País registra maior retenção de trabalhadores no mercado formal

País registra maior retenção de trabalhadores no mercado formal


Desde 2015, taxa de ampliação dos trabalhadores de aplicativos cresceu quase cinco vezes mais que a dos outros ocupados por conta própria

O trabalhador brasileiro que conquista uma vaga de emprego formal tem conseguido permanecer mais tempo ocupado com carteira assinada. É o que mostra a seção de Mercado de Trabalho da Carta de Conjuntura, divulgada nesta quinta-feira, 12, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O estudo aponta que 90,1% dos ocupados no quarto trimestre de 2019 já estavam nessa mesma situação – ou seja, com emprego formal – no trimestre anterior. É o melhor resultado dessa série histórica iniciada no primeiro trimestre de 2012, superando, inclusive, os períodos de maior dinamismo no mercado de trabalho brasileiro.

Esse desempenho se deve não apenas ao aumento da geração de postos de trabalho, mas também ao recuo de demissões. O fluxo de trabalhadores migrantes da informalidade para a formalidade, que havia caído de 17% para 13,1% entre 2014 e 2018, voltou a subir, atingindo 13,7% em 2019. Essa maior retenção de trabalhares no mercado formal vem ocorrendo em todas as faixas etárias. Após desacelerar de 15,4% para 8,7% entre 2014 e 2018, a parcela de trabalhadores que transitou da desocupação para o mercado formal no último trimestre de 2019 foi de 8,8%.

Ao analisar em conjunto os segmentos formal e informal (emprego sem carteira ou por conta própria), a pesquisa do Ipea revela que a proporção de ocupados que já se encontravam nessa mesma situação no trimestre imediatamente anterior foi de 86,1%, maior patamar desde 2014. Ou seja, o aumento na retenção de ocupados vem sendo mais expressivo no mercado formal.

Um dos segmentos dos trabalhadores por conta própria que mais cresce é o de aplicativos de transporte de passageiros e entrega de produtos. Antes do aumento do desemprego, entre o 1º trimestre de 2012 e o último de 2014, as taxas médias de crescimento eram menores para os trabalhadores de aplicativos (0,6% ao ano) que para o restante do universo de conta-próprias (1,9% ao ano). Entre o 1º trimestre de 2015 e o 4º trimestre de 2019, contudo, o movimento se inverteu, com o trabalho em aplicativos registrando taxas de ampliação bem maiores (9,7% a.a.) que as dos demais conta-próprias (2% a.a.).

O total de trabalhadores de aplicativos de transporte e entrega de produtos passou de 1,253 milhão em janeiro de 2015 para 1,988 milhão em abril de 2019, um crescimento de cerca de 700 mil postos de trabalho em quatro anos. Graças a esse segmento, o número total do universo de trabalhadores por conta própria atingiu o montante de mais de 24,5 milhões de pessoas.

Com relação à taxa de desocupação, o recuo mais forte no quarto trimestre de 2019 ocorreu entre os mais jovens e observou-se um aumento entre os mais idosos. No segmento de 18 a 24 anos, 53,8% dos desocupados no primeiro trimestre de 2017 já estavam nessa mesma condição no período imediatamente anterior. Essa proporção caiu para 49,2% no último trimestre de 2019. Entre os maiores de 60 anos, 34,4% dos desempregados no terceiro trimestre do ano passado mantiveram-se nessa mesma situação de outubro a dezembro.

Acesse a seção de Mercado de Trabalho da Carta de Conjuntura