Conselheiros discutiram agenda para o Brasil e o Ipea

Conselheiros discutiram agenda para o Brasil e o Ipea

Sexta reunião do Conselho de Orientação do Instituto ocorreu nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, o presidente do Ipea, Jessé Souza, o chefe de gabinete, José Eduardo Elias Romão, diretores e diretores-adjuntos reuniram-se na manhã desta quarta-feira, 23, com integrantes do Conselho de Orientação do Instituto. A conversa com os economistas João Paulo dos Reis Velloso (fundador do Ipea e ex-ministro do Planejamento), Carlos Lessa (ex-presidente do BNDES) e Walter Barelli (ex-deputado federal) teve como linha condutora a situação social e econômica do país e possíveis contribuições do Ipea neste momento de debates sobre a agenda pós-crise.

Jessé Souza falou sobre três diretrizes estratégicas de sua gestão: o projeto Ipea Mais 50 – uma autorreflexão institucional para os próximos 50 anos –, o projeto Agenda Estratégica para o Brasil, que insere o Instituto no debate sobre caminhos para o desenvolvimento nacional, e o projeto Radiografia do Brasil Contemporâneo, uma pesquisa inovadora que traçará o perfil das classes sociais e das instituições brasileiras.

"De um lado, o Brasil sempre foi superficialmente compreendido. Como se comportam seus agentes, os brasileiros, como agem, são questões que foram interpretadas somente a partir da renda, mas devem ser analisadas por outros aspectos", afirmou o presidente do Ipea. Ele disse que o Instituto fechou recentemente parcerias com o Ministério da Educação e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para estudar as classes sociais brasileiras e estratégias educacionais para o país.

Carlos Lessa lamentou o fato de as universidades brasileiras terem deixado de colocar em pauta temas centrais. "Acho que a espinha dorsal da discussão tem de ser a república e o papel da educação", disse. "A educação não rende dividendos imediatos, mas nenhuma sociedade sobrevive se não estiver preocupada em produzir uma geração melhor que a que está com os cabelos brancos". Segundo Lessa, o conceito de "nação" não é mais visitado pelas elites no Brasil. "Acho que se uma instituição com o peso, a seriedade e a presença do Ipea propuser como pauta voltar a discutir a nação, a educação, a identidade, ela produz uma revolução de conhecimento neste país", concluiu.

Em seguida, Reis Velloso chamou a atenção para que o Ipea não somente pense o país, mas que tenha uma visão estratégica sobre o Brasil. "Apresentei uma proposta de que o Brasil deveria ter um plano estratégico de desenvolvimento, o qual chamei de Plano Nacional de Desenvolvimento, para superar a crise e atingir em três ou quatro anos o alto crescimento – taxas de 5%, 6% ao ano, para acabar com os 'voos de galinha' que vínhamos tendo. E agora é voo para trás, é recessão", declarou. O ex-ministro reiterou que o problema brasileiro nas últimas duas décadas foi só ter conseguido fazer "voos de galinha", tendo perdido a visão estratégica.

Por fim, o economista Walter Barelli afirmou que não considera ser papel do Ipea entrar na discussão da política que se faz hoje, mas analisar suas razões. "Tivemos dois movimentos de ajuste neste ano que não farão ajuste nenhum. Vamos falar dos planos de desenvolvimento e falar que essas propostas que estão surgindo são inconsistentes", disse. "Precisamos de um Ipea profundo no plano estratégico para o Brasil, o que requer também pensar no jovem brasileiro. Estamos caminhando para trás em muitas coisas, pensando, por exemplo, o jovem como responsável pela maior parte da violência no Brasil. Mas sabemos que não é assim."

Na última segunda-feira , a violência e a proposta de redução da maioridade penal foram justamente o tema de um seminário na representação do Ipea no Rio. Após a exposição dos conselheiros, os diretores e diretores-adjuntos puderam falar sobre seus planos de trabalho e as pesquisas já em andamento.