Sem renda do Bolsa Família, miséria seria 36% maior

Sem renda do Bolsa Família, miséria seria 36% maior


O presidente do Ipea e ministro da SAE, Marcelo Neri, e a ministra Tereza Campello divulgaram dados inéditos sobre o programa nesta terça, dia 15

 O Programa Bolsa Família (PBF) teve um impacto crucial na redução da extrema pobreza na última década. É o que aponta o estudo Efeitos macroeconômicos do Programa Bolsa Família - uma análise comparativa das transferências sociais, divulgado nesta terça-feira, dia 15, em Brasília. De acordo com os dados apresentados, entre 2002 e 2012, a proporção de brasileiros vivendo com menos de R$ 70 (a preços de 2011, corrigidos pela inflação ao longo da série) caiu de 8,8% para 3,6%. Sem a renda do PBF, a taxa de extrema pobreza em 2012 seria 4,9%, ou seja, 36% maior que a observada com o programa.

"A grande marca do Programa Bolsa Família é o combate direto à pobreza. E é uma tecnologia em constante aprimoramento, com uma série de mudanças que tem sido feitas nos últimos anos. É o principal símbolo da busca por essa equidade em nosso país. O segundo elemento que podemos buscar é o crescimento econômico proporcionado pela prosperidade das pessoas beneficiadas", destacou Neri.

De 2001 a 2012, a renda dos 10% mais pobres do país cresceu 120,22%, enquanto, para o décimo mais rico, o ganho foi de 26,4%. O índice de pobreza caiu em 80% dos municípios do país.

Sustentabilidade
Comparado a outras transferências públicas, o PBF é o que reduz a desigualdade e a pobreza ao menor custo. Cada real adicional gasto no Bolsa Família impacta a desigualdade 369% e 86% mais que na previdência social em geral e no Benefício de Prestação Continuada (BPC), respectivamente.

O ministro também mostrou dados que atestam o caráter sustentável do programa, informando que o Bolsa Família e o BPC gastam juntos, em média, 1% do PIB brasileiro, enquanto a maioria dos países europeus gastam mais que isso. Segundo os dados apresentados por Neri, somente em 2012, o governo federal dos Estados Unidos destinou U$ 315 bilhões, cerca de 2% de seu PIB, para programas com essa finalidade. No mesmo ano, os programas do Brasil representaram um gasto de R$ 21,1 bilhões, apenas 0,46% do PIB.

Atualmente o PBF atende cerca de 13,8 milhões de famílias, o que significa que o benefício é destinado a aproximadamente 50 milhões de indivíduos – um quarto de toda população brasileira. O valor médio do auxílio passou de R$ 73,70 em outubro de 2013 para R$ 152,35 em setembro deste ano.

A consolidação dessas transferências sociais de renda como processos que possibilitam melhora e manutenção de padrões adequados de vida também é afirmada com o fato de que, em 2000, 41% dos municípios brasileiros apresentavam IDH muito baixo. Em 2010 esse patamar foi reduzido para 0,6%.

Prosperidade
O impacto sobre a demanda agregada da produção econômica e geração de emprego, levando em conta o efeito multiplicador do Bolsa Família, é 2,4 vezes maior para cada R$ 1 real investido no programa do que mecanismos como o seguro desemprego (1,34) ou a previdência social (0,65).

O estudo foi apresentado pelo presidente do Ipea e ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, em um evento que contou com a participação da ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Tereza Campello.

Na oportunidade, a ministra comentou o I Prêmio Award for Outstanding Achievement in Social Security, concedido ao Brasil nesta terça-feira, em reconhecimento ao sucesso do Bolsa Família no combate à pobreza e na promoção dos direitos sociais da população mais vulnerável.

Vídeo: Entrevista dos ministros Marcelo Neri e Tereza Campello sobre os 10 anos do PBF

Vídeo: íntegra da coletiva 'Uma década de evidências e efeitos macroeconômicos do Bolsa Família' (1h40min)

Acesse a síntese do estudo 'Efeitos macroeconômicos do Programa Bolsa Família - uma análise comparativa das transferências sociais'

Leia o estudo 'Efeitos macroeconômicos do Programa Bolsa Família - uma análise comparativa das transferências sociais'

Veja os gráficos da apresentação do presidente do Ipea, Marcelo Neri