da Primeira Infância.
 

O evento, que acontece entre os dias 16 e 18 de abril, na Câmara dos Deputados, tem como objetivo discutir a construção de um marco legal que integre as políticas públicas voltadas para as gestantes e crianças de zero a seis anos.


De acordo com o ministro, nos últimos 10 anos, o Brasil apresentou resultados e avanços em termos de políticas públicas, o que refletiu diretamente na redução da pobreza. Ao citar um estudo da SAE com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostragens de Domicílios (PNAD), referentes à taxa de pobreza das crianças, baseada na renda domiciliar per capita, Marcelo Neri afirmou que a falta de recursos entre as crianças é muito mais alta do que em qualquer outro grupo etário. 


“Se queremos chegar até os mais pobres, precisamos primeiro focar nas crianças e na primeira infância. De alguma forma, estamos avançando nessa direção e, certamente, os desafios são muitos.”


Nos últimos 10 anos, segundo números do Ipea apresentados pelo ministro, o Brasil mostrou uma redução da extrema pobreza, de 5,3% para 0,8%, entre as crianças de zero a 15 anos, com a ajuda do Programa Bolsa Família.


“Isso já é o Brasil Carinhoso. Nosso país criou uma tecnologia recente para complementar a renda de todos os beneficiários do Bolsa Família que recebem até R$ 70, relativos à linha da extrema pobreza. Isso foi feito, inicialmente, com as crianças de zero a seis anos. Depois, foi estendido para as de sete a quinze anos e, recentemente, a todas as pessoas. Daí o nome do programa, que contribuiu para complementar a renda e erradicar a pobreza.”


Neri disse, ainda, que o incremento na renda das famílias tem contribuído também com a saúde das crianças. “De 2003 a 2008, houve uma melhora na saúde, percebida junto com o aumento da renda. Na última década, a mortalidade infantil caiu 55%, com maior evidência no Nordeste.”


De acordo com o ministro, a queda na taxa de mortalidade também se deu pelo fato de que as mulheres estão tendo menos filhos. “Como mostrou o estudo, os municípios do Brasil com melhores indicadores sociais têm poucos filhos por mulher, mas alta proporção de mães entre as mulheres adultas, o que funciona como capital social na sua forma mais altruísta.”


Como um próximo passo, em termos de mapeamento e levantamento estatístico para subsidiar a elaboração de políticas para a primeira infância, Neri sugeriu uma análise entre as crianças pobres que vivem sem suas mães em casa, já que elas têm maior probabilidade de não serem cadastradas para receber benefícios como o Bolsa Família e os serviços associados oferecidos pelas três esferas de governo.