Pesquisa analisa desafios para o avanço da medicina de precisão no país

Pesquisa analisa desafios para o avanço da medicina de precisão no país


Estudo aponta que limites regulatórios e econômicos ainda representam os principais entraves para o avanço e uso da nova tecnologia no setor de saúde do Brasil

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou nessa terça-feira (5) estudo que analisa os desafios regulatórios e econômicos para a implantação da medicina de precisão no setor de saúde brasileiro. Essa nova abordagem no tratamento médico permite o uso de tecnologias como o mapeamento genético, terapias celulares e biossensores na prevenção de doenças, além de diagnósticos médicos antecipados com maior chance de cura.

A pesquisa aponta que a barreira regulatória – especialmente sobre a utilização de dados pessoais para pesquisas médicas – ainda compromete o uso da nova abordagem médica no Brasil. Questões como o debate sobre a utilização de prontuários eletrônicos em pesquisas – que, segundo o Ministério da Saúde, já alcançam 60 milhões de pacientes –, esbarram na legislação de privacidade brasileira. A lei atual protege as informações pessoais de pacientes e impede qualquer coleta e análise dessas informações para fins de pesquisa clínica e médica.

De acordo o estudo, em contraste com o cenário brasileiro, 60 mil testes genéticos para a medicina de precisão já são realizados por mais de 500 laboratórios em diferentes países atualmente. Eles adotam procedimentos de anominação em amostras de pacientes, respeitando os limites de privacidade, mas dispondo de regulamentação para a pesquisa médica com esses dados.

Na avaliação da pesquisadora do Ipea Fernanda De Negri, uma das autoras do texto, apesar de a medicina de precisão ainda enfrentar entraves pelos custos elevados em pesquisa, ela oferece um amplo leque de possibilidades. “A medicina de precisão abre uma janela de oportunidades para a implementação de novas políticas públicas no país, com a possibilidade, por exemplo, de mapear grupos populacionais mais suscetíveis a determinadas doenças. Isso pode não só contribuir com ações preventivas, mas reduzir custos no sistema de saúde brasileiro”, argumenta.

Segundo o estudo, o mapeamento de grupos populacionais mais suscetíveis a doenças oncológicas poderia tornar mais eficientes medidas de prevenção capazes de diminuir os custos de tratamentos contra câncer no Sistema Único de Saúde (SUS). As autoras destacam que os gastos oncológicos têm crescido bastante recentemente, chegando a mais de R$ 3,5 bilhões ao ano em 2015, cerca de 60% do total dispendido com procedimentos clínicos hospitalares do SUS.

Do ponto de vista científico, a pesquisa aponta que o Brasil também tem potencial para produzir conhecimento em medicina de precisão. Pesquisadores brasileiros participam em 3,4% das publicações mundiais em genética, uma das áreas fundamentais para a medicina de precisão. Além disso, o estudo lista mais de 40 mil artigos no mundo sobre o tema, sendo 368 realizados por pesquisadores brasileiros.

Leia aqui a íntegra do estudo

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