Regiões metropolitanas reduzem disparidades

Regiões metropolitanas reduzem disparidades

Estudo do PNUD, Ipea e Fundação João Pinheiro mostra avanços nas regiões metropolitanas, mas também revela a disparidade remanescente dentro dos municípios

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a Fundação João Pinheiro e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) lançaram hoje (25/11) o Atlas do Desenvolvimento Humano nas Regiões Metropolitanas Brasileiras. Parte da série Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, ele é composto por um site (www.atlasbrasil.org.br) e por uma publicação.

Entre 2000 e 2010, as 16 Regiões Metropolitanas (RMs) pesquisadas registraram avanços no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) e em todos os outros 200 indicadores socioeconômicos levantados. Atualmente, todas as regiões metropolitanas pesquisadas se encontram na faixa de Alto Desenvolvimento Humano, com IDHM acima de 0,700. São elas: Belém, Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Distrito Federal, Fortaleza, Goiânia, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luis, São Paulo e Vitória.

Mesmo com o avanço generalizado, o ritmo de crescimento entre elas não foi o mesmo. As RMs que possuíam os menores indicadores tiveram um ritmo de crescimento mais acelerado do que as que já estavam em patamares mais altos de desenvolvimento humano, o que contribuiu para a redução do hiato entre elas.

Entre 2000 e 2010, a diferença entre a RM de IDHM mais elevado (São Paulo) e a RM de IDHM mais baixo (Manaus) caiu de 22,1% para 10,3%. Em termos de IDHM, portanto, as regiões metropolitanas estão menos desiguais em 2010 do que estavam em 2000.

Apesar da reconhecida melhora e da redução das disparidades, a desigualdade dentro dos municípios ainda é um fator marcante. Em casos extremos, na mesma região metropolitana há Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs) – áreas menores que bairros nos territórios mais populosos e heterogêneos, mas iguais a municípios inteiros quando estes têm população insuficiente para desagregações estatísticas – com renda domiciliar per capita mensal de quase R$ 7,9 mil, enquanto em outras UDHs esse valor não chega a R$ 170, uma diferença de 45 vezes entre a UDH mais abastada e a mais carente.

A esperança de vida ao nascer varia, em média, 12 anos dentro das RMs. Se consideradas todas as mais de 9 mil UDHs pesquisadas, das 16 RMs analisadas, o melhor dado corresponde a 82 anos, enquanto o mais baixo é de 67 anos. São 15 anos de diferença em termos de expectativa de vida ao nascer.

Apesar de a dimensão educação ter sido a que mais avançou, em comparação com longevidade e renda, as disparidades também se repetem aqui, como no caso da escolaridade da população adulta. Nas UDHs com melhor desempenho entre todas as 16 regiões metropolitanas, o percentual de pessoas de 18 anos ou mais de idade com ensino fundamental completo varia de 91% a 96%. Já nas UDHs com pior desempenho, a variação fica entre 21% e 37%.

As desigualdades em cada região metropolitana são, muitas vezes, mascaradas pelas médias, dando a falsa impressão de que os municípios são homogêneos. A partir da análise dos dados é possível concluir que mesmo nas regiões metropolitanas mais carentes, como Manaus e Belém, há “bolsões” com muito alto desenvolvimento humano. O mesmo vale para as RMs com maior IDHM, como São Paulo e a RIDE do Distrito Federal, por exemplo, em que há várias UDHs com baixos níveis de renda e educação.

Participaram do lançamento da publicação na sede do Ipea, em Brasília, o ministro chefe de Estado da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Marcelo Neri, o coordenador-residente do Sistema Nações Unidas no Brasil e representante-residente do PNUD no Brasil, Jorge Chediek, o presidente do Ipea, Sergei Soares, e a presidente da Fundação João Pinheiro, Marilena Chaves. O estudo foi detalhado pelos pesquisadores Marco Aurélio Costa (Ipea), Andréa Bolzon (PNUD) e Maria Luiza Marques (FJP). O presidente do Ipea falou de sua satisfação em estar lançando, no Jubileu de Ouro do Instituto, pela primeira vez, dados dessa natureza (intrametropolitanos). “É uma grande contribuição destas três instituições para o conhecimento do nosso país, que será muito útil para pesquisadores e gestores públicos”, destacou Sergei Soares.

Troca de posições entre os mais altos
A diferença no ritmo de evolução do IDHM nas regiões metropolitanas acarretou uma troca nas primeiras posições. Em comparação ao ano 2000, as Regiões Metropolitanas do Rio de Janeiro e de Porto Alegre deixaram de figurar entre as cinco com maior Índice de Desenvolvimento Humano. Com um ritmo de crescimento mais acelerado, entraram em seus lugares a RIDE do Distrito Federal a Região Metropolitana da Grande Vitória.

Em situação oposta estão as Regiões Metropolitanas de Recife, Natal, Fortaleza, Belém e, em último lugar, Manaus, que apresenta o menor IDHM entre as Regiões Metropolitanas pesquisadas.

Acesse o site do Atlas Brasil, agora atualizado com os indicadores das UDHs 

Leia a publicação Atlas do Desenvolvimento Humano das Regiões Metropolitanas Brasileiras

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