Brasil investiu R$ 343 milhões em cooperação tecnológica

Brasil investiu R$ 343 milhões em cooperação científica e tecnológica internacional

A informação é do relatório da Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (Cobradi) para o período 2011-2013, apresentado nesta terça, dia 29

Um relatório do Ipea apresentado nesta terça-feira, dia 29, em Brasília, destacou a cooperação científica e tecnológica, bem como a ajuda humanitária, como as áreas de maior investimento da Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional (Cobradi). Entre 2011 a 2013, os gastos do governo federal em cooperação científica e tecnológica totalizaram R$ 343 milhões, correspondentes ao custeio do trabalho de pesquisadores, à utilização de equipamentos de ponta e à manutenção de laboratórios no exterior.

No que se refere às contribuições feitas aos organismos internacionais, comparando-se os dados do Relatório 2011-2013 com os registros divulgados nos dois últimos balanços (2005-2009 e 2010), elas representam mais da metade dos gastos de governo federal, afirmando a prioridade dada à atuação da cooperação internacional brasileira pelos organismos internacionais multilaterais. No período de 2011 a 2013, foram gastos R$ 2,8 bilhões nesse tipo de cooperação, valor um pouco menor que no triênio anterior, de 2008 a 2010, quando foram investidos R$ 2,9 bilhões.

Levando-se em conta os gastos do governo brasileiro, como um todo, com a cooperação internacional, prevalece maior dispêndio com organismos internacionais. Porém, ao se considerar as atividades da cooperação propriamente dita, os gastos com ciência e tecnologia e cooperação humanitária destacam-se, com uma participação de 13% (cada uma delas) do total geral.

De acordo com editor do relatório Cobradi, o pesquisador do Ipea João Brígido Bezerra Lima, o país inova a cada edição do relatório e tem acumulado experiência sem precedentes na América Latina e no Hemisfério Sul. “Fica evidente a aproximação e participação do Brasil nos esforços internacionais de revisão conceitual da assistência oficial para o desenvolvimento conduzidos pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pelas Nações Unidas. E, na qualidade de representante do Sul, o país tem chamado a atenção de estudiosos do mundo todo, ávidos, justamente, por releituras e novos sentidos para a cooperação internacional”, destacou o técnico do Ipea.

O lançamento
“Este é um relatório muito importante, como elemento de informação, com dados fundamentais para a compreensão da cooperação técnica prestada e recebida pelo Brasil e como componente de reflexão sobre esta área que é instrumental e essencial para a afirmação do interesse nacional e para a política externa brasileira”, observou o diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, embaixador Sérgio Florêncio, na abertura do evento de apresentação do relatório. Ele agradeceu a parceria da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e do Itamaraty com o Ipea, destacando que o relatório deve contribuir para que mais instituições brasileiras se engajem nesse processo de cooperação técnica, atualmente realizado em 159 países.

Segundo o diretor da ABC, embaixador João Almino, o Brasil é um dos poucos países em desenvolvimento que têm um relatório abrangente sobre sua cooperação para o desenvolvimento. “Atualmente, é um trabalho realizado sob a liderança do Ipea, em estreita coordenação conosco, mas sempre com a colaboração de todas as entidades executoras da cooperação”, lembrou. Para o embaixador, o desafio daqui pra frente é aperfeiçoar o relatório cada vez mais e torná-lo mais abrangente: “De fato, ainda há outros setores, não necessariamente do governo federal, mas, por exemplo, nos estados, que também realizam cooperação e anda não estão incluídos no relatório”. Ele finalizou dizendo que a ideia é fazer com que o balanço seja realizado em períodos mais curtos, preferencialmente uma vez por ano.

A cooperação internacional é parte integrante das relações internacionais, com efeitos sobre o cotidiano das pessoas (telecomunicações, aviação civil, transporte, serviços postais, comércio, defesa e segurança, meio ambiente, direitos humanos, saúde, educação, justiça, entre outros temas). No Brasil, são 95 as organizações que atuam em cinco modalidades básicas: cooperação técnica, cooperação científica e tecnológica, concessão de bolsas (cooperação educacional), proteção e apoio a refugiados e participação em manutenção da paz.

O relatório Cobradi representa um esforço, sem antecedentes, que busca saber o que está sendo feito nesta área e, principalmente, as perspectivas de cooperação para o desenvolvimento. Ele possibilita ao governo brasileiro formar uma visão da sua atuação internacional. “É uma tomada de consciência não apenas dos gastos com seus funcionários no atendimento de demandas internacionais, mas da nossa atuação junto a países com problemas para se desenvolverem”, apontou Brígido.

Acesse o livro Cooperação Brasileira para o Desenvolvimento Internacional: 2011-2013