Estudo mostra a importância da participação brasileira na Antártica

Estudo mostra a importância da participação brasileira na Antártica


Brasil faz parte de um grupo de 29 países que decidem sobre o continente, que corresponde a 10% do planeta

Formulação de medicamentos, desenvolvimento de novos pesticidas e herbicidas, fabricação de produtos como protetores solares. Esses são alguns dos avanços científicos que as pesquisas realizadas na Antártica já proporcionaram. O continente, cuja área é a mais inóspita do planeta e considerada entorno estratégico do Brasil pela Política Nacional de Defesa desde 2012, foi tema de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que analisou mais especificamente o Programa Antártico Brasileiro (Proantar). A publicação O Brasil na Antártica: a importância científica e geopolítica do Proantar no entorno estratégico brasileiro foi coordenada pelo técnico de planejamento e pesquisa do Ipea Israel Oliveira Andrade.

Em um levantamento inédito, o estudo mostra que o Brasil investiu quase meio bilhão de reais na Antártica em 10 anos – 2008 a 2017. Os recursos foram aplicados no Proantar, executado em parceria com diversos países e por várias instituições brasileiras, como Ministério da Defesa, por intermédio das Forças Armadas, e Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

No entanto, os dados mostram que a distribuição dos recursos não foi uniforme durante os anos. “Detectamos uma instabilidade nos investimentos, o que compromete o planejamento das ações a serem desenvolvidas no continente”, pontua Andrade. O principal investimento realizado foi a reconstrução da estação brasileira Comandante Ferraz (EACF), destruída por um incêndio em 2012. Entre aquele ano e 2017, cerca de R$ 249 milhões foram aplicados na obra. Mais R$ 100 milhões devem ser investidos nos próximos anos, num projeto que praticamente dobra o tamanho das instalações.

A Antártica concentra as maiores reservas de água doce, de gás natural e de petróleo do mundo. Desde 1975, o Brasil participa do Tratado da Antártica. Atualmente, 53 países fazem parte do acordo – sendo 29 membros consultivos, com voz e voto, entre os quais o Brasil está incluído. “Se nossas pesquisas pararem, nós perderemos esse assento. Estamos falando da possibilidade de decidir sobre 10% do mundo”, explica Paulo Câmara, pesquisador da Universidade de Brasília e especialista no tema.

Os pesquisadores são enfáticos ao considerar fundamental a garantia de recursos que subsidiem as pesquisas no continente gelado. Isso porque as atividades do país na Antártica são importantes não somente para os interesses geopolíticos do Brasil, mas também para os avanços científicos nacionais.