Em entrevista, Jessé Souza fala de projetos do Ipea

Em entrevista, Jessé Souza fala de projetos do Ipea

Presidente do Ipea abordou a "Radiografia do Brasil Contemporâneo" e a "Agenda Estratégica" em conversa com o jornal El País

O presidente do Ipea, Jessé Souza, explicou ao jornal El País, em entrevista publicada neste domingo, 22, alguns dos projetos que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada vem desenvolvendo. "Temos uma agenda estratégica, que é uma tentativa do Ipea de fornecer elementos ao Governo para guiar e orientar a estratégia pós-ajuste fiscal. Queremos montar uma inteligência que possa dizer em tempo real o que está acontecendo em cada grande projeto e como ele pode ser corrigido ainda na feitura. Estamos montando convênios e cooperações para analisar os programas profissionalizantes, como o Pronatec, estudar a política de apoio à entrada nas universidades públicas e contribuir com o Plano Nacional de Educação", afirmou. Sobre o projeto Radiografia do Brasil Contemporâneo, ele detalhou a proposta de conhecer em detalhes as classes sociais, indo além da renda dos brasileiros.

Jessé também foi o entrevistado de quinta-feira, 19 de novembro, do programa Diálogos com Mario Sergio Conti, no canal GloboNews. Ele afirmou que o Brasil vive um novo momento de inflexão, uma "esquina", como ocorreu no golpe de 1964. Naquela ocasião, segundo Jessé, decidiu-se governar para apenas 20% da população. Agora, temos a chance de manter a ascensão social de parcelas da população tradicionalmente esquecidas. "Não montamos uma nova classe média, mas foi possível operar uma ascensão significativa, uma inclusão desses excluídos no mercado econômico competitivo, na vida cultural, no consumo", disse. "Ou, então, o Brasil volta a ser uma sociedade dos 20% e a gente perde o que foi conquistado. Mas é uma herança pela qual eu acho muito razoável lutarmos."

Na segunda-feira, 16, em entrevista para o programa Brasilianas.org, apresentado pelo jornalista Luis Nassif no canal TV Brasil, o presidente do Ipea criticou concepções equivocadas sobre o povo brasileiro que foram disseminadas e replicadas por sociólogos como Sérgio Buarque de Holanda, Raymundo Faoro e Fernando Henrique Cardoso. E também falou sobre a situação atual do país, argumentando que “houve uma modernização do golpe de Estado”, tornado jurídico, e que a elite brasileira quer mandar sem ter voto. Jessé tratou de temas que estão em seu novo livro, A Tolice da Inteligência Brasileira, que será lançado neste mês.

Em outra entrevista, para a revista Carta Capital nº 876, Jessé afirmou que, embora não se veja dessa forma, a classe média brasileira é privilegiada por possuir “uma herança invisível, como estímulos emocionais e a capacidade de concentração, algo que os pobres não têm”. No jornal O Globo de domingo, dia 15, Jessé Souza criticou a ideia de que o brasileiro é definido por desonestidade e corrupção, enquanto outras sociedades são vistas como perfeitas. E mencionou também a falsa dicotomia do mercado “como o reino de todas as virtudes” e o Estado como o oposto disso, ineficiente. “Quase nunca no Brasil o Estado foi posto a serviço da maioria. Eu me lembro de dois momentos históricos, no governo de Getulio Vargas e no período Lula-Dilma, quando os recursos foram usados também para promover a ascensão das classes populares”, declarou.