Projeto vai mapear a indústria de defesa no Brasil

Projeto vai mapear a indústria de defesa no Brasil
 

Diversos setores governamentais debateram estudo realizado pelo Ipea, Ministério da Defesa e pela ABDI

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Fonte: Saulo Cruz/SAE

A base industrial de defesa do Brasil foi o foco do workshop promovido nessa terça-feira, 25 de novembro, pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR). Tendo em vista o papel fundamental da indústria de defesa no ciclo de expansão da economia, da competitividade industrial e dos progressos em ciência, tecnologia e inovação no Brasil, representantes de diversos setores governamentais debateram um estudo que vem sendo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em conjunto com o Ministério da Defesa e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), para mapear a base industrial de defesa brasileira.

O trabalho, apresentado pela presidente substituta da ABDI, Maria Luisa Campos Machado Leal, pretende fornecer uma visão sistêmica da competitividade e das capacidades produtiva, tecnológica e de inovação das empresas brasileiras que fazem parte da base industrial de defesa, por meio do levantamento de informações das dimensões econômicas e também dos esforços de inovação.

Com isso, o projeto deverá oferecer os subsídios necessários para colocar o fortalecimento e o desenvolvimento da indústria nacional de defesa no centro da agenda de governo para a formulação de políticas públicas, afirmou a diretora adjunta da Diset/Ipea (Diretoria de Estudos e Políticas Setoriais de Inovação, Regulação e Infraestrutura), Flávia Schimidt. “O Ipea tem o interesse de compreender mais detalhadamente o processo de desenvolvimento industrial e tecnológico no segmento da defesa. Dessa forma será possível avaliar as capacidades tecnológicas e as condições de competitividade das empresas”, disse. De acordo com ela, o mapeamento irá fornecer os elementos para a construção de políticas voltadas para o setor.

Seguindo essa mesma linha, a SAE realizou o workshop visando contribuir com o intercâmbio de informações e o fornecimento de aporte técnico necessário para o avanço do projeto, destacou o assessor de defesa da SAE, brigadeiro Carminati. “A aproximação da SAE com o Ipea, a ABDI e o Ministério da Defesa é muito importante para que a gente possa contribuir com a formulação de políticas públicas para esse setor tão estratégico para o país. Vamos acompanhar o mapeamento deste projeto para nivelar o conhecimento gerado pela SAE nesse segmento e para que o Brasil tenha as condições necessárias para se posicionar sobre esse tema”, destacou.

O assessor da SAE Giovanni Okado destacou o trabalho que a secretaria vem realizando sobre a indústria de defesa no Brasil. Em 2011, a SAE constituiu um grupo de trabalho interno também com o intuito de estudar e desenvolver um diagnóstico para o setor. Ao final desse estudo, foram identificadas várias recomendações e linhas de ação que poderão contribuir para o fortalecimento da base industrial no país e, consequentemente, do setor produtivo.

De acordo com Okado, o último levantamento divulgado em 2014 pelo Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), organização sueca que realiza pesquisas científicas em questões de segurança internacional, mostrou que Estados Unidos, Alemanha, França e Reino Unido dominam o ranking dos países que detêm as 100 maiores indústrias de defesa do mundo.

Em comparação com os BRICS, grupo de países em desenvolvimento que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, a análise apresentou um ranking em que a Rússia aparece com sete empresas, a Índia com três empresas e o Brasil com apenas uma empresa.

“Levando em consideração o contexto internacional e a posição do Brasil nesse ranking, podemos afirmar que precisamos melhorar. Somos a sétima maior economia do mundo e temos possibilidades para pensar melhor a nossa atuação nessa área”, argumentou Okado.

Elevar a indústria de defesa a um patamar de destaque no modelo de desenvolvimento do país requer a superação de alguns desafios, ponderou o assessor do Ministério da Defesa brigadeiro Euclides ao abordar o tema sob uma perspectiva de negócio dentro do mercado econômico. “A indústria de defesa enfrenta hoje três fatores desafiadores: o orçamentário, investimentos em pesquisa e inovação, e, por último, incentivos à exportação e aos mecanismos de transferência de tecnologia por meio de acordos offset”, afirmou.

Em busca de uma maior participação do Brasil nesse mercado, tanto em termos de competitividade industrial como de retomada da autonomia e da participação da indústria nacional nos programas de desenvolvimento de tecnologia, os especialistas da SAE acreditam que o Brasil deve buscar autossuficiência no ciclo industrial para ter condições de suprir as próprias necessidades em termos de defesa.

Para Alessandro Candeas, chefe de gabinete da SAE, a importância desse tema vai muito além de uma questão de soberania e de dissuasão. “Estamos falando de competitividade industrial, de ciência, tecnologia e inovação, de comércio exterior, cadeias de produção e uso civil. Nesse sentido, é fundamental que a indústria brasileira possa não só criar produtos de defesa, mas também fazer com que ela tenha uso civil, ampliando o mercado potencial”, afirmou Candeas ao encerrar o workshop.

Fonte: SAE