Estudo do Ipea traça um perfil do trabalho doméstico no Brasil

Estudo do Ipea traça um perfil do trabalho doméstico no Brasil


As desigualdades são maiores para as mulheres negras. Número de trabalhadoras que se dedicam a essa atividade caiu de 1995 para 2018

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nesta segunda-feira, dia 23, um retrato sociodemográfico do trabalho doméstico no Brasil, que mostra redução na proporção de mulheres ocupadas que se dedicam a esse tipo de atividade: de 17%, em 1995, para 14,6%, em 2018, em média. O índice sobe para 18,6% entre mulheres negras, contra 10% quando se trata de mulheres brancas.

A informalidade cresceu no período recente, assim como a quantidade de diaristas. Em 2013, mais de 30% das trabalhadoras tinham carteira assinada, mas esse número sofreu novas quedas nos últimos anos, chegando a 28,3% em 2018.  Os dados estão no estudo Os Desafios do Passado no Trabalho Doméstico do Século XXI: Reflexões para o Caso Brasileiro a Partir dos Dados da PNAD Contínua. 

A pesquisa conclui que o trabalho doméstico remunerado ainda é caracterizado por uma atividade precária, com baixos rendimentos, baixa proteção social, discriminação e até assédio. Mais de 6 milhões de brasileiros dedicam-se a esses serviços como mensalistas, diaristas, babás, cuidadoras, motoristas, jardineiros ou quaisquer outros profissionais contratados para cuidar dos domicílios e da família de seus empregadores. Desse total, 92% são mulheres – em sua maioria negras, de baixa escolaridade e oriundas de famílias de baixa renda. 

Mas a parcela de mulheres ocupadas que optam pela profissão de doméstica caiu nos últimos 23 anos, graças ao envelhecimento das profissionais e também à ampliação do acesso à escolaridade – fruto das políticas educacionais que expandiram o acesso ao ensino básico e à educação superior. A crise econômica brasileira fez com que muitas famílias dispensassem o serviço, ou contratassem diaristas em vez de uma profissional com carteira assinada – em 2018, as diaristas já respondiam por 44% da categoria (o equivalente a 2,5 milhões de mulheres).

Chama a atenção a redução no contingente de trabalhadoras domésticas jovens, com idade até 29 anos: de 46,9%, em 1995, para 13%, em 2018. Já o percentual de domésticas adultas (entre 30 e 59 anos) passou de 50% para quase 80% no mesmo período. O número de idosas na profissão cresceu de 3%, em 1995, para 7%, em 2018.

O estudo mostra uma tendência de aumento na remuneração das trabalhadoras domésticas, em virtude da política de valorização do salário mínimo: de R$ 525, em 1995, para R$ 877, em 2018, segundo valores reais deflacionados pelo INPC médio de 2018.

Acesse a íntegra do estudo

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