Relatório avalia impactos do fechamento da fronteira do Brasil com a Venezuela

Estudo desenvolvido pelo Ipea revela os efeitos em vários setores e principalmente no fluxo migratório em Roraima

Os impactos econômicos do fechamento da fronteira do Brasil com a Venezuela em dois momentos distintos – em 2016 e 2017 –, com foco no cotidiano dos cidadãos fronteiriços, em especial os moradores de Pacaraima e Boa Vista (Roraima), foram identificados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e estão reunidos em um relatório divulgado nesta segunda-feira (11). As duas cidades ficam mais próximas do país vizinho e têm intenso fluxo migratório, que foi afetado pela decisão do governo venezuelano, com reflexos principalmente nos setores de saúde, segurança, trabalho, mobilidade, comércio e energia.

O documento, que mostra os efeitos antes e depois do fechamento da fronteira, faz parte do projeto “A Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e a Faixa de Fronteira”. Por meio de pesquisas feitas in loco, o Ipea constatou que os serviços de saúde foram os mais impactados, seguindo-se segurança e trabalho. O relatório alerta para a necessidade de mais recursos humanos nos serviços de saúde – visando à ampliação do atendimento à população fronteiriça local e ao apoio a pacientes venezuelanos em situação de refugiados ou aguardando regularizar a permanência no Brasil. A saúde primária e a quantidade de leitos hospitalares são outros pontos demandam melhoria.

Também houve um novo direcionamento no comércio da região. O fechamento da fronteira afetou lojas e serviços em Santa Elena do Uairén, na Venezuela, onde muitos brasileiros iam fazer compras e passar férias. Boa Vista viu crescer seu comércio de alimentos – novos supermercados, padarias, mercearias – diante do aumento da demanda por parte dos imigrantes que buscam refúgio no Brasil. Também a cidade de Lethem, na Guiana, foi muito beneficiada. Muitos brasileiros, boa-vistenses e manauaras, têm se deslocado até lá, onde compram produtos importados que são negociados por chineses, donos de grandes lojas atacadistas nessa cidade guianesa.

A pesquisa do Ipea constatou que jovens entre 16 e 30 anos – principalmente em Boa Vista, onde o aumento do número de imigrantes é visto como uma ameaça – demandam mais fiscalização dos espaços fronteiriços, melhoria dos serviços públicos e abertura de postos de trabalho. Adultos de 31 a 80 anos também pedem mais fiscalização, pois consideram que o controle e o fechamento da fronteira não estão sendo eficientes por parte do Estado, em especial quanto à investigação de imigrantes com antecedentes criminais. Somam-se dificuldades de acesso a moradia, educação e trabalho.

Os imigrantes indígenas são o grupo mais vulnerável desse fluxo migratório, pois estão em situação de violência e discriminação. Trata-se, conforme o relatório do Ipea, de uma migração pouco conhecida porque esse grupo se dirige diretamente às comunidades indígenas e tem se deslocado para outros estados amazônicos, principalmente o Pará. O documento aborda o marco legal da recepção dos imigrantes que estão em refúgio no Cone Sul, a legislação brasileira e o que foi feito para lidar com a situação devido ao fechamento da fronteira.

Acesse o relatório na íntegra

Assessoria de Imprensa e Comunicação
61 99427-4553
61 2026-5136 / 5240 / 5191
Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.